|França

Imigrantes franceses enfrentam segregação, vigilância e desprezo, afirma Blumenthal

O conhecido jornalista, autor e realizador de documentários denuncia que os «jovens imigrantes franceses enfrentam níveis alarmantes de segregação, vigilância e desprezo».

Polícias franceses durante os protestos pelo assassinato do adolescente Nahel M. 
Créditos / PressTV

Numa entrevista ao portal PressTV, o jornalista norte-americano Max Blumenthal afirma estar «familiarizado» com as condições a que os jovens imigrantes são sujeitos em França, tendo em conta que, em 2015, realizou, juntamente com James Kleinfeld, o documentário Je Ne Suis Pas Charlie (ver mais abaixo).

No Verão de 2015, Blumenthal e Kleinfled viajaram até Paris e falaram com um grupo representativo de residentes, para avaliar os níveis de racismo e islamofobia na capital francesa, na sequência do ataque contra o Charlie Hebdo.

O documentário seria, entretanto, actualizado (e lançado gratuitamente online), para enquadrar os ataques sincronizados que, em Novembro do mesmo ano, provocaram a morte de 130 pessoas em Paris.

Je Ne Suis Pas Charlie inclui uma série de depoimentos, testemunhos e reflexões sobre as atitudes para com a população imigrante, pobre e, sobretudo, muçulmana, estabelecendo uma ligação directa entre a atitude imperialista francesa e o crescimento da discriminação e da islamofobia.

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«Milhões para Notre-Dame. E para nós, os pobres?»

Na 23.ª semana de protestos dos «coletes amarelos» registaram-se novos episódios de violência e repressão nas ruas de França. O incêndio da catedral parisiense e as «doações» estiveram na ordem do dia.

Na 23.ª semana de mobilizações dos Coletes Amarelos, a questão do incêndio de Notre-Dame e dos fundos para a sua reconstrução esteve na ordem do dia
Créditos / foreignbrief.com

A Polícia francesa deteve mais de 220 pessoas e efectuou mais de 20 mil controlos de identidade nas manifestações deste sábado, revela o portal da France24, com base nos dados divulgados pelas autoridades. A Prefeitura de Paris informou que as pessoas foram detidas «por levarem objectos proibidos».

Na capital, os manifestantes concentraram-se em frente ao Ministério da Economia, para iniciar uma marcha até os arredores da catedral de Notre-Dame, em protesto contra as políticas do presidente francês, Emmanuel Macron.

Com a capital francesa em estado de alerta, restrições às manifestações em vários pontos e mais de 60 mil agentes mobilizados em todo o país, o ministro do Interior, Christophe Castaner, quis evitar a repetição da violência registada nas mobilizações de 16 de Março, quando prédios e viaturas foram incendiados, vitrines partidas e lojas saqueadas – actos de vandalismo alegadamente perpetrados por elementos infiltrados nos protestos.

Ontem, isso não se verificou, mas registaram-se vários focos de incêndio – nomeadamente em Paris, onde grupos de manifestantes ateram fogo a contentores de lixo – e confrontos entre manifestantes e a Polícia francesa. Os agentes procuraram dispersar as mobilizações com gás lacrimógéneo e balas de borracha, e, tal como em sábados anteriores, recorreram a uma violência extrema que as TV raramente mostram, mas que é possível ver nas redes sociais.

Não há dinheiro, mas os ricos dão milhões para a reconstrução...

A 23.ª semana de protestos do movimento dos Coletes Amarelos contra as políticas sociais e as reformas económicas do governo de Macron esteve marcada pelo incêndio que atingiu a catedral de Notre-Dame no dia 15 de Abril.


Em declarações à imprensa, citadas pela Carta Capital, os militantes não escondem a tristeza que lhes causou o incêndio, mas também a revolta que lhes provocam as «doações» num abrir e fechar de olhos. «Estamos aqui a ver esses milhões a juntar-se, depois de andarmos cinco meses nas ruas a lutar contra a injustiça social e fiscal», disse Ingrid Levavasseur, uma das fundadoras do movimento.

«Milhões para Notre-Dame. E para nós, os pobres?, lia-se precisamente num cartaz de uma manifestante este sábado. «O que aconteceu com Notre-Dame é trágico e a maioria dos Coletes Amarelos está triste com o incêndio na catedral. Mas, ao mesmo tempo, há pessoas que estão nas ruas há cinco meses a exigir mudanças e a ouvir que o governo não tem dinheiro», disse o militante Jérôme Rodrigues, citado pela Carta Capital.

Frédéric Mestdjian reforça a ideia: «O que mais choca as pessoas é que, de um lado, se conseguiu mobilizar todo esse dinheiro rapidamente para uma causa importante, mas material. Enquanto isso, há uma verdadeira emergência humana para a qual recebemos a resposta de que não há dinheiro.»

As pessoas? Não, dos ricos para a catedral

Mestdjian acrescenta que a imensa recolha de «doações» para a reconstrução da Notre-Dame mostra que «o movimento dos Coletes Amarelos não representa os ricos. Ou seja, há menos interesse em financiar a "ajuda" a eles. Em relação à catedral, há um interesse fiscal e também de imagem. É uma jogada de marketing desses doadores», denuncia.

Em pouco tempo, a reconstrução da catedral já conseguiu quase mil milhões de euros. Duas das famílias mais ricas da França, a Pinault e a Arnault, ofereceram, respectivamente, 100 milhões e 200 milhões de euros. Também o grupo L’Oréal, da família Bettencourt-Meyers, anunciou uma «doação» de 200 milhões de euros.

A estes juntaram-se empresas e instituições no anúncio de ajudas milionárias, como o grupo Total (100 milhões). Quanto aos bancos, o Crédit Agricole anunciou que iria ajudar na reconstrução com 5 milhões de euros. Société Générale, BNP, Crédit Mutuel e CIC também confirmaram a participação na recolha de fundos, sem precisar as verbas. Por seu lado, a empresa de informática Capgemini disse estar «solidária» com o esforço nacional e anunciou que ajudaria a reconstruir Notre-Dame com 1 milhão de euros.

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O debate sobre o «racismo estrutural em França» reacendeu-se – e de que forma! – com o assassinato de um adolescente pela Polícia francesa, na semana passada, a que se seguiram dias e noites de protestos pelo país fora.

O facto de a morte de Nahel M., de 17 anos – atingido por um disparo à queima-roupa em Nanterre, nos arredores de Paris – ter sido filmada e amplamente divulgada nas redes sociais potenciou as enormes mobilizações e os pedidos de justiça.

Para tentar justificar o acto, a Polícia alegou que o rapaz assassinado cometeu infracções de trânsito, pôs em perigo os peões e conduzia sem carta. Portanto, na perspectiva da Polícia parece justificar-se uma solução «à americana».

Seguiram-se manifestações de revolta e também protestos violentos, distúrbios, actos de vandalismo. Max Blumenthal disse, a propósito, que esta última série de protestos foi espoletada por «uma indignação legítima contra um novo acto de repressão levado a cabo pelo Estado».

Mas também sublinhou «a pouca orientação política entre os jovens que foram para as ruas».

Em declarações ao portal da PressTV, disse: «A [Marine] Le Pen e a extrema-direita já saíram reforçados e, embora Macron possa ter sido atingido, isto é uma bênção para os serviços de segurança e a Polícia.»

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Revolta e mobilização em França: governo aprova a reforma por decreto

O executivo não deixou que a Assembleia Nacional votasse a reforma das pensões, activando o artigo 49.3. Seguiram-se críticas da parte de dirigentes sindicais e políticos, e muitos protestos nas ruas.

Manifestação em Paris, a 16 de Março de 2023 
Créditos / laprovence.com

O presidente francês, Emmanuel Macron, autorizou esta quinta-feira o executivo de Élisabeth Borne a recorrer ao artigo 49.3 da Constituição, que permite fazer avançar projectos sem aprovação parlamentar.

O projecto de reforma das pensões, muito contestado, ainda foi votado de manhã no Senado, onde, como era esperado, foi aprovado por grande maioria (193 votos a favor e 114 contra). Mas já não chegou a ser submetido à votação dos deputados da Assembleia Nacional.

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França: oitava jornada de mobilização em dois meses contra a reforma das pensões

As ruas, avenidas e praças de França voltaram a encher-se de manifestantes que contestam o projecto do governo, num dia em que a comissão mista chegou a acordo sobre o texto a ser votado.

Manifestação contra a reforma das pensões, em Paris, a 15 de Março de 2023 
CréditosThomas Samson / francetvinfo.fr

De acordo com a Confederação Geral do Trabalho (CGT), um dos sindicatos que integram a Intersindical, esta quarta-feira vieram para as ruas 1,7 milhão de pessoas, 450 mil das quais em Paris. Os números do Ministério do Interior são, como sempre, bastante mais baixos.

Em Marselha, mobilizaram-se 160 mil pessoas, também segundo a CGT, que deu conta de muitas outras manifestações – como em Toulouse (90 mil pessoas), Bordéus (50 mil), Le Havre (30 mil), Limoges (25 mil), Lyon (22 mil) ou Caen (20 mil). 

Nelas, os participantes condenaram a insistência do governo francês e do presidente da República, Emmanuel Macron, de levar por diante a reforma das pensões, ignorando a ampla oposição popular expressa nas ruas desde 19 de Janeiro e em sondagens repetidas.

Tal como nas jornadas de luta de 19 e 31 de Janeiro, 7, 11 e 16 de Fevereiro, e 7 e 11 de Março, os manifestantes exibiram múltiplas faixas e cartazes a expressar revolta, sobretudo contra a exigência de que tenham de trabalhar mais anos.

Faixa da Intersindical / @lacgtcommunique

De acordo com a imprensa francesa, o ambiente nas ruas, esta quarta-feira, foi mais tenso, tendo em conta que se aproxima uma eventual aprovação do projecto contestado, também por implicar o aumento do período de contribuições e a eliminação de regimes especiais de reforma.

Artigo «antidemocrático» na berlinda

Enquanto, decorriam os protestos pelo país fora, na capital uma comissão mista de sete senadores e sete deputados chegou a acordo sobre o texto a ser votado esta quinta-feira, primeiro no Senado, dominado pelos conservadores, e depois na Assembleia Nacional, onde Macron já não conta com maioria absoluta.

Uma possibilidade muito discutida nos últimos dias é a de o governo poder recorrer ao artigo 49.3 da Constituição (que lhe permite aprovar projectos sem o voto parlamentar), no caso de percepcionar que a reforma não passa na Assembleia.

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França: sexta jornada de protestos contra a reforma das pensões foi a maior

«Recusamos que nos tirem dois anos de vida», afirmou a CGT numa declaração a apelar à participação na jornada de luta desta terça-feira, que mobilizou cerca de 3,5 milhões de pessoas em todo o país.

Manifestação em Paris 
Créditos / actu.fr

Só em Paris manifestaram-se 700 mil pessoas, de acordo com a Confederação Geral do Trabalho (CGT), que nunca tinha avançado com um número tão elevado de manifestantes na capital – a contagem mais alta do sindicato dizia respeito à mobilização de 19 de Janeiro, com 500 mil pessoas nas ruas.

Depois das jornadas de mobilização de 19 e 31 de Janeiro e de 7, 11 e 16 de Fevereiro contra a reforma das pensões de Macron e Borne, a aposta do movimento sindical unitário passava por aumentar a pressão e paralisar o país numa jornada de greve geral que, em diversos sectores, vai continuar (nomeadamente na ferrovia e na energia).

Ao aumento da idade legal da reforma dos 62 para os 64 anos, à eliminação dos regimes especiais e ao aumento do período de cotização, os sindicatos responderam com aquilo a que chamaram o «endurecimento da luta», afirmando que não aceitam o «roubo de dois anos de vida» e uma reforma que vai no caminho oposto ao da igualdade e penaliza bastante as mulheres, que já recebem pensões 40% inferiores às dos homens.

As empresas de transportes SCNF e RAPT deram contam de «fortes perturbações» nos serviços, que também se fizeram sentir no Metro e nos comboios suburbanos parisienses. Educação, energia, distribuição de combustível e recolha de lixo foram áreas onde também teve impacto a greve geral em França, que, segundo referiu o secretário-geral da CGT, Philippe Martinez, só se manteve porque o governo teima em ignorar a rejeição do projecto.

Estudantes na manifestação em Paris contra a reforma das pensões // Cha Gonzalez / Libération

«Ninguém pode dizer que a paralisação não foi evitada, porque nós avisámos que a íamos fazer caso o executivo continuasse a não ouvir as reivindicações dos sindicatos», disse Martinez à Franceinfo no âmbito da greve geral.

