Os festejos ficaram marcados pelo acender de um candeeiro Coleman (tipo Petromax), um dos símbolos associados a uma campanha que foi concebida logo após o triunfo da Revolução Sandinista, em 1979, que seria lançada a 23 de Março de 1980 e se prolongou até 23 de Agosto desse ano, com o objectivo de combater uma de várias heranças negras da ditadura somozista: metade da população analfabeta.
A cultura – refere a agência Prensa Latina – foi a grande protagonista da jornada nacional de celebrações, com danças típicas, música e muitas actividades, que contaram com ampla participação dos jovens.
Arturo Collado, representante na Nicarágua da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), sublinhou o empenho do país centro-americano em deixar para trás o analfabetismo, cujo fim oficial foi declarado em 2009.
Quando a oficialmente designada Cruzada Nacional de Alfabetização «Heróis e Mártires pela Libertação da Nicarágua» chegou ao fim, a taxa de analfabetismo desceu de 50,35% para 12,96%. No entanto, durante os governos de direita (1990-2006), o analfabetismo voltou a aumentar no país, chegando aos 21 pontos percentuais.
A Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN) voltou ao poder em 2007 e, com isso, regressou à Nicarágua a determinação em acabar com o analfabetismo. Dois anos mais tarde, a taxa desceu para 3,56%, uma conquista que a Unesco reconheceu, declarando o país livre de analfabetismo.
Agora, uma das prioridades do governo de Daniel Ortega é a eliminação absoluta do fenómeno, contando para tal com o apoio de organizações de docentes que estão comprometidas em atingir essa meta.
Agradecimento a Cuba
Na jornada nacional, não faltou o agradecimento ao povo de Cuba pelo contributo dado à campanha de alfabetização no maior país da América Central, pois a Ilha participou nesse processo com profissionais da educação e na formação de pessoal qualificado para assumir a docência.
Esse apoio, lembrou Orlando Pineda, presidente da Asociación de Educación Popular, não se circunscreveu apenas à fase da cruzada, mas continuou anos mais tarde com o programa de aprendizagem «Yo sí puedo» (Sim, eu posso).
De acordo com dados oficiais, entre 2002 e 2016, mais de dez milhões de pessoas em 30 países aprenderam a ler e a escrever com esta ferramenta de ensino, que permitiu a vários países do continente serem declarados livres de analfabetismo pela Unesco.
Pelos seus excelentes resultados, o programa recebeu o Prémio Unesco de Alfabetização 2006 Rei Sejong, que foi atribuído ao Instituto Pedagógico Latino-americano e das Caraíbas, com sede em Cuba.