Numa nota agora emitida, o governo nipónico declara que o pedido de Fumio Kishida teve lugar no final do mês passado, quando se reuniu com Olaf Scholz em Tóquio.
De acordo com a agência Kyodo News, citada pela Prensa Latina, um representante oficial do governo japonês referiu que o executivo está decepcionado pelo facto de a estátua continuar na capital alemã.
A estátua, que se encontra no distrito berlinense de Mitte, é uma homenagem às mulheres coreanas que foram forçadas a trabalhar em bordéis e exploradas sexualmente durante a ocupação japonesa da Coreia (1910-1945).
Em Outubro de 2020, as autoridades do distrito de Mitte anunciaram que revogavam a aprovação que haviam concedido um mês antes para a colocação da instalação intitulada «Menina da Paz», e deram ordens para que fosse desmontada, na sequência de protestos do governo de Tóquio.
Uma das justificações para a decisão era, segundo as autoridades locais, o facto de a estátua estar relacionada com o conflito entre dois estados e não ser «apropriada» para a Alemanha.
Depois de conhecida a decisão, um grupo cívico registou um protesto junto das autoridades locais e apresentou uma petição num tribunal de Berlim com vista à suspensão da medida.
Então, revertendo a decisão inicial, as autoridades de Mitte anunciaram que iriam permitir que a instalação permanecesse, provisoriamente, no local – onde ainda se encontra –, esperando que fosse possível seguir um plano de compromisso entre o Japão e a Coreia do Sul.
A existência de estátuas alusivas às «mulheres de conforto» – eufemismo para vítimas da escravidão sexual – fora da Coreia do Sul, juntamente com as que foram colocadas perto das instalações diplomáticas japonesas em Seul e Busan, tem sido uma fonte de tensão entre os dois países asiáticos.
«Menina da Paz» chama a atenção para mais de 200 mil
As questões relacionadas com o domínio colonial e a ocupação militar da Península da Coreia pelo Japão, entre 1910 e 1945, voltam recorrentemente à tona, incluindo reparações pelo trabalho forçado em tempo de guerra.
O Japão defende que os dois países já resolveram as questões bilaterais sobre o tempo de guerra com um acordo firmado em 1965. Para além disso, em 1993, na chamada «Declaração de Kono», o Japão reconheceu pela primeira vez que dezenas de milhares de mulheres coreanas e chinesas foram obrigadas a oferecer serviços sexuais, em bordéis, às tropas imperiais durante a ocupação da Península da Coreia.
De acordo com a agência Yonhap, foram mais de 200 mil as mulheres vítimas de exploração sexual, e é para elas que o rosto de bronze da «Menina da Paz» procura chamar a atenção dos transeuntes em Berlim.
Muitos coreanos, indica a fonte, crêem que o Japão não se arrependeu suficientemente do seu passado militarista, também no que respeita às «mulheres de conforto».
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