Por seu lado, Laurent Berger, secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), mostrou-se confiante em que a jornada de mobilização fosse «imensa», sublinhando que não pode haver reforma das pensões sem o apoio dos trabalhadores.

Estavam previstas entre 250 e 300 manifestações em todo o país contra o projecto que está a ser estudado actualmente no Senado e que o ministro do Trabalho, Olivier Dussopt, esta tarde voltou a defender na Assembleia Nacional.

A manifestação em Paris foi gigantesca, mas outras houve com grande dimensão, nomeadamente em Marselha, onde, de acordo com os sindicatos, se mobilizaram 245 mil pessoas. Em Toulouse, foram 120 mil, em Bordéus e Lille, 100 mil.

Outras grandes manifestações tiveram lugar em Nantes (75 mil pessoas), Grenoble (53 mil), Saint-Étienne e Lyon (50 mil), Le Havre (45 mil), Rennes (40 mil), Orléans (37 mil), Clermont-Ferrand e Caen (33 mil), Brest, Perpignan e Nice (30 mil) ou Lorient (25 mil).

Trabalhadores alertam para penosidade e riscos de prolongar o tempo de trabalho

Em Saint-Brieuc, na Bretanha, manifestaram-se cerca de 20 mil pessoas. Duas delas, Patrick Evain, de 57 anos, e Didier Delourme, de 55, trabalham numa fábrica em Kermené, filial agroalimentar do grupo Leclerc, e são sindicalizados na CGT.

Mulheres manifestam-se contra a reforma das pensões // Nicolas Tucat / Le Monde

Ao Le Monde, disseram: «Se o governo quer falar sobre dificuldades no trabalho, que venha aos nossos matadouros.» E falaram dos turnos às 4h da manhã, dos intervalos diários de 20 minutos, dos movimentos repetitivos que provocam problemas musculoesqueléticos, do barulho… «Aos 50 anos, o corpo está moído. Os trabalhadores do agroalimentar não podem durar até aos 64 anos», frisaram.

Em Paris, Samantha, uma maquinista de 38 anos da SNCF na Gare de Lyon, tem horários escalonados, e o nível de concentração que lhe é exigido desgasta a sua saúde. Ao Libération disse: «Uma estupidez da nossa parte pode custar a vida a milhares de pessoas», referindo-se ao acidente mortal ocorrido na Grécia.

Por isso, preocupa-se. De três em três anos, tem de fazer um exame médico exaustivo (electrocardiograma, teste de urina, da visão, etc.). Se não passar, o trabalho de maquinista acaba. E os bónus acabam. «Perderia metade do meu salário», diz. Se agora passa no «limite-limite», como vai ser com mais de 60 anos, pondera.

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Phillipe Martinez, secretário-geral da CGT, e outros dirigentes sindicais exortaram o executivo a ouvir as exigências dos sindicatos e da maioria da população, sublinhando que o recurso ao 49.3 irá aumentar o mal-estar.

Apesar de reconhecer que esse artigo está na Constituição, Martinez disse que usá-lo seria impor a reforma à força, uma «manobra afastada de atitudes democráticas».

Intersindical pede aos deputados que rejeitem este projecto de lei

Por via de um comunicado lido esta quarta-feira por Benoît Teste, secretário-geral da FSU, a Intersindical «apela solenemente aos deputados que votem conta o projecto de lei» de reforma das pensões.

«Essa rejeição estaria de acordo com a vontade geral que foi amplamente expressa no debate público», afirma o texto divulgado pelo Le Monde.

Na ocasião, ficou-se ainda a saber que os dirigentes dos oito principais sindicatos franceses vão dar uma conferência de imprensa esta quinta-feira, às 12h30, em frente à Assembleia Nacional, para tentar influenciar o voto.

Os sindicatos acusam o governo francês de ter utilizado «todos os artifícios constitucionais para limitar os debates parlamentares», considerando que se trata de uma «negação da democracia», «indigna e perigosa», bem como de «um desprezo pela expressão amplamente maioritária da população e da democracia social.

