«O número total [de menores detidos nos EUA] é de 103 mil», afirmou ontem à AFP, em Genebra, Manfred Nowak, perito independente da ONU e principal autor do «Estudo Global das Nações Unidas sobre os Menores Privados de Liberdade».
Nowak, que foi nomeado para o cargo em 2016 e apresentou o estudo, com as suas conclusões e recomendações, em Outubro último, caracterizou as estimativas como «conservadoras», explicando, ainda assim, que os números revelados se baseiam em dados oficiais e em fontes complementares «muito fiáveis».
O especialista precisou que o número referido – 103 mil menores – abrange crianças que chegaram sozinhas aos Estados Unidos e também as que estão detidas com os seus familiares e as que foram separadas dos seus pais antes da detenção.
A nível mundial, o estudo aponta para cerca de 330 mil menores detidos em 80 países por questões ligadas à migração, o que significa que os EUA são responsáveis por quase um terço dos casos registados.
O estudo analisou violações da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança, que determina que a detenção de menores seja «apenas uma medida de último recurso e pelo menor período de tempo», refere a agência Sputnik.
Os EUA são o único Estado-membro da Organização das Nações Unidas que não ratificou a convenção, que entrou em vigor em 1990. No entanto, Nowak frisou que esse facto não absolve a administração de Donald Trump de transgressões relativas à detenção de crianças migrantes na fronteira Sul, com o México.
«A detenção de crianças relacionada com a migração nunca deve ser considerada […] no interesse da criança. Existem sempre alternativas», disse Nowak aos jornalistas em Genebra. «Separar as crianças, como fez o governo Trump, dos seus pais, mesmo crianças pequenas, na fronteira entre o México e os EUA constitui um tratamento desumano para pais e filhos», denunciou.
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