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Liga Árabe condena inaguração da «Praça de Jerusalém» em Paris

O organismo denuncia a decisão do município parisiense, por violar resoluções sobre o estatuto de Jerusalém, e critica o convite ao autarca israelita, Moshe Leon, conhecido pelo posicionamento anti-palestiniano.

A inauguração da «Praça de Jerusalém» contou com a presença do autarca israelita da cidade, conhecido pelo seu posicionamento anti-palestiniano e pró-ocupação dos territórios da Palestina
A inauguração da «Praça de Jerusalém» contou com a presença do autarca israelita da cidade, conhecido pelo seu posicionamento anti-palestiniano e pró-ocupação dos territórios da Palestina Créditos / Al-Manar

Em comunicado, o secretário-geral assistente da Liga Árabe para a Palestina e territórios árabes ocupados, Said Abu Ali, condenou a inauguração recente, em Paris, da Praça de Jerusalém.

A medida contou com o apoio expresso da presidente da Câmara Municipal, Anne Hidalgo, que convidou a estar presente na cerimónia o presidente israelita do Município de Jerusalém, Moshe Leon, que, tal como outras personalidades também convidadas e presentes no acto, é conhecido pelo seu posicionamento anti-palestiniano e pelo apoio à ocupação dos territórios palestinianos.

De acordo com o responsável da Liga Árabe, tais personalidades promovem a construção judaica em Jerusalém Oriental ocupada por Israel, onde «são cada vez mais frequentes as actividades dos colonos radicais judeus», refere a Al Manar.

Abu Ali reafirmou a rejeição, por parte da Liga, da decisão de Paris, sublinhando que contradiz as resoluções internacionais, bem como a política francesa de reconhecimento de Jerusalém Oriental como parte integrante da Palestina ocupada.

Solicitando ao Município que reverta a decisão, o secretário-geral assistente destacou que esta constitui «um prémio para a ocupação, encoraja os ocupantes a prosseguirem os crimes contra o povo palestiniano e a aprofundarem as suas práticas racistas e de apartheid, bem como a violação das cartas, leis e resoluções conformes ao direito internacional».

Tais práticas, refere o comunicado, dizem também respeito à «judaização» da cidade de Jerusalém levada a cabo por Israel, assim como à «falsificação da história», que vão contra a existência e os direitos dos árabes, incluindo os árabes cristãos.

Inauguração com protestos

Joel Mergui, presidente da União das Comunidades Judaicas de França, solicitou à Comissão Municipal de Toponímia em Paris que atribuísse a uma praça o nome de «Jerusalém». A aprovação, em Abril deste ano, gerou polémica. Os vereadores do França Insubmissa requereram a anulação da medida, salientando que punha em casa a visão da cidade como capital de um Estado palestiniano.

Já a presidente da Câmara de Paris, Anne Hidalgo (PS), recorreu ao argumento da «violência anti-semita» para lembrar a necessidade de vincar «os laços de amizade que unem Paris a Israel».

A inauguração, que se realizou no passado dia 30 de Junho, ficou marcada pelo protesto de dezenas de pessoas, que, com bandeiras da Palestina e de organizações políticas da esquerda francesa, denunciaram a política de ocupação e apartheid israelita, tendo afirmado que, ao dar o nome de «Jerusalém» a uma praça, a cidade de Paris está a agir do mesmo modo que Donald Trump ao reconhecer essa cidade como capital de Israel e ao mudar para aí a embaixada dos EUA.

Em declarações à imprensa, Olivia Zemor, presidente de uma associação francesa solidária com a Palestina, destacou ainda a gravidade de convidar Moshe Leon, «um racista que deseja desfazer-se de todos os palestinianos».

Outro solidário com a Palestina, Nicolas Shahshahani, afirmou que a presidente da Câmara de Paris seguiu as passadas de Donald Trump, na medida em que este «está sempre pronto a fazer algo mais por Israel».

Recorde-se que, nos tempos mais recentes, os EUA fizeram outras concessões a Israel e ao seu primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, para além do reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel. A saída do acordo nuclear firmado em 2015 com o Irão, a imposição de sanções ao país persa e o reconhecimento da soberania israelita sobre os Montes Golã ocupados são algumas delas.

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