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A direita extrema reuniu-se em conclave no México

Porque teve lugar o encontro no México?, pergunta-se no La Jornada, em alusão a um evento organizado pela Conferência Política de Acção Conservadora que juntou políticos e outras figuras de extrema-direita.

Encontro da extrema-direita no México 
Encontro da extrema-direita no México Créditos / spamchronicles.com

Num artigo publicado esta quarta-feira no diário mexicano La Jornada, Bernardo Barranco V. coloca estas questões, para lá da justificação evidente de que a esquerda e as forças progressistas têm vindo a ganhar terreno na América Latina e de que é preciso esmagar o socialismo.

Estiveram presentes figuras conhecidas como o ex-presidente polaco Lech Walesa; Eduardo Bolsonaro, filho do ainda presidente brasileiro; Donald Trump e Steve Bannon, via teleconferência; Santiago Abascal, dirigente do partido espanhol Vox; Zury Ríos, filha do general Efraín Ríos Montt, presidente da Guatemala através de um golpe militar; Ramfis Domínguez-Trujillo, neto do ditador Rafael Léonidas Trujillo, da República Dominicana; Christopher Landau, ex-embaixador dos Estados Unidos no México; o senador republicano Ted Cruz; ou Javier Milei, líder de La Libertad Avanza, na Argentina.

Por que razão a Conferência Política de Acção Conservadora (CPAC), com origem nos EUA, decidiu realizar este encontro no México no fim-de-semana passado?, questiona o jornalista.

«Tem a ver com a disputa da Presidência em 2024? O México é chave na controvérsia ideológica do continente?», continua a perguntar como quem atira hipóteses, revelando que a presença, no conclave mexicano, da organização secreta de extrema-direita designada El Yunque, «embora discreta, foi palpável».

«É preciso recordar que a WikiLeaks […] despiu perante a opinião pública duas organizações de extrema-direita com assento original no El Yunque do México e Espanha, e com ramificações em 50 países; trata-se de Hazte Oír e Citizen Go, organizações civis ligadas ao partido espanhol Vox», afirma.

Bernardo Barranco V. recorda que «o México aparece não apenas como país de origem, através de El Yunque, mas como um dos principais centros operacionais, de formação de quadros e de captação de recursos via importantes empresários».

«Aí se expõem segredos da organização e revelam deploráveis complôs políticos-religiosos. El Yunque/Vox está instalado em sectores do PAN [Partido Acción Nacional] e outros partidos, na hierarquia eclesiástica, mas sobretudo em associações civis como Yo Influyo, a Red Familia, bem como em meios e líderes de opinião», destaca.

Extrema-direita no México

«Chamou-se a atenção – diz – o discurso de Eduardo Verástegui [organizador do encontro] sobre a necessidade de constituir no país uma direita real e não a "direitazita cobarde" ou "timorata" que acabou por ser o PAN.»

«Face ao desgaste dos Serrano Limón, Ardavín, Arzac e irmãos Aranda [ultraconservadores mexicanos], Eduardo Verástegui emerge não apenas como um colaborador latino de Trump, mas como um delfim político da extrema-direita internacional», afirma o jornalista, perguntando: «Irá liderar a construção de um partido político no México?»

Barranco V. afirma que na extrema-direita do México predomina o conservadorismo católico. «Procura instaurar uma ordem social cristã. É herdeira daquilo a que o sociólogo francês Emile Poulat chamou o catolicismo social intransigente, cujas raízes remontam à rejeição dos valores e sistemas sociais construídos pela modernidade que assentam na racionalidade e na noção de progresso e indivíduo», explica.

«Esta extrema-direita católica é depositária do radical pensamento cristero, raivosamente anticomunista, antiliberal, anti-maçónico e anti-judeu. Agora, a sua bandeira é também a ideologia de género», refere o jornalista.

Catolicismo revanchista, neoliberalismo baptizado e globalização abençoada

O articulista adverte que a estratégia de medo aplicada no Brasil de Jair Bolsonaro, designada como «pânico moral», possui a mesma matriz intransigente que conduziu à violência grupos da extrema-direita católica – que o jornalista Manuel Buendía caricaturou como a «Santa Mafia» – e que querem aplicar no México.

O texto publicado no La Jornada defende que «a direita católica, para lá das sociedades semi-secretas como El Yunque, Pro Vida e tantas outras inspiradas na guerra fria, pretende instaurar uma ordem social muito afastada da actual doutrina da Igreja e do papa Francisco, ou seja, tem um cariz teocrático».

«Há uma herança de um catolicismo revanchista, cujas raízes remontam à rejeição dos valores e sistemas sociais construídos pela modernidade na sua vertente secular», alerta, considerando que seria «um erro gravíssimo» desprezar esta corrente «que tem vindo a crescer de forma avassaladora» e que agora defende o «neoliberalismo baptizado» e «uma globalização abençoada como a etapa ideal».

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