O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) confirmou, este sábado, a morte de William Alberto Álvarez Domínguez, funcionário da Provedoria de Justiça (Defensoria do Povo) no departamento de Córdoba.
Álvarez foi morto quando prestava assistência a uma família de camponeses que procurava escapar das intimidações do grupo paramilitar Autodefensas Gaitanistas de Colombia (AGC).
Sobre o caso, a Fundación Cordoberxia de direitos humanos disse que o funcionário público estava a «levar a cabo actividades de carácter humanitário» quando foi agredido com «um punhal de design militar de carácter táctico».
Apesar de socorrido com urgência e levado para um hospital em Puerto Libertador, Álvarez Domínguez, que era advogado e pertencia ao SINDHEP – Sindicato de Defensoras y Defensores de Derechos Humanos de la Defensoría del Pueblo de Colombia, não resistiu.
A «democracia colombiana» foi distinguida com o World Peace and Liberty Award 2021, da Associação Mundial de Juristas. Iván Duque recebeu o prémio, em Barranquilla, das mãos do rei espanhol. No texto associado à distinção, afirma-se que «a Colômbia [é] um exemplo do êxito da democracia não apenas na América Latina, mas também entre todas as nações do mundo». O texto refere ainda que a Colômbia tem «um dos períodos mais longos de governos civis eleitos de maneira democrática na América Latina e uma sociedade civil que honra os direitos da liberdade de expressão», noticia o portal forbes.co. Quatro representantes indígenas e uma sindicalista foram mortos esta segunda-feira no país sul-americano, elevando para 124 os dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos assassinados este ano. O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) informou que homens armados mataram a tiro a professora e sindicalista María Nancy Ramírez, em Santa Rosa de Osos, no departamento de Antioquia. Por seu lado, Jose Luis Pai e Jovanny Javier García eram indígenas do povo Awá e desempenhavam funções nas reservas Awá Quejuambi Feliciana e Hojal la Turbia, respectivamente (em Tumaco, no departamento de Nariño). Desapareceram ambos no domingo e, no dia seguinte, os seus corpos sem vida foram encontrados com sinais evidentes de violência. Dilio Bailarín era membro da reserva indígena Alto Guayabalito, do povo Embera Eyábida, localizada no município de Carmen del Darién (departamento de Chocó), onde foi morto na segunda-feira à tarde. O Indepaz informou ainda que David Aricapa Viscue, membro da reserva de López Adentro, pertencente ao povo Nasa e localizada entre os municípios de Caloto e Corinto (departamento do Cauca), foi morto a tiro por um grupo de homens no município de Caloto. Com os cinco assassinatos documentados esta segunda-feira, o organismo contabiliza 124 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos mortos no país andino-amazónico em 2021 e 1239 desde a assinatura do acordo de paz entre as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) e o governo colombiano, em Novembro de 2016. «Estes cinco assasinatos num só dia mostram que a violência contra quem defende o território, as liberdades e um país melhor para todos continuam a aumentar, perante a atitude imóvel do governo nacional», denuncia o portal agenciademedioshoynoticias.com, acrescentando que «esta é a realidade de Duque não fala nas suas viagens». No sábado, foi perpetrado o 66.º massacre no país andino este ano, informou o Indepaz, que dá conta de 1225 dirigentes sociais assassinados desde a assinatura do acordo de paz, em Novembro de 2016. O mais recente massacre registado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) foi denunciado ontem, tendo ocorrido na véspera do município de Santander de Quilichao, departamento colombiano do Cauca. De acordo com o Indepaz, as vítimas são três membros da mesma família que se encontravam numa festa na zona rural do município, na reserva indígena de Canoas. Homens armados chegaram ao local e começaram a disparar sobre quem ali estava, provocando a morte imediata a duas pessoas e deixando outras duas feridas em estado grave – uma das quais viria a falecer, refere o organismo com base em informações recolhidas. A Provedoria de Justiça emitiu um alerta de perigo, tendo em conta a presença constante de grupos armados no referido município do Cauca. Entre 2016 e 8 de Junho de 2020, foram assassinados na Colômbia 269 dirigentes indígenas, revelou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) num relatório agora apresentado. No documento, o organismo reporta-se ao período que vai desde 2016, o ano da assinatura dos acordos de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), e a actualidade (até dia 8 deste mês), verificando que o número de assassinatos de dirigentes indígenas aumenta de ano para ano. Assim, segundo os dados recolhidos pelo Indepaz, registaram-se «31 assassinatos em 2016, 45 em 2017, 62 em 2018, 84 em 2019 e 47 em 2020». O organismo revela ainda que 262 líderes indígenas foram mortos depois dos acordos de paz (24 de Novembro de 2016) e 167 durante a governação do actual presidente colombiano, Iván Duque. Dos 47 assassinados este ano (até 8 de Junho), 14 foram-no durante o período da quarentena (que entrou em vigor a 25 de Março), precisa ainda o relatório. De acordo com o Indepaz, o departamento onde se registaram mais casos de assassinatos de líderes indígenas desde 2016 foi o Cauca (94). «O que se passa no Cauca responde à lógica de um departamento onde historicamente houve conflitos territoriais, com sectores privados legais e ilegais, como o da exploração mineira», explica a organização. Como factores de peso que contribuem para o assassinato de dirigentes indígenas, o Indepaz refere as empresas açucareiras, a exploração de madeira, a pecuária, a concentração de terras, os projectos petrolíferos, as hidro-eléctricas, além da presença de grupos armados que disputam o controlo das rotas do narcotráfico. O relatório sublinha as acções dos povos indígenas em defesa da sua autonomia e da permanência nos seus territórios, como condição essencial para garantir a sua sobrevivência, bem como o facto de terem «rejeitado todas as expressões do conflito armado» e «assumido um posicionamento de resistência pacífica». Mario Téllez Restrepo, agricultor e ex-guerrilheiro das FARC-EP, foi morto a tiro por desconhecidos na segunda-feira passada, quando trabalhava nas suas terras, na localidade de Tibú (departamento de Norte de Santander), informa a TeleSur. O partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) denunciou o assassinato, tendo revelado que se trata do 200.º ex-combatente a ser morto deste a assinatura dos acordos de paz. Na semana passada, uma delegação do FARC pediu apoio às Nações Unidas, tendo em conta o cenário de violações de direitos humanos no país andino. Numa reunião virtual com a alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, os representantes do FARC pediram «assistência técnica» para evitar o genocídio dos ex-guerrilheiros que tentam reintegrar-se na vida política, económica e social do país. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em 2020, o organismo documentou a ocorrência de 91 de massacres, dos quais resultaram 381 vítimas mortais, em 66 municípios do país. Este ano, registou 66, com um saldo de 240 vítimas mortais. A grande maioria dos casos teve lugar nos departamentos do Cauca (12 massacres e 40 vítimas), Antioquia (10/36), Valle del Cauca (8/35), Nariño (6/24) e Caquetá (6/20). O Indepaz utiliza o termo na acepção estabelecida pelas Nações Unidas: existe um massacre «quando três ou mais pessoas são assassinadas no mesmo local e momento e pelo mesmo presumível perpetrador». No seu portal e na conta de Twitter, o Indepaz dá ainda conta de 109 dirigentes sociais e defensores assassinados no país sul-americano em menos de oito meses, este ano. O mais recente foi Eliécer Sánchez Cáceres, vice-presidente da Junta de Acção Comunal da vereda de La Punta, na zona rural do município de Cúcuta (departamento de Norte de Santander). Sánchez Cáceres, que já tinha denunciado ameaças de morte, foi morto, no sábado, por um grupo de homens armados na vereda referida. Desde a assinatura do acordo de Paz entre as FARC-EP e o governo colombiano, em Novembro de 2016, 1225 dirigentes foram mortos, segundo os dados do Indepaz. Só este ano, refere ainda o organismo de defesa dos direitos humanos, foram também mortos 34 ex-combatentes das FARC-EP que firmaram o acordo de paz. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Na véspera, dia 19, foi assassinado Manuel Mena Viveros, ex-guerilheiro que estava em fase de reintegração. A ocorrência teve lugar no Bairro El Futuro, em Quibdó, capital do departamento de Chocó. O Indepaz precisou que, com este assassinato, sobe para 37 o número de ex-guerrilheiros signatários do acordo de paz mortos em 2021 e 286 desde a assinatura desse acordo. No que respeita à violência na Colômbia, o organismo registou ainda 71 massacres perpetrados este ano, com um saldo de 255 vítimas mortais. A grande maioria dos casos teve lugar nos departamentos do Cauca (13 massacres e 43 vítimas), Antioquia (10/36), Valle del Cauca (9/38), Nariño (6/24) e Caquetá (6/20). O Indepaz utiliza o termo na acepção estabelecida pelas Nações Unidas: existe um massacre «quando três ou mais pessoas são assassinadas no mesmo local e momento e pelo mesmo presumível perpetrador». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De acordo com a jurista norte-americana Hilarie Bass, que leu o documento, trata-se de um país que «evita qualquer tipo de discriminação, seja por questões de género, raça, religião». O prémio à «paz e liberdade» foi entregue no início deste mês, na cidade caribenha de Barranquilla, onde decorreu o XXVII Congresso da World Jurist Association, que se apresenta como organização não governamental defensora dos direitos humanos e do Estado de Direito. Na sessão de encerramento de um evento em que, além do rei espanhol, estiveram figuras como o súbdito Albert Rivera (ex-presidente do Ciudadanos) ou o secretário-geral da Organização de Estados Americanos, Luis Almagro, o presidente da associação de juristas, o advogado espanhol Javier Cremades, disse que «a Colômbia se tornou, sem qualquer dúvida, no melhor país da região». E acrescentou: «A Colômbia é uma das poucas estrelas que brilham no firmamento da liberdade.» Num texto intitulado «Colômbia: o prémio e a verdade», publicado dia 7 no portal do canal libanês Al Mayadeen, o jornalista cubano Omar Rafael García Lazo afirma que «nos seus anos de existência a Colômbia não conheceu a democracia, nem sequer a liberal burguesa». E, lembrando guerras e violências de diferente tipo, diz que o país sul-americano «não conheceu sequer a paz». Para fundamentar a «tibieza» da «democracia colombiana» e da distinção atribuída, García Lazo recorre a dados do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), alguns deles já desactualizados, porque mais dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos foram assassinados no país desde que o texto foi escrito. Segundo o Indepaz, só este ano foram mortos 164 (1278 desde a assinatura do acordo de paz), além de 44 ex-combatentes das FARC que subscreveram esse acordo. Ainda este ano, entre Abril e Junho, 80 pessoas perderam a vida no contexto da brutal repressão policial e militar sobre os protestos que abalaram o país – num cenário de elevada pobreza, desigualdade, precariedade, corrupção e repressão institucionalizada – militar, paramilitar e narcotraficante. A Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) considerou «importantes e grandiosas» as manifestações desta terça-feira, que acabaram fortemente reprimidas pela Polícia e o seu conhecido «corpo de elite». As mobilizações de ontem, que coincidiam com o Dia da Independência, contaram com eventos culturais e artísticos, que também são formas de expressar a indignação dos colombianos contra o governo, afirmou Francisco Maltés, presidente da CUT e um dos porta-vozes do Comité de Greve. O dirigente sindical, refere a Prensa Latina, fez ainda um apelo à participação nas manifestações previstas para esta quarta-feira, para acompanhar a estrega no Congresso dos dez projectos de lei «construídos de modo colectivo a partir das exigências expressas nas mobilizações dos últimos meses». A greve geral que se mantém há 20 dias na Colômbia é «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas, nem em abrangência nem em duração», disse Sergio Marín, membro da Câmara dos Representantes. No sábado passado, centenas de milhares de colombianos vieram novamente para as ruas exigir mudanças e deixar clara a oposição ao governo de Iván Duque. Numa entrevista via Internet à jornalista Odalys Troya Flores, da agência Prensa Latina, Sergio Marín, do partido Comunes, explicou que o principal motivo da greve iniciada a 28 de Abril – convocada pelo movimento sindical, social, étnico, estudantil e juvenil – foi o anúncio do projecto de reforma tributária por parte de Iván Duque e do seu ex-ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla. O deputado disse que a polémica proposta basicamente aumentava o IVA sobre todos os bens essenciais e serviços mais necessários à vida de todos os colombianos. Aumentava igualmente a base tributária a partir da qual o imposto sobre os rendimentos começava a ser pago no país, que, precisou, actualmente ronda os mil dólares por mês. «Era algo que punia as classes médias, os profissionais, os trabalhadores independentes, a grande maioria da força de trabalho no país sul-americano», disse. Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções. Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias. Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes. Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista. Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital. Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional». A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu. A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise». «A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT). Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio. Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica. A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016. Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas. «A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina. Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro. A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos. Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur. O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes. Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos. Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores. De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad. Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação. Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades. Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em seu entender, tratava-se de uma reforma tributária destinada a castigar os mais pobres e as classes médias, mantendo e inclusive aumentando as isenções tributárias ao grande capital nacional e transnacional. «A proposta não contemplava medidas decisivas para combater a evasão fiscal, que na Colômbia é um problema gravíssimo, porque o grande capital não só conta com grandes isenções, mas também não paga os impostos que deve», destacou. Também não era um projecto que contemplasse qualquer tipo de combate à corrupção, que no país é uma verdadeira pandemia que consome uma parte substancial do Orçamento nacional, disse à Prensa Latina. «Estima-se que entre 10% e 15% desse Orçamento seja consumido pelos corruptos», denunciou Marín. «Toda esta situação gerou um apelo à mobilização a que aspirávamos, que fosse importante e tivesse uma ampla repercussão, mas a verdade é que o movimento social e popular ultrapassou todas as expectativas», afirmou. «A greve mostrou o sentimento reprimido nos últimos dois ou três anos pelas inúmeras reformas tributárias que já tinham atingido os bolsos dos colombianos», afirmou, acrescentando que, «devido à absoluta ineficiência e às propostas do governo para enfrentar a crise associada à pandemia Covid-19, se agravou a situação económica do país». Em seu entender, todos estos elementos se conjugaram para gerar «um verdadeiro levantamento, como não se via há décadas na Colômbia, nem em abrangência nem em duração», afirmou, sublinhando que o protesto se mantém há mais de duas semanas, quando o habitual era as greves ficarem restritas a certos sectores e territórios, e durarem apenas alguns dias. «Em geral, os governos conseguiam manobrar [as greves] combinando a forte repressão com promessas que de facto não cumpriam, desactivando esses movimentos de luta social», disse. Centenas de milhares participaram esta quarta-feira nas mobilizações convocadas pelo Comité Nacional da Greve para denunciar o aprofundamento dos problemas estruturais da Colômbia no mandato de Duque. A greve geral da Colômbia, iniciada no passado dia 28 de Abril, tem sido marcada pela forte repressão de uma Polícia «feita para a guerra», como afirma na sua conta de Twitter a organização não governamental (ONG) Temblores, mas ontem decorreu quase tudo de forma tranquila – pelo menos até certo ponto. A representante na Colômbia da Alta Comissária dos Direitos Humanos da ONU, Juliette de Rivero, percorreu várias cidades do país, tendo afirmado que as marchas foram pacíficas, informa a Prensa Latina. Além dos sectores que têm estado mais mobilizados nas últimas duas semanas, aderiram aos protestos habitantes que apoiam a luta em várias cidades, como aconteceu em Barranquilla, Bogotá, Catatumbo, Cartagena, Ibagué, Medellín, Pereira, Popayán e até em Cáli, apesar de se encontrar militarizada, manifestando a sua oposição às políticas neoliberais do actual governo. Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio. Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda). Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque. Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril. Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur. Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral. Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações. Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral. A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo. Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento. O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur. Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral. O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório. Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur. Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos. Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções. Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias. Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes. Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista. Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital. Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional». A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu. A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise». «A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT). Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio. Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica. A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016. Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas. «A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina. Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro. A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos. Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur. O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes. Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos. Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores. De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad. Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação. Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades. Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia. O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu. De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país. De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá. O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual. Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais. O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina. No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Os manifestantes exibiram bandeiras, cartazes e fizeram ouvir palavras de ordem, de forma pacífica, em defesa de várias reivindicações. Nalgumas marchas, como a que teve lugar junto ao monumento aos Heróis, em Bogotá, foram evocados os 6402 «falsos positivos» (pessoas assassinadas para depois serem apresentadas como guerrilheiros abatidos). Em Manizales, os manifestantes homenagearam quem se transformou em mártir nesta greve geral. Um deles foi Lucas Villa, estudante atingido a tiro no passado dia 5 e que morreu esta terça-feira, dia 11. Os povos originários também aderiram à jornada de mobilizações, refere a Prensa Latina, para «avançar na defesa da vida, da paz, da justiça, da autonomia e da qualidade de vida para os colombianos». Por seu lado, ex-guerrilheiros mobilizaram-se pela implementação total do acordo de paz, o fim dos assassinatos dos seus signatários e dos dirigentes sociais, e por um rendimento mínimo universal. O fim da violência e da militarização, bem como a revogação de um projecto de reforma do sector da Saúde com carácter privatizador foram algumas das exigências comuns às centenas de milhares de manifestantes que ontem vieram para as ruas da Colômbia. Segundo o Comité Nacional da Greve, as jornadas de luta recentes surgiram do «desespero provocado pela pobreza e o abandono estatal» a que se viu votada a população colombiana. «Enquanto a fome se tornava uma rotina trágica com o símbolo do trapo vermelho pendurado nas portas e janelas de milhares de casas, a resposta do governo foi aumentar a sua despesa e olhar para o lado», afirmaram os organizadores do protesto, citados pela Prensa Latina. A cidade de Cáli, que tem sido um dos pontos mais activos da greve geral, encontra-se cercada por militares e polícias, após uma decisão de Duque para acabar com os protestos contra o governo. Iván Duque, o presidente da Colômbia, deu ontem ordens aos ministros do Interior e da Defesa, Daniel Palacios e Diego Molano, respectivamente, para militarizar a capital do departamento de Valle del Cauca e «garantir» a manutenção da ordem por parte das forças de segurança. Instou à aplicação da lei seca, ao levantamento dos bloqueios nas ruas e ao regresso às suas zonas dos membros do Conselho Regional Indígena do Cauca (CRIC), qe ontem se tinham dirigido a Cáli em protesto e foram atacados a tiro. Horas depois, o ministro da Defesa confirmou o destacamento de 10 mil polícias e 2100 soldados para Cáli, de modo a «garantir a segurança», refere a TeleSur, tendo sublinhado que «não pode haver violência» e que os bloqueios «são um crime». À meia-noite (hora local), o departamento de Valle del Cauca ficou fechado ao exterior e a mobilidade foi restringida, medidas que, segundo a Prensa Latina, devem permanecer em vigor até ao próximo sábado. O Exército anunciou que soldados da Terceira Brigada estão a realizar controlos em várias zonas de Cáli, Jamundí e Yumbo, «procurando garantir o bem-estar dos cidadãos». A ordem foi decretada depois da violência ocorrida ontem na cidade, quando «civis», apoiados pela Polícia, dispararam sobre indígenas reunidos no contexto da greve geral, segundo denúncias por estes veiculadas e vídeos que foram postos a circular nas redes sociais. Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio. Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda). Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque. Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril. Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur. Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral. Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações. Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral. A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo. Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento. O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur. Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral. O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório. Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur. Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos. Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções. Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias. Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes. Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista. Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital. Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional». A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu. A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise». «A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT). Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio. Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica. A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016. Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas. «A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina. Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro. A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos. Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur. O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes. Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos. Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores. De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad. Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação. Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades. Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia. O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu. De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país. De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá. O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual. Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais. O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina. No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Não é a primeira vez que alegados civis, denunciados por algumas fontes como paramilitares, disparam sobre manifestantes na greve geral. A Polícia responsabilizou as comunidades ancestrais pelo facto, mas Feliciano Valencia, senador do Movimento Alternativo Social e Indígena, desmentiu essas acusações, tendo afirmado que os indígenas estavam desarmados e foram atacados. Em comunicado, o CRIC denunciou o ataque «por homens vestidos à civil», que deixou oito indígenas feridos à entrada de Cáli, no 12.º dia da greve geral na Colômbia. Fez ainda um apelo ao governo de Iván Duque para que acabe com a militarização das forças policiais e com a criminalização do protesto no país, indica a TeleSur. A mesma fonte informa que, nas redes sociais, surgiram denúncias de que o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) «atacou e sequestrou jovens» em Cáli, tendo levado oito do Bairro Meléndez, já depois do anúncio de Duque de que iria aumentar a presença policial e militar na cidade. O fim da militarização das ruas e o fim da repressão sobre os manifestantes são duas reivindicações que o povo colombiano assumiu nestes dias de protestos intensos, que começaram a 28 de Abril, contra a reforma tributária e as políticas neoliberais implementadas pelo governo de Duque, e depois alastraram para a defesa de uma mudança do sistema político e dos direitos fundamentais, em que se incluem saúde, habitação e trabalho. O governo respondeu aos manifestantes com mão pesada e, ao cabo de 12 dias de mobilizações, a ONG Temblores registava 47 mortos no contexto da greve geral, 963 detenções arbitrárias, 12 casos de violência sexual, 548 desaparecidos, 28 pessoas com feridas oculares. Perante este cenário, várias cidades espalhadas pelo mundo acolheram, este sábado, mobilizações solidárias com o povo colombiano, de apoio ao movimento social e sindical do país sul-americano e para denunciar a repressão e a violência exercidas sobre os manifestantes. Foi o caso de cidades em França, em Espanha, nos Estados Unidos, na Bélgica, na Suíça, na Austrália, na Argentina, no México e em Portugal, entre outros países. Em Portugal, a mobilização ocorreu este sábado na cidade do Porto e reuniu cerca de 70 pessoas, que denunciaram a repressão e «o governo reaccionário de Iván Duque». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. A miséria e a desigualdade social já se faziam notar bem antes da pandemia, mas agudizaram-se e mostraram toda a sua intensidade com um governo que aumentava a despesa militar, acrescentaram. Os «números da infâmia» já foram divulgados pelo Departamento Administrativo Nacional de Estatística: mais de sete milhões de pessoas só comem duas vezes por dia e mais de 500 mil colombianos só o fazem uma vez, destacaram os convocantes. Ainda para mais, quando, no ano passado, a pobreza atingiu 42,5% da população, o governo «propôs torpemente uma reforma tributária regressiva», enfatizam, acrescentando que o sistema deficitário de saúde e a falta de financiamento da educação são sentidos com mais dureza pelos afrodescendentes, os indígenas, as mulheres e os agricultores. Apesar das manifestações pacíficas, à noite o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) carregou sobre os manifestantes na capital, como o faz praticamente todos os dias. Na capital do departamento do Cauca, Popayán, agentes do Esmad atacaram e prenderam vários manifestantes que se encontravam no Parque Caldas, incluindo o jornalista Kevin Acosta, da Red Alterna, revela a TeleSur. Em Barranquilla, no departamento do Atlântico, disputou-se ontem a partida entre o Junior e o River Plate, a contar para Copa Libertadores, e o Esmad atacou os apoiantes que, nas imediações do Estádio Romelio Martínez, se juntaram à mobilização. Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral. Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações. Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral. A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo. Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento. O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur. Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral. O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório. Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur. Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos. Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções. Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias. Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes. Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista. Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital. Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional». A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu. A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise». «A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT). Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio. Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica. A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016. Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas. «A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina. Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro. A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos. Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur. O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes. Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos. Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores. De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad. Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação. Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades. Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia. O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu. De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. De acordo as denúncias de organizações sociais e os vídeos publicados nas redes sociais, o Esmad atacou com gás lacrimogéneo e bombas atordoantes centenas de jovens que se concentraram no lado de fora do estádio e se uniram aos protestos da greve geral, enquanto decorria o jogo, indica a TeleSur. Sergio Marín, do partido Comunes, destacou como, enquanto a normalidade futebolística decorria lá dentro, cá fora o povo que se mobilizava pelos direitos levava tareia. «Pão e circo, ao melhor estilo das ditaduras do Cone Sul», denunciou na sua conta de Twitter. No mais recente relatório, a ONG Temblores informou que, entre 28 de Abril e 10 de Maio, foram mortas pelo menos 40 pessoas na Colômbia, no âmbito da greve geral, e se registaram 1956 casos de violência policial. A Temblores, que irá actualizar os seus dados hoje, revelou ainda que, no período referido, 1003 cidadãos foram detidos arbitrariamente, se registaram 12 casos de pessoas agredidas sexualmente pela Polícia e 28 de pessoas com lesões oculares. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Mas desta vez, defendeu Marín, estamos perante uma situação totalmente nova, diferente e qualitativamente superior. «O povo já entendeu que só a luta nas ruas, unida em torno de algumas reivindicações e mantendo a pressão, faz o governo ceder.» Acrescentou que isto ocorre num contexto de repressão que põe os números «praticamente ao nível de um verdadeiro massacre, com cerca de 50 colombianos mortos». «Fala-se em mais de 500 desaparecidos, de mil pessoas presas, processadas e levadas para a prisão, por isso poderíamos dizer que são verdadeiros presos políticos», alertou. Desta forma, as autoridades agravaram a «inconformidade» e elevaram o nível de resposta da luta dos colombianos, principalmente dos mais jovens, nas ruas do país, argumentou. «Até agora, foram alcançados alguns resultados extremamente importantes: a proposta de reforma tributária foi desmantelada, dois ministros demitiram-se, o governo anunciou que está em condições de garantir a gratuitidade do Ensino Superior aos estratos I, II e III», enumerou. Ou seja, matrícula zero para as camadas mais pobres da população, tendo em conta que o governo dividiu os colombianos em seis níveis para esse efeito. «O nível I é o mais baixo, de pessoas que vivem praticamente na miséria, e o nível VI é o dos sectores mais ricos da população». Isto é algo que o movimento estudantil andava a pedir ou a exigir há muitos anos, com o governo a insistir na resposta negativa, explicou. «Um dos resultados desta greve foi o anúncio de que era possível; era uma decisão política e bastava simplesmente ter vontade de o fazer.» O cenário é bastante complexo. A repressão, como todos sabem, está a piorar, alertou. «Estamos a enfrentar praticamente uma política de terra queimada por parte das forças de segurança do Estado, da Polícia em particular e do seu Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), que é um verdadeiro corpo de repressão, morte e perseguição», denunciou. Organizações de direitos humanos referiram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. O MP anunciou que vai incriminar vários agentes por homicídio. Na noite de quarta-feira, voltou a registar-se intensa repressão por parte das forças de segurança na Colômbia, e pelo menos dois jovens foram mortos na localidade de Pereira (departamento de Risaralda). Vídeos que circulam nas redes sociais mostram polícias a disparar junto a um viaduto contra uma concentração de jovens que se manifestavam contra o governo de Iván Duque. Estes vídeos seguem-se a outros, referentes à noite anterior, em que se vê a Polícia e os militares a dispararem fogo pesado e também a partir de helicópteros contra manifestantes, no âmbito dos protestos relacionados com a greve geral iniciada no passado dia 28 de Abril. Além dos jovens mortos, que se soube serem Lucas Villa e Miguel Ciro, estudantes de Desporto na Universidade Tecnológica de Pereira, registaram-se vários feridos, na sequência das cargas e disparos policiais. Organizações de direitos humanos indicaram que a Polícia disparou contra os manifestantes a partir de viaturas com vidros escurecidos. Neste contexto, o Ministério Público (MP) colombiano anunciou, esta quarta-feira, que irá incriminar diversos agentes pelos homicídios de três civis durante as manifestações. De acordo com o MP, o saldo é de 11 vítimas mortais até ao momento, bastante inferior ao registado por diversas ONG, como a Temblores ou a Grita, que afirmam terem ocorrido 37 mortes de manifestantes às mãos da Polícia entre 28 de Abril e 5 de Maio, refere a TeleSur. Desde o dia 28 de Abril até esta terça-feira, a organização Grita registou 31 casos de pessoas mortas pela Polícia em vários pontos da Colômbia. Entretanto, novas reivindicações surgem na greve geral. Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações. Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral. A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo. Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento. O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur. Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral. O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório. Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur. Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos. Iniciada a 28 de Abril, a greve geral contra a reforma tributária de Duque mantém-se há 4 dias nas ruas. A Rede Francisco Isaías Cifuentes dá conta de 8 mortos, vários desaparecidos e dezenas de detenções. Convocadas por sindicatos, partidos políticos e organizações sociais, muitos milhares de pessoas vieram para as ruas, no Dia Internacional dos Trabalhadores, para continuarem a dizer «não» à Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) avançada pelo governo de Iván Duque e repudiar a forte repressão policial dos últimos dias. Ao descontentamento e à revolta popular com o projecto de lei juntou-se o «mal-estar» provocado pelo apelo do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010), expresso na sexta-feira, para que o Exército interviesse contra os manifestantes. Apesar de o Twitter ter apagado, algumas horas depois, o apelo de Uribe às armas, nas ruas e nas redes sociais o repúdio fez ouvir: «O povo não te quer, assassino criminoso» foi uma de várias expressões sintomáticas veiculadas contra o uribista. Ontem, Bogotá foi um dos palcos das mobilizações em defesa dos direitos dos trabalhadores, contra a reforma de Duque e a repressão policial. «Aqui está o povo nas ruas organizado, a lutar por uma vida digna», afirmaram na capital. Na sua conta de Twitter, o Congresso de los Pueblos informou que, neste «Primeiro de Maio, no Sul de Bogotá o povo continua nas ruas, apesar da ameaça das forças de segurança e do governo nacional». A organização denunciou a repressão exercida pela Polícia em vários pontos do país sul-americano, nomeadamente na cidade de Pereira, no departamento de Risaralda. «Fazemos um apelo para que sejam dadas garantias à mobilização social. Protestar é um direito», referiu. A Central Unitária dos Trabalhadores anunciou o prosseguimento da Paralisação Nacional iniciada esta quarta-feira contra a proposta de legislação que visa aumentar impostos para «financiar a crise». «A greve desta quinta-feira insistirá na oposição à Reforma Tributária, prosseguirá dia 19 de Maio e continuará enquanto o governo persistir na proposta actual», disse Francisco Maltés, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT). Além de «marchas massivas, vigorosas e pacíficas» nesse âmbito, também em defesa de apoios sociais e às pequenas e médias empresas, estão igualmente previstas mobilizações para o Primeiro de Maio. Ontem, desde cedo, milhares de pessoas vieram para as ruas em diferentes cidades e em mais de 500 municípios do país sul-americano, em protesto contra a proposta do governo de Duque, que os manifestantes acusam de estar a passar aos trabalhadores a factura da crise sanitária e económica. A jornada de protesto, convocada pelo Comité Nacional de Greve, visava igualmente denunciar a violência no país, sobretudo os massacres e os assassinatos de dirigentes sociais, de defensores da paz e dos direitos humanos, bem como de ex-combatentes das FARC-EP signatários do acordo de paz de 2016. Bogotá, Medellín, Cáli, Barranquilla e Cartagena foram palco das maiores mobilizações, e ali foram reportados vários confrontos com as forças de segurança. De acordo com a Prensa Latina, o governo destacou mais de 47 mil agentes para as ruas. «A Colômbia está mergulhada numa crise económica muito profunda e propõe-se uma reforma tributária para acabar de empobrecer a classe média, encarecer os alimentos, quando 30% da população, segundo o Departamento Administrativo Nacional de Estatística, não está a fazer três refeições diárias», disse a vice-presidente da Federação Médica Colombiana, Carolina Corcho, citada pela Prensa Latina. Por seu lado, o presidente da CUT em Antioquia, Jaime Montoya, classificou a reforma como «a mais regressiva de todas», além de favorecer as grandes empresas e o capital financeiro. A reforma tributária, designada como Lei de Solidariedade Sustentável, contempla o aumento dos impostos sobre produtos e serviços, a instalação de portagens urbanas, e altera o regime de isenções fiscais, o que agravaria a situação de assalariados, pensionistas e população com baixos rendimentos. Em comunicado, o Comité Nacional de Greve, que integra várias organizações sindicais, movimentos sociais e partidos, sublinhou «a profunda rejeição da população pelas medidas neoliberais de Duque», apesar do «pico da pandemia, da estigmatização da greve promovida pelo governo e alguns órgãos de comunicação», informa a TeleSur. O Comité denunciou as medidas de recolher obrigatório e a ausência de transportes públicos, adoptadas por algumas autoridades locais para impedir o protesto, bem como as acções de repressão perpetradas por agentes da Polícia e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) em várias cidades, que se saldaram com um morto, dezenas de feridos e de detidos. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Órgãos de comunicação locais e internautas deram conta de manifestações, este sábado, também em Barraquilla, Medellín, Bucamaranga, Cartagena e Cáli, com forte presença de forças policiais, militares e de agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad), registando-se vários episódios de repressão sobre os manifestantes. Houve igualmente mobilizações na região do Catatumbo e na cidade de Popayán, no Cauca. Nesta última, refere a TeleSur, a manifestação do Primeiro de Maio – contra a reforma tributária e a repressão do governo de Duque – é a primeira em mais de 80 anos. Em Cáli, no departamento de Valle del Cauca, a manifestação do Dia do Trabalhador foi massiva, como resposta à grande repressão exercida sobre os manifestantes nos dias anteriores. De acordo com um relatório divulgado pela Rede de Direitos Humanos Francisco Isaías Cifuentes na sexta-feira à noite, pelo menos oito pessoas foram mortas em Cáli durante as mobilizações. Além disso, o organismo registou a detenção de pelo menos 84 pessoas, 28 feridos, três manifestantes desaparecidos, três casos de pessoas que perderam um olho e o de uma mulher que foi abusada sexualmente por um agente do Esmad. Ainda na sexta-feira, confrontado com a grande oposição nas ruas ao polémico projecto para reajustar as contas em tempos de «crise», Iván Duque anunciou que ordenou ao Ministério das Finanças proceder à sua reformulação. Já ontem, ao final do dia, na sequência de nova jornada de intensas mobilizações no país, o presidente colombiano anunciou que irá destacar o Exército e outros componentes das Forças Armadas para controlar os protestos nas principais cidades. Para tal, explica a TeleSur, irá recorrer à figura da «assistência militar», que, disse, está contemplada na Constituição e que manterá, em coordenação com autarcas e governadores, até que as manifestações acabem. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia. O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu. De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. As manifestações começaram há uma semana tendo como principal objectivo a retirada da reforma tributária proposta pelo governo de Duque e agora continuam nas ruas com um espectro de reivindicações muito mais amplo, em que se inclui a rejeição da violência estrututal e da brutalidade policial no país. De acordo com o balanço divulgado pela Plataforma Grita, relativo à repressão exercida sobre os manifestantes pelos agentes do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) e elementos do Exército colombiano, no período referido registaram-se 1708 casos de violência, com os mais recentes a ocorrerem em cidades como Pereira, Cáli, Medellín, Barranquilla, Buga, Palmira e Bogotá. O balanço da repressão policial e militar aponta ainda para 222 casos de vítimas de violência física, 37 homicídios, 831 detenções arbitrárias, 312 intervenções violentas, 22 pessoas com lesões oculares, 110 vítimas de balas disparadas por polícias e dez casos de violência sexual. Os países que integram a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América – Tratado de Comércio dos Povos (ALBA-TCP) emitiram ontem um comunicado em manifestam a sua preocupação com as vítimas da violência física, das detenções arbitrárias, de desaparecimento, de abuso sexual durante a repressão dos protestos sociais. O bloco repudiou o uso excessivo da força por parte dos agentes de segurança na Colômbia, tendo feito um apelo às autoridades para velarem pelo dever de proteger os direitos humanos, o direito à vida e à segurança pessoal, refere a agência Prensa Latina. No texto, a ALBA-TCP destaca que a violência, por parte das forças do Estado, não resolve as causas estruturais das situações de injustiça social, e fez votos pela paz do povo da Colômbia e para que prevaleça o diálogo e a sensatez. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Na Colômbia – destacou – existe uma polícia política com recursos de guerra para «enfrentar» os problemas sociais. «O anúncio do envolvimento do Exército nesta repressão constitui um quadro sério», disse Marín, lembrando que as mobilizações, a pressão social e popular, «aumentam na medida em que não são dadas soluções para as demandas do povo». «Lamentamos, como lamenta a América Latina, que a OEA chefiada por Luis Almagro continue a desenvolver uma agenda contrária aos interesses dos povos do continente, totalmente servil aos interesses dos Estados Unidos e das oligarquias da região», afirmou, destacando que a OEA e Almagro mantêm um silêncio cúmplice pelo qual devem responder, no contexto da situação dramática que a Colômbia atravessa. Está em jogo a possibilidade de cancelar a realização da Copa América na Colômbia, que deve começar daqui a um mês. «As barras das equipas mais fortes da Colômbia uniram-se em torno do lema de que o que o povo colombiano exige não é circo, mas pão», explicou. «O que as pessoas exigem nas ruas, com dignidade, são melhores condições de vida e não mais espectáculos para tentar encobrir o sangue, o massacre, a morte, os desaparecimentos e as torturas na nossa pátria», frisou. «Há relutância em atender ao apelo ao diálogo por parte do governo; o que o povo quer é uma negociação assente numa agenda que inclua reivindicações», disse, acrescentando que as pessoas exigem que o governo diga com clareza aquilo que vai cumprir, e é isso que irá determinar se haverá um acordo. Se for assim, a situação poderia estabilizar-se «enquanto se aguarda as eleições presidenciais de 2022 e a eleição de um governo democrático que responda às necessidades do povo, governe para o povo e não para os monopólios, os latifundiários, os narcotraficantes e as máfias», defendeu Marín. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Com estas iniciativas, diversos sectores integrados no Comité pretendem um rendimento básico de emergência, um salário mínimo mensal por um período de um ano para 7,5 milhões de lares, bem como a gratuitidade universal para todos os estudantes na Educação Superior pública. Exigem ainda o reforço da rede pública de saúde e a valorização do trabalho para enfrentar a pandemia; apoios para a reactivação económica das micro, pequenas e médias empresas e a criação de emprego. Entre outros pontos, reivindicam também o apoio à reactivação do sector agropecuário; medidas para lutar contra a violência de género; garantias para o exercício do direito ao protesto pacífico; e a reforma da Polícia. Apesar do apelo feito ao governo colombiano para que garantisse o direito à manifestação e evitasse a violência policial, nomeadamente pela Missão Internacional pelas Garantias para o Protesto Social e Contra a Impunidade, e dos alertas lançados pelo secretário-geral do Partido Comunista Colombiano, Jaime Caycedo, contra a criminalização da juventude no país sul-americano, em vários pontos as manifestações, em que participaram milhares de pessoas, foram abordadas com excesso de força e reprimidas. De acordo com o Colombia Informa, o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) atacou grupos de defesa dos direitos humanos e jornalistas no Bairro La Esmeralda, em Popayán, capital do departamento do Cauca. Para denunciar a desigualdade e a violência, exigir um outro modelo socioeconómico e a dissolução do Esmad, milhares mobilizaram-se em cidades como Medellín, Bucaramanga, Barranquilla, Cáli e Bogotá. Diversos sectores convocaram uma jornada de mobilização nacional para esta segunda-feira, quando passavam dois meses desde o início da «greve geral» contra as políticas neoliberais do governo de Iván Duque. Entre as reivindicações apontadas, contava-se a exigência de justiça para os mais de 70 assassinados, as centenas de desaparecidos, os milhares de feridos pela acção da Polícia e do chamado corpo de elite, o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad). Ontem, numa jornada de mobilização que teve grande expressão em cidades como Cáli, Bucaramanga, Medellín, Barranquilla e Bogotá, voltaram a repetir-se as denúncias de repressão e violência por parte do Esmad. Em Medellín, o meio Colombia Informa revelou que os agentes atacaram os manifestantes com canhões de água, com gás lacrimogéneo e, inclusive, com pedras, nomeadamente os que se concentraram na Universidade de Antioquia. Outra denúncia reiterada foi a do ataque a jornalistas que se encontravam a cobrir os protestos, tanto do Colombia Informa como do Tercer Canal. Entre as conquistas alcançadas pelo povo colombiano desde o início das greves e protestos, a 28 de Abril, destaca-se o facto de os manifestantes terem trazido para a primeira linha da actualidade a necessidade de pôr cobro à violência estrutural e à violação massiva dos direitos humanos no país sul-americano, bem como de se avançar com uma reforma no seio da Polícia e de discutir a dissolução do Esmad. O «Paro Nacional» também conseguiu travar a reforma tributária e a reforma de privatização da Saúde, bem como avanços na Educação, ao nível do Ensino Superior, além de ter levado às demissões de dois ministros (Finanças e Negócios Estrangeiros) e de um comandante da Polícia. Na cidade de Cáli, a Associação Nacional dos Estudantes do Secundário reportou várias situações de abuso perpetradas pela Polícia contra os manifestantes mobilizados contra as políticas de Duque. Em comunicado, a associação estudantil referiu que, ontem à tarde, a Polícia efectuou disparos directamente contra vários jovens – alguns dos quais membros da associação – que realizavam uma acção de luta cultural no chamado Puerto Resistencia, em Cáli (departamento de Valle del Cauca). Como dois dos jovens foram atingidos pelas balas – um na cabeça e outro numa perna –, alguns estudantes decidiram mudar-se para o Paso del Comercio, onde, refere o texto, a Polícia os recebeu com disparos de pistolas e espingardas. Neste sentido, a associação estudantil pede ao Município de Cáli que garanta o direito ao protesto e à vida dos manifestantes, exige a retirada imediata das forças policiais e militares dos pontos referidos, bem como a abertura de investigações que permitam esclarecer os factos e condenar os responsáveis. Heidy Sánchez, vereadora no Município de Bogotá, denunciou que o jornalista Diego Otavo, do órgão comunitário Noti Barrio Adentro, foi agredido presumivelmente por membros da Polícia colombiana quando cobria uma mobilização social, esta quarta-feira. No hospital, foi-lhe diagnosticado um trauma cranioencefálico leve, indica a Prensa Latina. Também há registo de diversas denúncias contra a Polícia na cidade de Medellín, onde esta quarta-feira teve lugar uma grande manifestação contra o governo de Iván Duque. De acordo com a TeleSur e vários utilizadores da rede social Twitter, o Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) atacou membros dos serviços de atendimento médico (APH), bem identificados, com bombas atordoantes e gás lacrimogéneo, e agrediu uma fotógrafa que cobria a manifestação. O Comité da Greve afirma que Duque quer enganar os colombianos. Em Cáli, uma das cidades com mais mortos, feridos e desaparecidos no contexto das mobilizações, o povo inaugurou o Monumento à Resistência. As grandes manifestações e greves contra o governo colombiano iniciadas a 28 de Abril, «por causa de uma reforma tributária» que uma boa parte da população rejeitava, continuam a verificar-se no país sul-americano e prevê-se que prossigam pelo menos ao longo desta semana, tendo em conta que as negociações entre o Comité da Greve e o governo de Iván Duque estão paradas. Diógenes Orejuela, dirigente da Central Unitária dos Trabalhadores (CUT) e porta-voz do Comité, afirmou que a proposta avançada pelo governo de realizar negociações a nível regional com representantes do Comité da Greve em cada departamento, com