A paralisação nacional, de 24 horas, fez-se sentir em sectores como os transportes, a saúde, a actividade bancária, os vários níveis do ensino e a administração local.
Na capital, Montevideu, os sindicatos filiados na central PIT-CNT (Plenário Intersindical dos Trabalhadores – Convenção Nacional dos Trabalhadores) e os movimentos que integram a Intersocial mobilizaram milhares de pessoas, sob o lema «Que não te roubem o futuro».
Em declarações à imprensa, Marcelo Abdala, presidente da PIT-CNT, disse que aderiram à greve «todos os sectores de actividade», tendo acrescentado que a paralisação foi «ampla e contundente».
Num dia em que começavam a ser votados artigos do projecto de lei, a Câmara de Deputados foi «cercada» por milhares de trabalhadores, que expressaram a sua indignação com bandeiras, cartazes, tambores e cornetas, enquanto seguiam de perto o que se passava no interior Palácio Legislativo.
A Organização Nacional de Associações de Reformados e Pensionistas do Uruguai (Onajpu) também aderiu ao protesto e foi uma das organizações que fizeram uso da palavra para repudiar o projecto em causa, que, segundo Gabriel Molina, do Sindicato Único de Telecomunicações, pretende que os trabalhadores trabalhem mais anos até se reformarem, obtendo uma reforma mais pequena.
Sergio Sommaruga, em representação da PIT-CNT, enumerou os vários aspectos danosos desta reforma para os trabalhadores e as camadas mais desfavorecidas do Uruguai, sublinhando que representa «o núcleo duro de um projecto de país onde cresce a desigualdade».
Disse ainda que «o verdadeiro objectivo desta reforma é transferir 1,2 mil milhões de dólares dos bolsos dos trabalhadores para o sector financeiro».
Projecto muito contestado e quase aprovado
A Câmara dos Deputados já tinha aprovado na generalidade o projecto de reforma, que também já havia passado no Senado. No entanto, o projecto de lei sofreu alterações depois de o Cabildo Abierto e o Partido Colorado, membros da coligação governamental, terem proposto modificações ao texto inicial.
Ontem à tarde, os deputados começaram a votar artigos do projecto, a que se opõem sindicatos, grande número de movimentos sociais e a coligação Frente Ampla, na oposição. Em princípio, o texto deve ficar definitivamente aprovado esta quinta-feira, no Senado, onde regressa após as alterações que sofreu.
A reforma é classificada como «necessária» e «solidária» por Lacalle Pou, o presidente neoliberal uruguaio, que fez da sua aprovação uma questão central do seu mandato.
Para a PIT-CNT, a reforma «corta direitos» conquistados e é uma «síntese brutal» do processo de austeridade levado a cabo pelo actual governo, «para continuar a atingir as camadas mais vulneráveis e populares da nossa sociedade».
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui