|Síria

Damasco condena visita ilegal de delegação governamental francesa à Síria

O executivo sírio denunciou de forma veemente o facto de representantes do Ministério francês dos Negócios Estrangeiros entrarem ilegalmente no país, violando a sua soberania e integridade territorial.

A grande maioria dos campos petrolíferos da Síria é controlada pelas milícias das FDS, em conjunto com as tropas do Pentágono 
CréditosHussein Malla / Al Jazeera

Num comunicado emitido esta terça-feira, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros condena «nos termos mais veementes» a visita de uma delegação francesa ao Norte do país.

Segundo refere o portal The Cradle, no passado dia 10, um grupo de representantes do Ministério dos Negócios Estrangeiros de França, que entraram na Síria de forma ilegal, encontrou-se com o Conselho Executivo da Administração Autónoma do Norte e Leste da Síria, liderado pelos curdos.

«O encontro da delegação francesa com organizações separatistas representa uma violação flagrante da soberania e da integridade territorial da Síria, e mostra o papel destrutivo e a extrema hostilidade da França para com a Síria», afirma o texto, divulgado pela agência Sana.

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França está «desligada da realidade», afirma Damasco face à insistência no «ataque»

Num comunicado emitido esta quarta-feira, o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros dirige duras críticas à diplomacia francesa, acusando-a de querer «restaurar legados da época colonial».

O Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros denuncia que a «atrasada» diplomacia de França perdeu o Norte Créditos / Vestnik Kavkaza

As pretensões colonialistas e de imposição do domínio sobre o mundo «já não são válidas para o mundo de hoje», afirma o governo de Damasco, sugerindo ainda a Paris que reconsidere e reveja as suas posições, pois «estão completamente desligadas da realidade».

«Temos seguido recentemente a atitude histérica e os posicionamentos dissociados da realidade por parte da diplomacia francesa, que perdeu o Norte depois das históricas decisões tomadas durante a recente cimeira árabe relativamente à Síria», lê-se no documento, divulgado pela agência Sana.

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Cimeira da Liga Árabe exige fim da ingerência externa na região

A exigência do fim da interferência nos assuntos internos, a reafirmação da centralidade da causa palestiniana e o regresso da Síria após anos de isolamento marcaram a cimeira histórica em Jeddah.

Vista geral da Cimeira da Liga Árabe, em Jeddah, a 19 de Maio de 2023 
Créditos / PressTV

No final da 32.ª Cimeira do Conselho da Liga Árabe, celebrada a 19 de Maio em Jeddah (Arábia Saudita), o bloco regional emitiu uma declaração conjunta em que, entre outros aspectos, reafirma o apoio à libertação da Palestina.

Reiterando que a centralidade da questão palestiniana para os países árabes continua a ser «um dos principais factores de estabilidade na região», o texto condena «nos termos mais fortes as práticas e violações contra os palestinianos nas suas vidas, propriedades e existência», e sublinha a importância de intensificar os esforços com vista à criação de um Estado palestiniano independente e soberano «nas fronteiras de 1967, com Jerusalém Oriental como sua capital».

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Síria regressa à Liga Árabe

Numa reunião à porta fechada, este domingo, os ministros dos Negócios Estrangeiros da Liga Árabe decidiram que a Síria volta a ocupar o assento numa organização de que é membro fundador.

Reunião da Liga Árabe, Cairo, a 7 de Maio de 2023 
Créditos / Prensa Latina

Reagindo à resolução 8914, ontem aprovada no Cairo e que confirma, com efeito imediato, a participação de delegações sírias em todas as organizações e reuniões do Conselho da Liga Árabe, o governo de Damasco afirmou que «acolheu a decisão com interesse».

«As tendências e movimentos que estão a ter lugar actualmente beneficiam a região e todos os países árabes, e favorecem a estabilidade, segurança e bem-estar dos seus povos», afirmou o Ministério sírio dos Negócios Estrangeiros num comunicado divulgado pela Sana.

Lembrando que a Síria é membro fundador da Liga Árabe, o texto sublinha a «importância do diálogo e da acção conjunta para fazer frente aos actuais desafios» no mundo árabe, acrescentando que «a próxima etapa requer um enfoque árabe eficaz a nível bilateral e plural, assente no diálogo e no respeito mútuo».

O canal libanês Al Mayadeen destaca a oposição dos países ocidentais a este regresso e o portal The Cradle aponta a dos Estados Unidos – assim como a de alguns países árabes que continuam a recusar a normalização das relações diplomáticas com a Síria, sobretudo o Catar.

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Reunidos em Amã, representantes de países árabes declaram apoio à Síria

Numa declaração emitida em Amã, os ministros dos Negócios Estrangeiros de Síria, Arábia Saudita, Jordânia, Egipto e Iraque sublinharam o apoio à segurança de Damasco e à sua luta antiterrorista.

Ministros dos Negócios Estrangeiros de Iraque, Egipto, Arábia Saudita, Jordânia e Síria reunidos em Amã a 1 de Maio de 2023  
CréditosKhalil Mazraawi / The Cradle

Após a conclusão da cimeira que teve lugar, esta segunda-feira, na capital da Jordânia, os ministros dos cinco países árabes declararam a importância da cooperação entre as autoridades sírias, os demais países envolvidos e as Nações Unidas com vista à formulação de uma estratégia integral capaz de lidar com os desafios da segurança nas fronteiras e de combate ao terrorismo em todas as suas formas.

Os cinco ministros dos Negócios Estrangeiros decidiram ainda trabalhar no sentido de pôr fim à presença de organizações terroristas e grupos armados em território sírio, neutralizando a sua capacidade de ameaça à segurança regional e internacional.

Do mesmo modo, expressaram o seu apoio à Síria e às suas instituições para que assumam o controlo de todo o país e imponham o Estado de direito, lê-se na declaração, divulgada pela agência Sana.

O texto destaca também a necessidade de se pôr fim à ingerência nos assuntos internos da Síria, de acordo com os princípios do direito internacional e a Carta das Nações Unidas.

O regresso voluntário e seguro dos refugiados ao país foi classificado como «prioridade máxima» e, nesse sentido, a declaração final de Amã instou à tomada de medidas que permitam materializar esta realidade.

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Síria, Líbano, Jordânia e Iraque assinam acordo de cooperação na área agrícola

Os ministros da Agricultura dos quatro países árabes vizinhos assinaram em Damasco, esta segunda-feira, um documento para a cooperação e troca comercial, visando alcançar a «integração agrícola».

Momento da assinatura do acordo de cooperação, em Damasco 
Créditos / Prensa Latina

O texto estipula a promoção e o desenvolvimento da colaboração agropecuária, bem como a troca de conhecimentos, informação e experiências, além da gestão conjunta de áreas protegidas e parques nos quatro países, indica a agência Sana.

Inclui ainda a cooperação em matéria de luta contra os incêndios, as alterações climáticas, o desenvolvimento rural e agrícola, a produção, a saúde animal e medicamentos veterinários.

O ministro sírio da Agricultura, Mohammed Hassan Qatana, revelou que, em virtude do convénio firmado, serão apresentados projectos de investimento conjunto, como a construção de instalações para gado e forragem, tendo esclarecido que o objectivo final de todos estes esforços é assegurar a segurança alimentar.

Na mesma conferência de imprensa, em Damasco, o titular iraquiano da pasta da Agricultura, Abbas al-Alawi, disse que este acordo é um ponto de partida para o trabalho conjunto e a cooperação no sector agrícola, no qual trabalha e do qual depende a maioria dos povos árabes.

Os ministros da Agricultura de Síria, Iraque, Jordânia e Líbano mostram exemplares do acordo firmado / PL

Por seu lado, o ministro jordano do sector, Khaled Hanifat, declarou que o memorando reflecte «os sinceros sentimentos fraternais entre os quatros países e ajuda a alcançar a integração para benefício dos povos».

No mesmo sentido, o ministro libanês da Agricultura, Abbas Hajj Hassan, disse que o acordo «é um passo essencial para uma acção árabe pioneira conjunta, que começa a partir de Damasco», esperando que «inclua todos os países árabes num futuro próximo».

O acordo ontem assinado pelos ministros da Agricultura dos quatro países vizinhos culminou a reunião por eles promovida na capital síria sob o lema «Por uma integração agroeconómica regional».

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Em simultâneo, apela ao reforço da cooperação entre instituições militares e de segurança sírias e as suas homólogas dos países vizinhos, de modo a garantir a segurança nas fronteiras e a combater o tráfico e o contrabando de drogas.

Os países participantes na Cimeira de Amã decidiram ainda formar uma equipa técnica de especialistas para dar continuidade aos resultados no encontro desta segunda-feira, bem como para determinar os próximos passos a dar num contexto que pretende trazer uma solução para «a crise na Síria».

Mudança de posição da Arábia Saudita

De acordo com um porta-voz do Ministério jordano dos Negócios Estrangeiros, a reunião de ontem ocorreu na sequência de encontros que tiveram lugar em Abril, na Arábia Saudita, entre países do Golfo, o Iraque, o Egipto e a Jordânia, tendo como propósito aprofundar os laços com o governo de Bashar al-Assad e discutir uma «iniciativa da Jordânia para alcançar uma solução política para a crise síria», refere o portal The Cradle.

Recorde-se que, durante a guerra terrorista imposta à Síria, a Arábia Saudita foi, como outros países do Golfo, um dos grandes apoiantes e financiadores dos grupos que combatiam o governo de Damasco e seus aliados.

Recentemente, mudou de atitude em relação ao executivo de al-Assad e, no passado dia 18 de Abril, o ministro saudita dos Negócios Estrangeiros, Faisal bin Farhan, deslocou-se oficialmente a Damasco, tendo-se reunido com o presidente sírio.

Tratou-se da primeira visita oficial saudita desde que o reino árabe cortou relações com a Síria, em 2012. Durante mais de uma década, a Arábia Saudita promoveu o isolamento político do país levantino, apostou de forma declarada na queda de Bashar al-Assad e apoiou grupos terroristas.

Outros países árabes, que fizeram o mesmo, estão a regressar ao convívio com o executivo de Damasco.

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A reunião de emergência no Cairo precede a Cimeira da Liga Árabe na Arábia Saudita, a 19 de Maio, onde a Síria já poderá participar, depois de ter sido expulsa do organismo multilateral em Novembro de 2011.

Por seu lado, a reunião celebrada em Amã no passado dia 1 de Maio, em que participaram os ministros dos Negócios Estrangeiros de Síria, Arábia Saudita, Jordânia, Egipto e Iraque, é encarada como um passo prévio à actual reintegração de Damasco na Liga Árabe.

Numa declaração emitida no final da reunião desde domingo, afirma-se o compromisso de preservar a soberania, integridade territorial e estabilidade da Síria, bem como o de manter e intensificar os esforços árabes para ajudar o país levantino a sair da sua crise.

Também se destaca a necessidade de estabelecer um diálogo directo com o governo sírio para se alcançar uma solução integral para a crise e o sofrimento do povo, que se prolonga há 12 anos.

Anuncia-se ainda que Jordânia, Arábia Saudita, Iraque, Líbano, Egipto e o secretário-geral da Liga Árabe irão formar uma comissão de contacto ministerial, que terá como função dar continuidade à Declaração de Amã e manter o diálogo directo com o governo sírio.

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Destacando a importância de reforçar uma acção árabe conjunta, «com base em fundamentos, valores, interesses e um destino comuns», bem como «a necessidade de cerrar fileiras, solidariedade e cooperação para manter a segurança e a estabilidade», os estados árabes apelam ao fim «da ingerência externa nos assuntos internos» dos países da região.

No texto, também se aborda, «com extrema preocupação», a situação no Sudão, afirmando-se a necessidade de uma «desescalada» e do diálogo; declara-se o apoio aos esforços de paz no Iémen; expressa-se solidariedade ao Líbano e insta-se os partidos a dialogar com vista a eleger um Presidente da República.

