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Israelitas arrasam aldeia beduína de al-Araqib pela 143.ª vez

Os bulldozers, protegidos pela Polícia israelita, voltaram a demolir a aldeia «não reconhecida» no deserto do Neguev. Os seus habitantes dizem que a vão reconstruir, como sempre têm feito.

Bulldozers e Exército israelitas destroem uma aldeia beduína no Neguev (foto de arquivo)
Créditos / Middle East Monitor

A aldeia beduína de al-Araqib foi demolida pela 143.ª na quarta-feira, informou ontem a agência Ma'an. Fontes locais revelaram que os bulldozers, escoltados por agentes da Polícia israelita, arrasaram as estruturas residenciais e tendas, deixando mulheres, crianças e idosos ao relento.

De acordo com a Quds Press, os palestinianos de al-Araqib são duramente multados pelo Estado sionista, que lhes imputa os custos dos processos de demolição – e também já foram parar à cadeia na luta pelo reconhecimento da posse das suas terras. Apesar disso, mostram-se determinados em permanecer na aldeia e insistem que «continuarão a reconstruí-la».

Estas demolições levadas a cabo sucessivamente por Israel visam forçar a população beduína a mudar-se para zonas designadas pelo governo israelita. Localizada no deserto do Neguev (Naqab, em arábe), naquilo que é hoje o Sul de Israel, al-Araqib é uma de 34 aldeias beduínas «não reconhecidas» pelo Estado sionista.


As aldeias com este estatuto «desaparecem» dos mapas oficiais, sendo que os seus habitantes não têm morada e vivem sob a ameaça constante de expulsação e de verem as suas casas demolidas. As autoridades israelitas, que não lhes reconhecem os seus direitos sobre a terra e os consideram «ocupantes» em «terras estatais», não lhes fornecem serviços básicos como água e electricidade, e excluem-nos do acesso a serviços de saúde e educação.

De acordo com a imprensa – também israelita –, a expulsão de milhares de palestinianos beduínos do Neguev e o confisco das suas terras estão associados a planos de construção, nomeadamente da expansão da Auto-estrada Trans-Israel.

Estas aldeias «não reconhecidas» foram criadas no Neguev pouco depois da criação do Estado de Israel, no âmbito da qual cerca de 750 mil palestinianos foram expulsos de suas casas e se tornaram refugiados, lembra a Ma'an.

Muitos dos beduínos foram transferidos à força para as aldeias de onde os querem expulsar agora, no período de 17 anos em que os palestinianos que permaneceram em Israel estiveram sob regime militar. Este regime terminou pouco antes de, em 1967, Israel ocupar militarmente a Faixa de Gaza e a Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental.

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