a participação dos governadores e presidentes dos municípios, é uma «acção para os enganar», informa a TeleSur. Para o Comité, não se trata de negociações mas de «simulacros e negociações para enganar os colombianos», o que é «uma grande falta de respeito para com o país, com os milhões de colombianos que se manifestaram em mais de 800 municípios», disse Orejuela. Com esta atitude, sublinhou, o governo não se pode queixar de que o país está a ser prejudicado pelas greves e as manifestações. «É o país que é terrivelmente prejudicado por este presidente, Iván Duque», frisou. No domingo, na cidade de Cáli, uma das cidades onde há registo de mais mortos, feridos e desaparecidos na sequência da repressão policial e militar exercida sobre os manifestantes, milhares de pessoas inauguraram o Monumento à Resistência no chamado Puerto Resistencia, local de grandes protestos antigovernamentais. «Sabem porque é o melhor monumento da Colômbia? Porque o fez o povo sem descansar; trabalharam dia e noite com as suas mãos e dignidade para homenagear a luta e os que nela caíram. Obrigado, Puerto Resistencia», disse à Prensa Latina Francisco Romero, presente no local durante a inauguração. Feliciano Valencia, senador pelo Movimento Alternativo Indígena e Social, destacou aquilo que foi alcançado neste «paro nacional», que já vai em 49 dias, como travar a reforma tributária e a reforma de Saúde, a renúncia do ministro das Finanças, Alberto Carrasquilla, bem como da ministra dos Negócios Estrangeiros, Claudia Blum, e do comandante da Polícia de Cáli, Juan Carlos Rodríguez, entre outras coisas. No sábado, houve grandes mobilizações em vários pontos do país, sendo uma das maiores a que ocorreu na cidade de Medellín. Além disso, registaram-se cortes de estrada em diversos locais. Com o que realizaram em Cajamarca (departamento de Tolima), os manifestantes quiseram denunciar a ausência de respostas do governo a temas como a brutalidade policial e a acção dos paramilitares. Na região do Catatumbo (departamento de Norte de Santander, no Nordeste do país), indivíduos que se identificaram como «paramilitares» atacaram agricultores que se manifestavam, chamando-lhes «guerrilheiros», batendo-lhes e roubando-lhes telemóveis. Depois, efectuaram pelo menos 150 disparos, ferindo múltiplos manifestantes, também com «armas traumáticas», segundo refere o Equipo Jurídico Pueblos. O mesmo organismo denunciou, esta segunda-feira, que «paramilitares» mantiveram retidos por várias horas representantes dos camponeses, defensores dos direitos humanos e o governador do departamento de Norte de Santander na Escola Mercedes 2. Enquanto isto ocorria, denunciou o Equipo Jurídico Pueblos, agentes da Polícia Nacional entraram e saíram da escola sem qualquer restrição. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. As mobilizações contra as políticas neoliberais do governo de Iván Duque continuaram em vários pontos do país, apesar de, na segunda-feira, o Comité da Greve ter anunciado que ia interromper temporariamente estas iniciativas, que têm tido lugar no país sul-americano deste 28 de Abril último. Numa conferência de imprensa, representantes do Comité justificaram a decisão com o facto de o governo de Duque não ter reconhecido o pré-acordo sobre garantias mínimas para o exercício do direito à manifestação e com a necessidade de proteger os manifestantes da violência. No entanto, a decisão não foi bem acolhida por múltiplos sectores, que anunciaram que iam continuar a fazer greve e a protestar contra o governo «criminoso» de Duque nas ruas do país. Também houve manifestações nas cidades de Pasto (Nariño) e Bucaramanga (Santander), onde foi denunciada a presença e a acção repressiva do Esmad em zonas residenciais. De acordo com a informação divulgada esta terça-feira pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz), 70 pessoas foram assassinadas desde o início da greve na Colômbia, sendo que 46 homicídios terão sido perpetrados pelas forças policiais. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. No entanto, o governo de Duque recusou-se a assinar um pré-acordo negociado com o Comité da Greve com vista a garantir o direito ao protesto. O Comité decidiu então mudar de estratégia, abandonando as ruas para «proteger as vidas dos manifestantes», isto porque, acrescentou, o governo iria avançar para utilização da força de forma desmedida. Representantes do Comité da Greve anunciaram então um novo plano, que passa pela criação de projectos de lei sobre assuntos contidos no caderno reivindicativo de emergência, que serão entregues ao Congresso no próximo dia 20 de Julho. O Comité anunciou para esse dia uma mobilização que terá como lema «Pela vida, paz, democracia e contra as políticas neoliberais do governo de Duque». No entanto, diversos sectores que integram o Comité manifestaram discordância com uma estratégia que passa por abandonar as ruas, tendo decidido continuar a promover a realização de protestos contra o governo de Duque. As organizações não governamentais Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) e Temblores apresentaram esta segunda-feira um relatório intitulado «Cifras de la violencia en el marco del Paro Nacional 2021» (Números da violência no contexto da Greve Geral 2021), centrado no grande número de manifestações ocorridas nos últimos dois meses e que «foram alvo do uso de violência por parte das forças de segurança». O estudo dá conta de 75 homicídios, dos quais 44 terão sido cometidos pelas forças de segurança. Informa ainda que, entre 28 de Abril e 28 de Junho, 83 pessoas sofreram lesões oculares e 28 foram vítimas de diversas formas de violência sexual. O Indepaz e a Temblores registaram ainda 1832 casos de detenções arbitrárias e 1468 casos de denúncia de violência física por parte dos corpos policiais. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Na cidade de Cáli, que ganhou o epíteto de «epicentro da repressão», o Esmad atacou as concentrações na conhecida Ladeira da Dignidade. Em Usme, Bogotá, os manifestantes, apesar da forte repressão, foram resistindo, revelou o Colombia Informa. Na cidade de Medellín (departamento de Antioquia), Polícia e Esmad usaram armas não autorizadas como latas vazias de gás lacrimogéneo cheias com pólvora, perdigões, objectos metálicos e vidros, entre outras. O Esmad atacou, inclusive, um concerto na zona de Parques del Río-Medellín, usando gás lacrimogéneo e bombas atordoantes contra as personas que ali se encontravam. De acordo com a organização Temblores, entre 28 de Abril e 26 de Junho, registaram-se pelo menos 4687 casos de violência policial (sem incluir os desaparecimentos). O organismo referido contabilizou mais de 80 homicídios, a maioria dos quais provocados pela Polícia¸ 1617 vítimas de violência física, 82 de agressões oculares, 228 de disparos de arma de fogo, 28 de violência sexual e 2005 detenções arbitrárias de manifestantes. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Na recepção do prémio, Duque esteve a milhas desta realidade, afirmando que a «democracia colombiana será um farol no hemisfério». O rei espanhol também andou por outras paragens. O Indepaz regista quase 90 massacres em 2021, com um saldo superior a 300 vítimas no país, mas Felipe VI diz que a «democracia colombiana se mantém sólida». Rei espanhol, presidente colombiano e demais figuras ilustres da associação de juristas também parecem não ter dado grande importância a um relatório recente do Banco Mundial, de acordo com o qual o país sul-americano é o segundo com maior nível de desigualdade na América Latina. Para a noção de «democracia» desta associação também parecem não contar os dados oficiais do Departamento Administrativo Nacional de Estatística (DANE), de acordo com os quais quase metade dos trabalhadores colombianos (48%) tem trabalhos informais. O mesmo organismo revelou, em Abril deste ano, que há na Colômbia 21 milhões de pessoas em situação de pobreza (42,5% da população) e mais de sete milhões em pobreza extrema (com rendimentos inferiores a 128 euros por mês). Ainda assim, ao que parece, reina «a paz e a liberdade» em Nariño, Cauca e Valle, e daí até La Guajira, Colômbia afora. Os «pecados» moram ao lado, na Venezuela e nas suas amigas Nicarágua e Cuba. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
A Colômbia, premiada pela «democracia»
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167 líderes indígenas assassinados durante a presidência de Iván Duque
200 ex-combatentes das FARC-EP assassinados
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109 dirigentes sociais e 34 ex-guerilheiros
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Quatro dias seguidos de protestos e forte repressão na Colômbia
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Ao 15.º dia de greve, enormes manifestações contra o governo de Duque
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Colômbia: noite de forte repressão provoca vários mortos e feridos
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Pobreza, fome, abandono da população pelo Estado
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Governo colombiano deu ordens para militarizar Cáli
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Mão pesada de Duque e solidariedade internacional
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Repressão em Bogotá, Popayán e Barranquilla: «pão e circo» garantidos
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Pão e circo
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Denúncias de repressão policial em várias cidades
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Dois meses de «paro nacional» e os protestos na Colômbia não param
Conquistas da luta e divisão no seio dos «organizadores»
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Na Colômbia, os protestos não param e as denúncias de abusos também não
Denúncias de abusos também em Bogotá e Medellín
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Continuam as mobilizações contra o governo de Duque na Colômbia
Louvor à Resistência popular em Cáli
Paramilitares atacam agricultores em Norte de Santander
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Indepaz e Temblores reportam 75 assassinatos no contexto dos protestos
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No mesmo dia, o organismo de defesa da paz deu conta do assassinato do dirigente social Edwin Tapia, também no departamento de Córdoba, e da «reconhecida líder social» Claudia Ordonez, em Jamundí (departamento de Valle del Cauca), a cujo concelho era candidata.
Com estes três casos, o Indepaz regista 116 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos assassinados na Colômbia este ano e 1530 desde a assinatura dos acordos de paz entre as FARC-EP e o governo colombiano, em Novembro de 2016.
