«As autoridades israelitas estão a matar à fome os civis em Gaza», denunciou este domingo, na sua conta de Twitter (X), a agência das Nações Unidas para os refugiados palestinianos (Unrwa).
«Entre eles, há um milhão de crianças», alertou o organismo, exigindo o levantamento do cerco que Israel impõe ao enclave e que lhe seja permitido levar comida e medicamentos às populações.
No dia anterior, a Unrwa afirmou que tinha acumulada em armazéns comida suficiente para toda a população do território palestiniano para mais de três meses.
«Os mantimentos estão disponíveis. Os sistemas estão em funcionamento. Abram os portões, levantem o cerco, permitam que a Unrwa faça o seu trabalho e ajude as pessoas necessitadas, entre elas um milhão de crianças», disse.
Numa outra publicação, a Unrwa volta a relembrar que o actual esquema de distribuição de comida pelo chamado «Fundo Humanitário de Gaza», israelo-norte-americano, «não funciona».
«Durante o cessar-fogo, a ONU, incluindo a Unrwa, provou que pode fornecer alimentos em segurança e em grande escala em toda a Faixa de Gaza», acrescenta, voltando a denunciar os impedimentos por parte de Israel.
Faixa de Gaza «à beira da morte em massa» devido à fome imposta por Israel
«Gaza caminha para um desastre humanitário sem precedentes, enquanto prossegue o extermínio, através de assassinatos e da fome colectiva, contra mais de 2,4 milhões de pessoas, incluindo 1,1 milhões de crianças», declarou este domingo o Gabinete de Imprensa das autoridades palestinianas no enclave.
Num comunicado divulgado pelo portal The Cradle, alerta-se que o território está «à beira da morte em massa devido ao encerramento de todas as passagens pela ocupação israelita durante mais de 140 dias, impedindo a entrada de ajuda humanitária e de emergência, leite infantil e combustível».
Ao implementar «a política de fome» e «apertar completamente o cerco», Israel está a esgotar «os alimentos e os medicamentos» no enclave, acrescenta o texto, sublinhando que «estamos confrontados com o maior massacre da história moderna».
Mais de 70 crianças mortas devido à fome e à má-nutrição
No espaço de 48 horas, pelo menos quatro crianças palestinianas morreram devido à fome e à má-nutrição aguda provocadas pelo bloqueio e a guerra sionistas, sendo o caso mais recente o de uma bebé de quatro anos, este domingo.
Uma fonte médica do Hospital dos Mártires al-Aqsa, na cidade de Deir al-Balah, confirmou que se tratava de Razan Abu Zaher e que o falecimento se devia a complicações decorrentes da má-nutrição aguda.
No sábado, um porta-voz do Hospital Nasser, em Khan Yunis, deu conta do falecimento de Yahya al-Najjar, devido a má-nutrição aguda; no mesmo dia, soube-se do falecimento de um bebé de 35 dias pelo mesmo motivo, na Cidade de Gaza. No dia anterior, Sanaa al-Lahham, menina de um ano e meio, faleceu na unidade hospitalar referida de Deir al-Balah.
De acordo com o Ministério palestiniano da Saúde em Gaza, pelo menos 72 crianças faleceram no enclave devido à fome e à má-nutrição decorrentes do bloqueio imposto por Israel ao território, em Março último.
Os serviços de saúde – à beira do colapso – «estão a tratar centenas de pacientes (adultos e crianças) que sofrem de exaustão extrema e de doenças relacionadas com a fome», refere a agência Wafa, acrescentando que as autoridades de saúde estimam que cerca de 17 mil crianças em Gaza sofram de má-nutrição aguda.
Desde o início da agressão israelita contra a Faixa de Gaza, em Outubro de 2023, pelo menos 58 895 palestinianos foram mortos, enquanto 140 980 ficaram feridos. As vítimas são, na sua maioria, mulheres e crianças, afirma a agência palestiniana, destacando que muitos corpos continuam sob os escombros.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui