O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) confirmou, este sábado, a morte de William Alberto Álvarez Domínguez, funcionário da Provedoria de Justiça (Defensoria do Povo) no departamento de Córdoba.
Álvarez foi morto quando prestava assistência a uma família de camponeses que procurava escapar das intimidações do grupo paramilitar Autodefensas Gaitanistas de Colombia (AGC).
Sobre o caso, a Fundación Cordoberxia de direitos humanos disse que o funcionário público estava a «levar a cabo actividades de carácter humanitário» quando foi agredido com «um punhal de design militar de carácter táctico».
Apesar de socorrido com urgência e levado para um hospital em Puerto Libertador, Álvarez Domínguez, que era advogado e pertencia ao SINDHEP – Sindicato de Defensoras y Defensores de Derechos Humanos de la Defensoría del Pueblo de Colombia, não resistiu.
No mesmo dia, o organismo de defesa da paz deu conta do assassinato do dirigente social Edwin Tapia, também no departamento de Córdoba, e da «reconhecida líder social» Claudia Ordonez, em Jamundí (departamento de Valle del Cauca), a cujo concelho era candidata.
Com estes três casos, o Indepaz regista 116 dirigentes sociais e defensores dos direitos humanos assassinados na Colômbia este ano e 1530 desde a assinatura dos acordos de paz entre as FARC-EP e o governo colombiano, em Novembro de 2016.
Exigência de garantias para os signatários do acordo de paz
Recentemente, foram assassinados no país sul-americano vários signatários deste acordo. Os dados do Indepaz apontam para 28 em 2023 (384 desde que o acordo de paz foi assinado).
Precisamente por isto, na semana passada, a Componente Comunes do Conselho Nacional de Reincorporação (CNR) exigiu garantias ao Estado da Colômbia para salvaguardar a vida daqueles que largaram as armas (guerrilha das FARC-EP) e subscreveram o acordo de paz.
«Nós, signatários da paz, exigimos que se materialize o compromisso do Estado colombiano de prestar garantias sólidas para o exercício da política, o reforço do tecido social e a reconciliação do povo colombiano», afirmou o CNR num comunicado citado pela Prensa Latina.
No que se refere a massacres (com três ou mais vítimas mortais), o Indepaz registou quatro entre os dias 24 e 25 de Agosto, com um saldo de 14 mortos. Desde o início do ano até ao fim de Julho, o organismo havia documentado 56 massacres; em Agosto, confirmou mais sete.
Aposta na «Paz Total»
Desde que assumiu a Presidência do país sul-americano, há pouco mais de um ano, Gustavo Petro lançou propostas e iniciativas no âmbito de uma política que busca aquilo que designou como «Paz Total».
No terreno, promoveu e continua a realizar reuniões envolvendo associações populares e outros agentes implicados na construção dos territórios, sublinhando que, nessa construção, «não manda a espingarda, a violência e o massacre, mas o povo».
Destacou igualmente que essa meta não pode ser desligada da «justiça social» e da superação de um modelo vigente «há décadas na Colômbia e repetido no mundo, a que chamam neoliberalismo e que já não dá respostas à humanidade».
Em Julho último, no Congresso, por ocasião do início de uma nova legislatura, afirmou que existem no país «possibilidades de paz que podemos aproveitar», tendo pedido o apoio de deputados e senadores.
«A Paz Total implica um território inclusivo, uma sociedade inclusiva, uma diminuição substancial da desigualdade social, uma sociedade onde a toda a juventude possa sentir que tem futuro», defendeu.
Também no âmbito dessa política, governo da Colômbia e Exército de Libertação Nacional (ELN) deram início, oficialmente, no dia 3 de Agosto, a um cessar-fogo por 180 dias, cujo mecanismo de verificação está a ser implementado.
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