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Mais casos de infiltração policial denunciados em Itália

Depois de, em Maio, ter exposto um caso de espionagem em Nápoles, o Potere al Popolo revelou quatro novos casos de infiltração policial nas suas fileiras em Roma, Milão e Bolonha.

Em conjunto com sindicatos e organizações sociais, o Potere al Popolo tem-se destacado na campanha de mobilizações contra a guerra, a NATO e o rearmamento da UE (imagem de arquivo) Créditos / contropiano.org

A situação foi denunciada pelo partido de esquerda em conjunto com o portal noticioso Fanpage, revelando que vários agentes da Polícia, jovens e recém-formados (haviam frequentado todos o mesmo curso), se aproximaram do partido sobretudo através de uma das suas organizações juvenis – Cambiare Rotta – entre Outubro e Novembro de 2024, pouco antes de entrarem na Direcção Central de Prevenção contra o Crime (órgão centrado na luta antiterrorista).

Nesse período, os agentes participaram activamente em mobilizações contra o aumento do custo de vida, em solidariedade com a Palestina e contra o militarismo. Apesar de algumas «inconsistências» notadas pelos militantes nas suas acções, a sua infiltração foi ao ponto de participarem na eleição de corpos estudantis.

Em Nápoles, Milão e Bolonha, as operações de infiltração prolongaram-se por cerca de oito meses. Não assim em Roma, onde os militantes e activistas da Cambiare Rotta e do Potere al Popolo rapidamente se deram conta de inconsistências na «história» do agente que se tentou aproximar.

No final deste mês, todos os agentes que haviam sido identificados cessaram qualquer contacto com o Potere al Popolo, mas um deles estava presente numa manifestação em Bolonha quando a notícia da infiltração em Nápoles veio a público, no mês passado.

«No momento em que houve uma denúncia pública naquela manifestação em Bolonha, sobre o episódio de Nápoles, essa pessoa desapareceu de um dia para o outro», disse Giuliano Granato, do Potere al Popolo. «Nunca mais tivemos notícias dele», acrescentou.

«Autoritarismo» do governo de Meloni

Ao revelar o caso de Nápoles, em Maio, o partido visado declarou que se tratava de um «sinal preocupante do autoritarismo do governo». Desde então, vários partidos italianos exigiram explicações ao executivo de Giorgia Meloni, mas sem êxito.

A exposição destes novos casos, bem como a denúncia de espionagem a jornalistas, faz aumentar as preocupações quando à «deriva autoritária» do governo de direita no país transalpino.

«Isto mostra-nos o caminho da repressão que este governo está a seguir e fá-lo com – cito as próprias palavras de Giorgia Meloni – "métodos do regime"», disse Anita Palermo, do Potere al Popolo em Roma.

«Apelamos às forças sociais e democráticas, às associações e aos cidadãos para que se mobilizem para que neste país a actividade política possa ocorrer de forma democrática, sem receios de infiltração da Polícia», frisou.

Acção de uma «classe alinhada com a guerra e o rearmamento»

O Potere al Popolo, em conjunto com sindicatos e organizações sociais, tem-se destacado na campanha nacional contra a guerra, a NATO e a agenda de rearmamento da União Europeia.

Tal como em Maio, a Unione Sindacale di Base (USB) voltou a ser uma das vozes mais contundentes na denúncia dos casos de infiltração policial.

Para o sindicato, este novo ataque ao Potere al Popolo «não é apenas uma página negra da democracia» em Itália. «É um retrato do clima cultural, político e de valores de uma classe política claramente alinhada na frente da guerra e do rearmamento», explicou.

«E, quando há um clima de guerra, os primeiros alvos são precisamente aqueles que se opõem de forma clara e sem equívocos, vozes que devem controladas previamente, mesmo quando agem com a máxima transparência», afirma o sindicato no seu portal.

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