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Irlanda: novo ano académico à porta e estudantes protestam contra crise habitacional

Estudantes reclamaram legislação capaz de os proteger de «esquemas» e da «exploração dos usurários das rendas». Um estudo recente mostra que metade dos estudantes divide um quarto com três ou mais pessoas.

Protesto em Cork, Irlanda, promovido pelo Connolly Youth Movement (CYM) contra a «crise habitacional» no país 
Créditos / CYM

Organizações de jovens e associações de estudantes irlandesas mobilizaram-se para condenar a crise da habitação que o país atravessa, quando se aproxima o início do novo ano académico, em Setembro.

Na semana passada, o Sindicato dos Estudantes na Irlanda (USI, na sigla em inglês) lançou, em conjunto com grupos de defesa do direito à habitação, a campanha «Scam Watch» contra a exploração dos estudantes por parte de «proprietários e usurários das rendas».

O USI exigiu ainda legislação com vista ao controlo das rendas e capaz de garantir habitações a preços acessíveis aos estudantes, refere o Peoples Dispatch.

Partidos como o Sinn Fein acusam o governo de coligação formado por Fianna Fail, Fine Gael e Verdes de não ter estado à altura dos problemas dos estudantes que são inquilinos, abandonando-os às «garras da crise imobiliária».

Campanha Raise the Roof em defesa de uma nova política de habitação

A situação de crise no sector da habitação não é nova no país europeu, marcada pelos preços elevados de rendas e a falta de habitação social, levando a que partidos progressistas e de esquerda, o Connolly Youth Movement (CYM), sindicatos, movimentos pelo direito à habitação, organizações de estudantes, entre outras, tenham lançado a campanha Raise the Roof, em defesa de uma nova política de habitação e contra os despejos.

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Milhares em Dublin pelo direito à habitação

Nas ruas da capital irlandesa foi reforçado o alerta para a crise da habitação, num contexto de preços incomportáveis, com mais pessoas em situação de rua e mais jovens a encarar a perspectiva de emigrar.

Cabeça da manifestação em Dublin, que, segundo a campanha Raise the Roof, juntou 20 mil pessoas pelo direito à habitação 
CréditosFergal Phillips / independent.ie

A mobilização, que teve lugar no sábado, contou com a participação de 20 mil pessoas, de acordo os organizadores – a campanha Raise the Roof, que reúne sindicatos, partidos progressistas e de esquerda, movimentos pelo direito à habitação, organizações de estudantes, associações de defesa dos sem-abrigo, entre outras.

Sinn Fein, People Before Profit, Partido Comunista da Irlanda e Partido dos Trabalhadores da Irlanda foram alguns dos partidos que se fizeram representar na marcha de protesto.

Considerando a gravidade da situação, os manifestantes defenderam que o governo de coligação (conservadores/democratas-cristãos, liberais, verdes e independentes) deve tomar medidas com carácter urgente. Estas devem basear-se numa nova política de habitação, em que os preços sejam acessíveis para todos e possibilitem um nível de vida «decente» às famílias.

Num manifesto que a Raise the Roof tem andado a divulgar e que está acessível na Internet, exige-se igualmente o fim dos despejos, estabilidade para os inquilinos e habitação pública de qualidade.

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Programa Gran Misión Vivienda consolida direito à habitação na Venezuela

O Ministério venezuelano do Habitat e da Habitação revelou, esta quinta-feira, que 4,2 milhões de casas foram construídas ao abrigo do programa surgido por iniciativa do comandante Hugo Chávez.

Créditos / @Minhvi_Oficial

Já há alguns dias que se anunciava que a nova marca ia ser atingida em Outubro. Segundo divulgou o Ministério do Habitat e da Habitação na sua conta de Twitter, foi ontem que as autoridades venezuelanas chegaram aos 4 200 000 de casas construídas, que «são garantia do povo com casa própria».

Para a tutela, o país «está em festa, porque, apesar das dificuldades», a Gran Misión Vivienda atinge a marca de 4 200 000 casas entregues, «cumprindo o sonho das famílias, que são protegidas pela Revolução Bolivariana».

Por seu lado, o Gabinete da Presidência indicou que a Grande Missão Habitação Venezuela dignificou o país e tem como meta construir cinco milhões de casas. Na sua conta de Twitter, o chefe de Estado reafirmou esta quinta-feira o êxito da política habitacional no país.

@Minhvi_Oficial

«A vida que estamos a construir para o povo venezuelano anda de mãos dadas com uma política vitoriosa e imparável: a Grande Missão Habitação Venezuela, casas dignas, valores comunitários. Assim construímos o Socialismo!», escreveu Nicolás Maduro.

Garantir o direito à habitação digna

O programa Grande Missão Habitação Venezuela nasceu em Maio de 2011 por iniciativa do então presidente da República, Hugo Chávez, que afirmava que «o problema da habitação não tem solução no capitalismo».

Com o propósito de enfrentar a abordagem especulativa e capitalista do sector privado ao direito à habitação, Chávez sublinhou que, para assegurar a pessoas de baixos recursos uma casa digna e o acesso a serviços básicos, a resposta estava no socialismo, «em mais socialismo».

No dia 26 de Dezembro de 2019, o programa alcançou a meta dos três milhões de casas entregues; no passado dia 7 de Abril, chegou aos quatro milhões e, a 23 de Junho último, aos 4,1 milhões, um marco histórico, com relevo acrescido no contexto das dificuldades impostas ao país caribenho, nomeadamente o cerco económico e financeiro dos EUA e seus aliados.

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O documento, em que se reclama a consagração do direito legal à habitação e a constituição de um programa dirigido pelo Estado tendo como função garantir a concretização desse direito, analisa as «más políticas» dos últimos anos no sector, que têm afectado várias cidades irlandesas – com destaque para Dublin.

Com a crise do custo de vida e o aumento da inflação no último ano, tornou-se mais difícil fazer frente aos preços das casas e pagar as rendas, pelo que o número de despejos aumentou e o de pessoas sem-abrigo também.

De acordo com um inquérito da associação Simon Community, que dá apoio a sem-abrigo, entre Setembro de 2021 e Setembro de 2022, registou-se um aumento de 29,5% de pessoas em centros de acolhimento de emergência para sem-abrigo.

A situação de crise no sector da habitação não é nova e a campanha Raise the Roof tem organizado múltiplas mobilizações pelo país em defesa do direito à habitação. Do mesmo modo, organizações como o Community Action Tenants Union (CATU) e o Connolly Youth Movement (CYM) também têm estado activas na resistência aos despejos, no apoio aos sem-abrigo e na organização de protestos, indica o Peoples Dispatch.

Responder à situação de emergência com iniciativa pública

«O governo deve reconhecer a emergência na habitação e tomar medidas imediatas», que passam por «proibir os aumentos das rendas», «transformar as casas devolutas em locais habitados» e, sobretudo, «duplicar a despesa na construção de habitação pública em terrenos públicos», sublinhou Paul Gavan, deputado pelo Sinn Fein, que chamou a atenção para o elevado número de pessoas sem-abrigo no país europeu: 11 397, segundo dados oficiais.

De acordo com o Trade Union Left Forum, que integra a Raise the Roof, o número de mortes entre os sem-abrigo na Irlanda tem vindo a aumentar; por isso, afirmam que a política habitacional do governo «nos está a matar» e defendem a intervenção urgente do Estado / Peoples Dispatch 

«Com o Natal a aproximar-se, a Irlanda tem rendas recorde, preços de casas recorde e níveis recorde de sem-abrigo», disse ao Peoples Dispatch. «Em resultado disto, o espectro da emigração voltou, com muitos jovens a sentirem que não têm mais remédio que deixar o país, em vez de ficarem presos numa casa incrivelmente cara ou com os seus pais até já andarem bem pelos trintas», acrescentou.

Por seu lado, Graham Harrington, do Partido Comunista da Irlanda, destacou que «a catástrofe da habitação na Irlanda» é um resultado esperado de políticas em que as casas foram «mercantilizadas» e se tornaram «bens de investimento».

«O resultado é um grande número de pessoas sem-abrigo, rendas altíssimas, tantos despejos agora como nos anos da Fome e um dos níveis mais elevados de casas devolutas no mundo – tudo para garantir mais lucro aos senhorios», alertou.

Em seu entender, a solução passa pela organização das pessoas e, por outro lado, por «habitação pública universal, com as rendas associadas aos rendimentos». Trata-se da «reconquista dos meios básicos de vida», disse.

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No âmbito da campanha, várias mobilizações tiveram lugar na Irlanda para exigir às autoridades que promovam uma política habitacional a preços acessíveis para todos, com uma vida «estável e decente» para os inquilinos e habitação pública de qualidade.

Em Novembro, no contexto de uma manifestação que reuniu milhares de pessoas pelo direito à habitação em Dublin, Paul Gavan, deputado pelo Sinn Fein, sublinhou a necessidade de «o governo reconhecer a emergência na habitação e tomar medidas imediatas», que passam por «proibir os aumentos das rendas», «transformar as casas devolutas em locais habitados» e, sobretudo, «duplicar a despesa na construção de habitação pública em terrenos públicos».

Metade dos estudantes divide um quarto com três ou mais pessoas

De acordo com um estudo recente realizado pelo Irish Council for International Students (ICOS), cerca de metade dos estudantes inquiridos partilhava um quarto com três ou mais pessoas, enquanto um em cada dez se via obrigado a dividir um espaço habitacional com seis estudantes.

O mesmo estudo revelou que 14% dos estudantes na Irlanda enfrentaram algum tipo de «esquema» enquanto procuravam habitação; 66% reconheceram que a crise no sector da habitação tinha impacto na sua saúde mental.

Em meados deste mês, o Sinn Fein alertou que 68% dos jovens irlandeses são obrigados a viver com os pais. «O enorme fracasso do governo em fornecer habitações acessíveis e sociais ou em enfrentar a espiral das rendas significa que mais e mais pessoas estão a viver em modo de espera», disse o partido.

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