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Ali, a primeira-ministra, Élisabeth Borne, anunciou que o governo iria aprovar a reforma recorrendo «por responsabilidade» ao referido artigo da Constituição. «Não se pode correr o risco de brincar com o futuro das pensões, esta reforma é necessária», disse Borne na Câmara Baixa, depois de Macron a ter autorizado a recorrer ao 49.3.

De imediato, foram anunciadas duas moções de censura contra o governo, que não conta com o apoio da maioria na Assembleia Nacional, e sucederam-se as declarações de repúdio pela manobra do governo.

O secretário nacional do Partido Comunista Francês, Fabien Roussel, afirmou que a decisão governamental é «uma vergonha para a democracia», enquanto o deputado ecologista Julien Bayou a definiu como «um fracasso», indica a Prensa Latina.

Por seu lado, o líder de A França Insubmissa, Jean-Luc Mélenchon, considerou que a reforma das pensões aprovada por decreto carece de legitimidade parlamentar e representa «o colapso da minoria presidencial».

Os principais dirigentes sindicais também expressaram o seu repúdio. Philippe Martinez, secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), defendeu que «o recurso à força com a utilização do 49.3 deve encontrar uma resposta à altura do desprezo pelo povo. As mobilizações e as greves têm de ampliar-se».

Trabalhadores em protesto em Calais / @lacgtcommunique

Já o secretário-geral da Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), Laurent Berger, destacou a ausência de maioria da parte do governo para aprovar o aumento da idade legal da reforma. «O compromisso político fracassou. São os trabalhadores que têm de ser ouvidos», defendeu.

Revoltas, muitos protestos, detenções e anúncios de novas jornadas de mobilização

Após o anúncio de Borne na Assembleia Nacional, centenas de pessoas começaram a juntar-se na Praça na Concórdia, em Paris. Seguiram-se muitos protestos, confrontos e cargas policiais – na capital e noutras cidades do país. Mais de 300 pessoas foram detidas durante a noite, de acordo com o Ministério do Interior, esta manhã.

Entretanto, reunida ontem ao início da noite na sede da CGT, a Intersindical convocou uma nova jornada de mobilização contra a reforma das pensões para o próximo dia 23 – a nona, depois das realizadas a 19 e 31 de Janeiro, 7, 11 e 16 de Fevereiro, e 7, 11 e 15 deste mês.

Em comunicado, os sindicatos denunciam a aprovação «pela força» do projecto e dizem «aferir com gravidade a responsabilidade que o executivo detém na crise social e política resultante desta decisão», que classificam como «uma verdadeira negação da democracia».

No seu portal, a CGT sublinha que aquilo que «denunciava ontem como injusto o é ainda mais hoje» e que «isso só nos pode encorajar a intensificar as mobilizações e greves».

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Em seu entender, é evidente que as forças de esquerda, nomeadamente as aglutinadas em torno de Jean-Luc Melenchon, «serão bastante debilitadas, à medida que a classe média francesa clama por "lei e ordem"».

De um ponto de vista internacional, acrescentou, a «desestabilização social» em França «expõe a hipocrisia evidente dos elementos transatlânticos que salivaram a propósito da breve rebelião armada do chefe do grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, na Rússia, desejando que este país entrasse numa sangrenta guerra civil».

«As redes por cabo nos EUA e jornais da imprensa dominante que dedicaram dias de cobertura ininterrupta a Prigozhin estão a tratar o mergulho de França na anarquia como um tema monótono e enterram a cobertura no final dos seus portais», comentou Blumenthal.

Entretanto, o presidente francês, que na segunda-feira visitou algumas esquadras em Paris e fez questão de declarar o apoio às forças da ordem, encontrou-se esta terça-feira com representantes autárquicos de 240 municípios atingidos pela onda de revolta com o assassinato de Nahel.

No encontro, prometeu legislação de emergência para acelerar a reconstrução das infra-estruturas públicas que foram vandalizadas.

No Twitter, Max Blumenthal sublinha que, de 2015 para cá – data da realização de Je Ne Suis Pas Charlie –, nada se alterou, excepto o aprofundamento das «reformas» neoliberais e a impotência crescente dos cidadãos para fazer alguma coisa quanto a isso.

Nesse sentido e questionando «É a França um Estado de apartheid?», o jornalista afirma que não há razão para acreditar que o mergulho no caos e na violência não se volte a repetir, uma e outra vez. As razões estruturais continuam lá.

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