Segundo os dados divulgados pelo Serviço Eleitoral do Chile, o «sim» a uma nova Constituição no plebiscito realizado este domingo recolheu 5 886 202 votos (78,27% dos votos expressos) e o «não» 1 634 085 votos (21,73%). A participação rondou os 51% dos cidadãos habilitados para votar.
Na capital, horas antes do encerramento dos locais de votação (20h), as pessoas começaram a juntar-se na praça baptizada como Praça da Dignidade, local emblemático e de grandes manifestações para o movimento social após a revolta iniciada a 18 de Outubro de 2019.
Com o passar das horas, as centenas tornaram-se milhares e centenas de milhares – na praça e nas avenidas que nela desembocam. Viam-se bandeiras nacionais e do povo Mapuche, bandeiras do movimento a favor de uma nova Constituição e da campanha pela Convenção Constituinte (em que todos os delegados são eleitos pela população) – opção também amplamente vitoriosa sobre a Convenção Mista (composta por deputados em funções e delegados eleitos por votação popular).
Fogo de artifício, cânticos como «El pueblo unido jamás será vencido» e raios laser a iluminar a praça também fizeram parte da festa, que, indica a Prensa Latina, se repetiu em vários outros pontos de Santiago, cujas avenidas eram percorridas por caravanas de automóveis ruidosos.
Ao longo do dia, nas urnas, o povo chileno ratificou uma das exigências a que milhões deram expressão nas ruas ao longo de um ano, desde Outubro de 2019. Este domingo marca o fim da Constituição imposta pela ditadura em 1980, mesmo com as reformas sofridas nas últimas três décadas.
Agora, inicia-se um processo longo que incluirá a eleição e a designação dos membros da Convenção Constitucional, que terão a responsabilidade de redigir a nova Constituição e de nela expressar as exigências populares. O papel da mobilização social não terminou no Chile, bem pelo contrário.
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