|Colômbia

Indepaz documenta 66 massacres na Colômbia em 2021

No sábado, foi perpetrado o 66.º massacre no país andino este ano, informou o Indepaz, que dá conta de 1225 dirigentes sociais assassinados desde a assinatura do acordo de paz, em Novembro de 2016.

Os dirigentes sociais continuam a ser ameaçados e assassinados na Colômbia
O Indepaz continua a documentar uma violência sem tréguas na Colômbia CréditosGustau Nacarino / theobjective.com

O mais recente massacre registado pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) foi denunciado ontem, tendo ocorrido na véspera do município de Santander de Quilichao, departamento colombiano do Cauca.

De acordo com o Indepaz, as vítimas são três membros da mesma família que se encontravam numa festa na zona rural do município, na reserva indígena de Canoas.

Homens armados chegaram ao local e começaram a disparar sobre quem ali estava, provocando a morte imediata a duas pessoas e deixando outras duas feridas em estado grave – uma das quais viria a falecer, refere o organismo com base em informações recolhidas.

A Provedoria de Justiça emitiu um alerta de perigo, tendo em conta a presença constante de grupos armados no referido município do Cauca.

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167 líderes indígenas assassinados durante a presidência de Iván Duque

Entre 2016 e 8 de Junho de 2020, foram assassinados na Colômbia 269 dirigentes indígenas, revelou o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento e a Paz (Indepaz) num relatório agora apresentado.

O departamento do Cauca continua a ser um dos mais violentos da Colômbia, registando-se ali inúmeros ataques a dirigentes sociais, defensores dos direitos humanos e membros dos povos originários
Créditos / Semana

No documento, o organismo reporta-se ao período que vai desde 2016, o ano da assinatura dos acordos de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo (FARC-EP), e a actualidade (até dia 8 deste mês), verificando que o número de assassinatos de dirigentes indígenas aumenta de ano para ano.

Assim, segundo os dados recolhidos pelo Indepaz, registaram-se «31 assassinatos em 2016, 45 em 2017, 62 em 2018, 84 em 2019 e 47 em 2020». O organismo revela ainda que 262 líderes indígenas foram mortos depois dos acordos de paz (24 de Novembro de 2016) e 167 durante a governação do actual presidente colombiano, Iván Duque.

Dos 47 assassinados este ano (até 8 de Junho), 14 foram-no durante o período da quarentena (que entrou em vigor a 25 de Março), precisa ainda o relatório.


De acordo com o Indepaz, o departamento onde se registaram mais casos de assassinatos de líderes indígenas desde 2016 foi o Cauca (94). «O que se passa no Cauca responde à lógica de um departamento onde historicamente houve conflitos territoriais, com sectores privados legais e ilegais, como o da exploração mineira», explica a organização.

Como factores de peso que contribuem para o assassinato de dirigentes indígenas, o Indepaz refere as empresas açucareiras, a exploração de madeira, a pecuária, a concentração de terras, os projectos petrolíferos, as hidro-eléctricas, além da presença de grupos armados que disputam o controlo das rotas do narcotráfico.

O relatório sublinha as acções dos povos indígenas em defesa da sua autonomia e da permanência nos seus territórios, como condição essencial para garantir a sua sobrevivência, bem como o facto de terem «rejeitado todas as expressões do conflito armado» e «assumido um posicionamento de resistência pacífica».

200 ex-combatentes das FARC-EP assassinados

Mario Téllez Restrepo, agricultor e ex-guerrilheiro das FARC-EP, foi morto a tiro por desconhecidos na segunda-feira passada, quando trabalhava nas suas terras, na localidade de Tibú (departamento de Norte de Santander), informa a TeleSur.

O partido Força Alternativa Revolucionária do Comum (FARC) denunciou o assassinato, tendo revelado que se trata do 200.º ex-combatente a ser morto deste a assinatura dos acordos de paz.

Na semana passada, uma delegação do FARC pediu apoio às Nações Unidas, tendo em conta o cenário de violações de direitos humanos no país andino.

Numa reunião virtual com a alta comissária da ONU para os direitos humanos, Michelle Bachelet, os representantes do FARC pediram «assistência técnica» para evitar o genocídio dos ex-guerrilheiros que tentam reintegrar-se na vida política, económica e social do país.

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Em 2020, o organismo documentou a ocorrência de 91 de massacres, dos quais resultaram 381 vítimas mortais, em 66 municípios do país. Este ano, registou 66, com um saldo de 240 vítimas mortais. A grande maioria dos casos teve lugar nos departamentos do Cauca (12 massacres e 40 vítimas), Antioquia (10/36), Valle del Cauca (8/35), Nariño (6/24) e Caquetá (6/20).

O Indepaz utiliza o termo na acepção estabelecida pelas Nações Unidas: existe um massacre «quando três ou mais pessoas são assassinadas no mesmo local e momento e pelo mesmo presumível perpetrador».

109 dirigentes sociais e 34 ex-guerilheiros

No seu portal e na conta de Twitter, o Indepaz dá ainda conta de 109 dirigentes sociais e defensores assassinados no país sul-americano em menos de oito meses, este ano. O mais recente foi Eliécer Sánchez Cáceres, vice-presidente da Junta de Acção Comunal da vereda de La Punta, na zona rural do município de Cúcuta (departamento de Norte de Santander).

Sánchez Cáceres, que já tinha denunciado ameaças de morte, foi morto, no sábado, por um grupo de homens armados na vereda referida. Desde a assinatura do acordo de Paz entre as FARC-EP e o governo colombiano, em Novembro de 2016, 1225 dirigentes foram mortos, segundo os dados do Indepaz.

Só este ano, refere ainda o organismo de defesa dos direitos humanos, foram também mortos 34 ex-combatentes das FARC-EP que firmaram o acordo de paz.

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