Uma multidão marchou, esta quinta-feira, entre a Universidade da República (Udelar) e o Palácio Legislativo, na capital uruguaia, para denunciar o projecto do governo de Lacalle Pou, que está a ser discutido por uma comissão e que, afirma a PIT-CNT, «pretende unicamente que os trabalhadores assumam os custos da reforma, trabalhando mais anos e recebendo menos».
Marcelo Abdala, presidente da PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores), criticou o projecto do governo neoliberal e assumiu como objectivo que não seja submetido a votação durante a actual legislatura.
«Entendemos que é uma reforma que aumenta a idade da reforma, aumenta [...) os anos de trabalho e, para camadas massivas da população trabalhadora, gera menos direitos, menos reformas», denunciou o dirigente sindical, citado pela TeleSur.
Abdala destacou ainda a importância da Segurança Social, afirmando que «tem a ver com direitos desde que se é criança até se morrer; tem a ver com a protecção na deficiência, o subsídio de desemprego, os mecanismos de protecção social numa sociedade que é cada vez mais desigualitária».
Também frente ao Palácio Legislativo, Lucía Padula, em representação da Intersocial (que integra vários movimentos), acusou o executivo de ferir, com esta proposta, as camadas mais vulneráveis da sociedade.
Em seu entender, serão os jovens os mais prejudicados com as alterações ao regime das pensões, «pois serão obrigados a trabalhar mais anos para ter uma reforma mais pequena».
«Os trabalhadores não estão dispostos a trabalhar mais para receber menos»
Numa tribuna instalada frente ao Parlamento, o responsável de Organização da PIT-CNT, Enrique Méndez, afirmou que a reforma das pensões é uma «síntese brutal» do processo de austeridade levado a cabo pelo actual governo, «para continuar a atingir as camadas mais vulneráveis e populares da nossa sociedade».
Sublinhando que a Segurança Social foi uma conquista dos trabalhadores, Méndez disse que o projecto de reforma do governo nasceu sem o apoio popular e que a multidão ali presente era a evidência de que a luta contra «a reforma brutal e criminosa» vai prosseguir.
O dirigente sindical não se opôs a uma reforma das pensões e da Segurança Social, mas destacou que ela tem de nascer do diálogo, «algo que nunca existiu no Uruguai», e nunca de costas voltadas para o povo e os trabalhadores, procurando que sejam estes a pagar os custos.
Segundo revela a PIT-CNT, Méndez insistiu que a reforma não seja votada nesta legislatura e avisou que, se for aprovada, então haverá consequências nas ruas, porque «os trabalhadores não estão dispostos a trabalhar mais para receber menos».
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