Exigência de garantias para os signatários do acordo de paz
Recentemente, foram assassinados no país sul-americano vários signatários deste acordo. Os dados do Indepaz apontam para 28 em 2023 (384 desde que o acordo de paz foi assinado).
Precisamente por isto, na semana passada, a Componente Comunes do Conselho Nacional de Reincorporação (CNR) exigiu garantias ao Estado da Colômbia para salvaguardar a vida daqueles que largaram as armas (guerrilha das FARC-EP) e subscreveram o acordo de paz.
«Nós, signatários da paz, exigimos que se materialize o compromisso do Estado colombiano de prestar garantias sólidas para o exercício da política, o reforço do tecido social e a reconciliação do povo colombiano», afirmou o CNR num comunicado citado pela Prensa Latina.
No que se refere a massacres (com três ou mais vítimas mortais), o Indepaz registou quatro entre os dias 24 e 25 de Agosto, com um saldo de 14 mortos. Desde o início do ano até ao fim de Julho, o organismo havia documentado 56 massacres; em Agosto, confirmou mais sete.
Aposta na «Paz Total»
Desde que assumiu a Presidência do país sul-americano, há pouco mais de um ano, Gustavo Petro lançou propostas e iniciativas no âmbito de uma política que busca aquilo que designou como «Paz Total».
Num acto em Bogotá, com a presença de cerca de 3000 pessoas de territórios afectados pelo conflito, governo e Exército de Libertação Nacional (ELN) oficializaram o Comité Nacional da Participação. Governo da Colômbia e ELN deram início, oficialmente, esta quinta-feira, a um cessar-fogo por 180 dias, no contexto da política de Paz Total promovida pelo executivo de Gustavo Petro, que discursou no evento, assim como representantes das delegações das partes envolvidas nas negociações. Na capital do país sul-americano, numa cerimónia liderada pelo presidente Petro, procedeu-se à instalação do Comité Nacional de Participação – uma instância provisória, integrada por 81 delegados, ontem apresentados, que representam organizações sociais, sindicais, empresariais, movimentos de vítimas, entre outros sectores. A função deste Comité consiste em recolher contributos e reunir solicitações da sociedade e levá-los à mesa de diálogo, com vista a erradicar a violência. Num encontro em Dabeiba (Antioquia), o presidente colombiano referiu-se ao que parece ser o primeiro acordo das conversações de paz que decorrem em Caracas e pediu que se alargue a todo o país. Ao discursar num encontro com dirigentes sociais e juntas de acção comunal do Ocidente de Antioquia, Gustavo Petro fez uma breve referência ao que parece ser o primeiro resultado positivo das negociações de paz entre o governo colombiano e o Exército de Libertação Nacional (ELN), em Caracas (Venezuela). Em Dabeiba, Petro anunciou este sábado que o seu executivo chegou a um acordo com a guerrilha para que as comunidades indígenas Embera possam regressar às zonas do departamento de Antioquia de onde foram expulsas pelo conflito armado, refere o diário El Espectador. «Com o ELN teve início uma conversação, um diálogo de paz. O primeiro ponto de acordo que alcançámos com o ELN, na escassa semana que estes diálogos têm, é que se permite o regresso das populações deslocadas por essa organização de territórios indígenas Emberas aos seus resguardos, com garantia de não repetição e de retorno», disse Petro num discurso de cerca 45 minutos centrado na realidade do departamento de Antioquia. O presidente colombiano pediu que este acordo se alargue ao resto do país. «O retorno deve ser possível em todo o território nacional para qualquer grupo étnico da população», afirmou. O projecto de lei 181/2022 ou iniciativa da Paz Total, proposta pelo governo de Gustavo Petro, foi aprovada esta segunda-feira, no Senado, como política de Estado na Colômbia. O texto do projecto de lei 181/2022, que modifica a Lei de Ordem Pública em vigor desde 1997, foi aprovado por ampla maioria, com 62 votos a favor e 13 contra, segundo informa o Senado da República na sua conta de Twitter. De acordo com a norma aprovada, a política de Paz Total é definida como política de Estado e o presidente da República, Gustavo Petro, passa a ter poder para convocar negociações e assinar acordos com grupos ilegais e armados organizados no país, que assumem carácter vinculativo. A direita insistiu nas questões do «cumprimento da lei», da «segurança» e da «não impunidade» – tudo aquilo que é acusada de não promover, por diferentes vias, no seu longo historial de governação no país sul-americano. Já a maioria favorável à iniciativa do executivo de Petro mostrou-se exultante, num tempo em que as armas continuam a fazer vítimas entre a população civil, dirigentes sociais, defensores do ambiente e dos direitos humanos. «A Paz Total é a bússola que norteará a mudança que o país requer, e constrói-se a partir da justiça ambiental, social e económica. É hora de a Colômbia ter uma política de segurança humana assente no diálogo. Hoje dizemos Sim à Paz Total», escreveu a ministra do Ambiente, Susana Muhamad, na sua conta de Twitter. Gustavo Petro propôs este sábado aos diversos grupos armados no país sul-americano um cessar-fogo multilateral, com o intuito de iniciar um processo de negociação e alcançar a «paz total». Ituango, no departamento de Antioquia, foi palco este sábado do segundo Posto de Comando Unificado (PCU) pela Vida promovido pelo governo colombiano, uma iniciativa para analisar a situação humanitária e de violência existente na região. No final do encontro, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, disse que se tratou de um convite às autoridades locais, municipais e departamentais para promover a discussão entre os cidadãos sobre a região e o território que querem. No início deste mês, o executivo colombiano, em conjunto com várias organizações de direitos humanos, definiu os 65 municípios onde os dirigentes sociais correm maiores riscos e onde há necessidade de intervir nas comunidades para proteger a vida dos mais vulneráveis. Antes de Ituango, o município de Caldono (departamento do Cauca) foi o primeiro a acolher um PCU pela Vida promovido pelo governo de Petro, com o objectivo de ouvir as populações mais vulneráveis, conhecer em primeira mão as suas preocupações e travar a violência. Este sábado, Petro informou que «todos os grupos presentes no território de forma ilegal enviaram cartas ao governo dizendo que querem paz». Advertiu, no entanto, que essas comunicações «são palavras, papéis, expressam um clima, uma atmosfera de possibilidades de diálogo e de negociação», sendo necessário passar das palavras às acções e iniciar processos de diálogo, refere a Prensa Latina. Na companhia do ministro do Interior, Alfonso Prada, e do ministro da Defesa, Iván Velásquez, Petro esclareceu que «as acções implicam que deve haver negociadores legítimos desses grupos para falar com o Estado» e que poderiam começar com «um cessar-fogo multilateral de hostilidades». «Proponho a estes grupos em todo o país um cessar-fogo multilateral; a segurança humana mede-se com vidas e por isso faço esta proposta», disse, citado pela TeleSur, o chefe de Estado, que tem como elemento fundamental do seu programa de governo alcançar a «paz total» com as várias estruturas armadas no país. Nesse sentido, pretende implementar na íntegra o acordo de paz alcançado em 2016 entre as ex-Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP) e o governo liderado pelo então presidente Juan Manuel Santos. Também já tiveram lugar os primeiros contactos com os dirigentes do Exército de Libertação Nacional (ELN) para retomar as conversações de paz interrompidas durante o governo do ex-presidente Iván Duque (2018-2022). Outro ponto que o actual presidente colombiano deixou claro é que o seu executivo vai combater a ilegalidade no país, nomeadamente as economias que financiam a guerra e promovem a violência. Agentes da Polícia do departamento de Antioquia encontraram e detonaram, este sábado, um artefacto explosivo no município de Ituango, minutos antes de Gustavo Petro ali chegar para se reunir com a população e autoridades locais, informa a TeleSur. O artefacto foi detonado de forma controlada, e o comandante da Polícia de Antioquia, coronel Daniel Mazo, disse que «em momento algum a vida do presidente esteve em risco». A candidatura do Pacto Histórico, coligação de forças progressistas e de esquerda, venceu as eleições presidenciais na Colômbia. Petro definiu o triunfo como «histórico» e defendeu a aposta na paz. Com a totalidade dos votos escrutinados, a candidatura do Pacto Histórico, integrada por Gustavo Petro e Francia Márquez, obteve 11 281 013 votos (50,44%) na segunda volta das eleições presidenciais, celebradas este domingo. Já a candidatura apoiada pelas forças de direita, composta por Rodolfo Hernández e Marelen Castillo, alcançou 10 580 412 votos (47,31% dos votos válidos), informaram as autoridades eleitorais colombianas. Conhecidos os resultados, Petro e Francia Márquez dirigiram-se para o coliseu Movistar Arena, em Bogotá, onde se juntaram a milhares de apoiantes que ali festejavam o triunfo do Pacto Histórico, num país onde os governos, por norma, são conservadores de direita e extrema-direita. «É história aquilo que estamos a escrever neste momento, uma história nova para a Colômbia, para a América Latina, para o mundo», disse o novo presidente eleito, sublinhando que aquilo que aí vem é «uma mudança real» e que não irá trair o eleitorado que «gritou ao país, à história, que a partir de hoje a Colômbia muda». Num discurso conciliador, Gustavo Petro afirmou que não se trata de uma «mudança para nos vingarmos, uma mudança para construir mais ódios, uma mudança para aprofundar o sectarismo na sociedade colombiana». O chefe do novo governo, que tomará posse a 7 de Agosto, destacou ainda que a força expressa pelo povo nas urnas vem de longe, de gerações que já não estão, porque as forças que contribuíram para o triunfo do Pacto são um acumulado de cinco séculos de resistência e rebeldia contra a injustiça, a discriminação e a desigualdade. Num coliseu em festa, Gustavo Petro sublinhou que o objectivo primordial do seu mandato é a paz. «Significa que não vamos, a partir deste governo, utilizar o poder em função de destruir o oponente. Significa que nos perdoamos. Significa que a oposição que teremos […] será sempre bem-vinda ao Palácio de Nariño para dialogar sobre os problemas da Colômbia», afirmou, citado pela Prensa Latina. Falando para milhares de pessoas, Petro disse que «não pode continuar o clima político que acompanha os colombianos neste século de ódios, de confrontos, literalmente de morte, de perseguições, de isolamento». Com o governo que irá liderar, acaba-se a perseguição política, a perseguição jurídica, «haverá apenas respeito e diálogo», disse, insistindo na criação de um grande pacto, que deve abranger toda a sociedade. Francia Márquez, vice-presidente eleita da Colômbia, saudou todos os sectores que tornaram possível o triunfo do Pacto Histórico, tendo afirmado que, ao cabo de 214 anos, se deu um passo muito importante: «alcançámos um governo do povo.» «Vamos reconciliar este país, pela paz, sem medo, pela vida, pelas mulheres, pelos direitos da comunidade diversa LGTBQI+, pelos direitos da Mãe Terra, para erradicar o racismo estrutural», afirmou. Lembrando todos aqueles que sofrem a violência e desigualdade no país, teve ainda palavras de reconhecimento para quem perdeu a vida nas lutas da Colômbia. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Recorde-se que, no passado dia 24, os veículos que seguiam à frente na caravana presidencial, entre os municípios de El Tarra e El Porvenir (departamento de Norte de Santander), foram alvo de um ataque com armas de fogo de longo alcance. Entretanto, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) deu conta de múltiplos massacres perpetrados no país sul-americano na última semana. Só entre 24 e 28 de Agosto foram cometidos seis, nos departamentos de Valle del Cauca, Bogotá, Nariño, Norte de Santander, Atlántico e Cauca, com um saldo de 19 vítimas mortais. Os registos do Indepaz apontam para 72 massacres na Colômbia em 2022. O organismo de defesa da paz – que dá conta de várias ameaças à vida de dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos – indica ainda que 121 dirigentes foram assassinados desde o início do ano. O último foi a indígena Adriana del Rocío Guerrero Tarapuez, no passado dia 26. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Por seu lado, a senadora indígena Martha Peralta Epieyú afirmou que «vale a pena mil vezes tentar a paz do que continuar sempre em guerra», acrescentando que é preciso que «a paz comece a chegar aos territórios». Mostrando-se muito satisfeita com a aprovação do projecto de lei da Paz Total, a líder do Movimento Alternativo Indígena e Social, que integra a coligação de apoio a Petro, disse não «estar de acordo com a retirada do artigo que permitia indultos a manifestantes». «Foram jovens que vieram para as ruas protestar contra uma política acumulada de 200 anos de fome», criticou na sua conta de Twitter, afirmando que vai solicitar que o tema seja debatido no Congresso. Já Fabian Díaz, senador da Aliança Verde, disse que «a paz merece todas as oportunidades que permitam salvar vidas e levar tranquilidade às terras que hoje em dia não conseguem dormir». A bancada dos Comunes saudou todos os esforços com vista à paz completa na Colômbia e referiu que a iniciativa se torna mais forte com a implementação integral do Acordo de Paz, refere a TeleSur. Defendeu ainda que esta nova lei será um quadro jurídico que permite levar a bom termo a cessação de hostilidades e a protecção dos direitos das comunidades mais afectadas pela violência. No início deste mês, comissões do Senado e da Câmara dos Representantes aprovaram o primeiro debate do projecto de lei enviado pelo Governo, com vista ao início de negociações com o Exército de Libertação Nacional (ELN). Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Referindo-se ao acordo alcançado, sublinhou a necessidade do «fim das hostilidades» em Murindó, de tal modo que «a população afro e indígena possa pelo menos começar a viver em paz». Segundo refere El Espectador, as comunidades Emberas em Murindó foram obrigadas a sair dos seus territórios pelo menos desde 2021, devido à acção de grupos armados, incluindo o ELN, e às minas antipessoais. As situações de violência e conflito armado na região foram reportadas em múltiplas ocasiões pelo Provedor de Justiça, a Organização Indígena de Antioquia e Organização Nacional Indígena da Colômbia, com presença activa do ELN e de grupos paramilitares. No âmbito da política de Paz Total promovida pelo governo de Petro, as conversações com o ELN começaram no passado dia 21 de Novembro em Caracas, capital da Venezuela. Figuras públicas e partidos políticos do país sul-americano congratularam-se com este primeiro acordo, que teve amplo destaque na imprensa colombiana. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. «O objectivo da participação é o de construir uma agenda de transformações que implique um grande acordo nacional para ultrapassar o conflito armado e social», disse na ocasião a delegada da parte governamental na mesa de negociações, Nigeria Rentería. Por seu lado, a delegada do ELN, Consuelo Tapias, destacou a necessidade de ser «eficazes» e «concretizar factos de paz» de modo a «parar as ameaças e mortes de dirigentes nos territórios», indica a TeleSur. Com o Comité Nacional de Participação, procura-se dar cumprimento a quatro objectivos fundamentais: apresentar um plano para promover e facilitar a intervenção da sociedade; promover e desenvolver espaços de diálogo; sistematizar as diferentes propostas dos processos sociais convocados; contribuir para a construção do Acordo Nacional. O titular da delegação do ELN, Pablo Beltrán, destacou, durante o evento, a importância do trabalho com participação da sociedade para «construir uma visão comum de paz» e saudou a presença de centenas de habitantes de regiões distantes do país, que historicamente mais sofreram com a guerra. «Comove-me ver pessoas de todos os recantos do país, que passaram mais de um dia num autocarro para estar aqui», disse. Já o presidente da Colômbia exortou o Congresso a assumir a responsabilidade histórica de transformar este acordo numa norma para a sociedade. «É convocando todas as forças políticas da sociedade colombiana a ajudar a forjar o Acordo Nacional e a torná-lo realidade», sublinhou Petro no seu discurso. «Então, pergunto ao Congresso da República de hoje: Está disposto a assumir a responsabilidade histórica de tornar vinculativo, ou seja, norma da sociedade os desenvolvimentos de um Acordo Nacional na Colômbia?», questionou. A instalação do Comité Nacional de Participação, esta quinta-feira, segue-se à assinatura, no passado dia 9 de Junho, por representantes do governo colombiano e da ELN, dos chamados Acordos de Cuba, durante o terceiro ciclo de conversações de paz, celebrado em Havana. Então, dando cumprimento ao acordo, a Mesa de Diálogo foi declarada em «actividade permanente», e foi decretado um cessar-fogo bilateral, que ontem entrou em vigor, por um período de seis meses, que contará com um mecanismo de verificação liderado pelas Nações Unidas. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Governo colombiano e ELN iniciam cessar-fogo com participação da sociedade
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Petro anuncia acordo com o ELN para regresso de indígenas às suas zonas
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Senado colombiano aprova a política de Paz Total promovida por Petro
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Presidente colombiano propõe cessar-fogo multilateral
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Gustavo Petro quer escrever uma «história nova» para a Colômbia
A paz como aposta central
«Alcançámos um governo do povo»
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No terreno, promoveu e continua a realizar reuniões envolvendo associações populares e outros agentes implicados na construção dos territórios, sublinhando que, nessa construção, «não manda a espingarda, a violência e o massacre, mas o povo».
Destacou igualmente que essa meta não pode ser desligada da «justiça social» e da superação de um modelo vigente «há décadas na Colômbia e repetido no mundo, a que chamam neoliberalismo e que já não dá respostas à humanidade».
Em Julho último, no Congresso, por ocasião do início de uma nova legislatura, afirmou que existem no país «possibilidades de paz que podemos aproveitar», tendo pedido o apoio de deputados e senadores.
«A Paz Total implica um território inclusivo, uma sociedade inclusiva, uma diminuição substancial da desigualdade social, uma sociedade onde a toda a juventude possa sentir que tem futuro», defendeu.
Também no âmbito dessa política, governo da Colômbia e Exército de Libertação Nacional (ELN) deram início, oficialmente, no dia 3 de Agosto, a um cessar-fogo por 180 dias, cujo mecanismo de verificação está a ser implementado.
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