Al-Assad: «oportunidade histórica para reordenar e solucionar os nossos problemas»

O texto final do encontro também enaltece a decisão tomada a nível regional de promover o regresso da Síria à Lígia Árabe.

«Sublinhamos a importância de continuar a intensificar os esforços pan-árabes visando ajudar a Síria a ultrapassar a sua crise, em linha com os esforços árabes conjuntos e as relações fraternais que ligam todos os povos árabes», lê-se na Declaração de Jeddah, citada por The Cradle.

Durante a cimeira, o secretário-geral da Liga Árabe, Ahmed Abu Gheit, deu as boas-vindas aos «irmãos sírios», tendo defendido que, hoje mais que nunca, existe uma oportunidade que não deve ser desperdiçada para solucionar politicamente a crise no país levantino.

Bashar al-Assad, presidente da Síria, cumprimenta Abdel Fattah el-Sisi, presidente do Egipto, durante a 32.ª Cimeira da Liga Árabe / Prensa Latina

Ao intervir, o presidente sírio, Bashar al-Assad, afirmou que «as fissuras que surgiram durante a última década devem ser tratadas, e o mais importante é deixar que os povos lidem com os seus próprios assuntos e evitar a ingerência externa».

Para al-Assad, a actual conjuntura «é uma oportunidade histórica para reordenar e solucionar os nossos problemas com a menor ingerência estrangeira, e isso exige que nos reposicionemos neste mundo que hoje se forma».

Em seu entender, a acção árabe conjunta precisa de visões, estratégias e objectivos comuns, e a cimeira deve marcar o início de uma nova fase em prol da solidariedade e da paz, do desenvolvimento e da prosperidade na região, em vez da guerra e da destruição, indica a Sana.

Especialistas consultados pela agência Prensa Latina sublinharam que a participação da Síria, ao mais alto nível, trouxe um certo optimismo quanto à «tão sonhada unidade árabe» e enviou uma mensagem aos EUA de que «as suas pressões e chantagens já não funcionam como antes, num mundo cada vez mais multipolar».

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«França e as suas ferramentas terroristas falharam os seus objectivos na Síria, e, agora, teima em não reconhecer as mudanças que ocorreram nos cenários árabe e internacional», afirma o texto.

Recorde-se que, no passado dia 19, a 32.ª Cimeira da Liga Árabe, realizada em Jeddah, teve como um dos elementos destacados a participação de Bashar al-Assad, presidente da Síria, consumando o fim do isolamento do país levantino – que já havia sido decidido a 7 de Maio –, apesar da oposição declarada dos EUA.

A França também ergueu a voz contra a reintegração da Síria no mundo árabe e, esta semana, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Catherine Colonna, disse na TV que o presidente sírio devia ser julgado e que «a batalha contra o crime, contra a impunidade é parte da diplomacia francesa».

Instada a comentar o regresso sírio à Liga Árabe, Colonna disse que Paris não ia mudar a política relativamente ao dirigente sírio e que o levantamento de sanções contra o «regime» não estava «certamente» nos planos.

Neste sentido, Damasco afirmou que «a política colonial já não é válida», num mundo que «produz novos valores baseados na multipolaridade, no respeito pela soberania, pela independência dos estados e a igualdade entre eles», e que «rejeita as sanções económicas imorais e desumanas».

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Para Damasco, fica também evidente «o completo alinhamento de França com a agressão contra a Síria, por via do seu apoio a grupos terroristas e milícias separatistas».

«A Síria lembra ao governo francês que a luta contra o terrorismo deve ser em coordenação com o Estado sírio, que enfrentou o terrorismo, e não em cooperação com organizações separatistas que se tornaram uma cobertura para o governo francês e partilham com ele o objectivo de minar a soberania e a integridade territorial da Síria», denuncia o documento.

O comunicado refere-se às chamadas Forças Democráticas Sírias – FDS, milícias na sua maioria curdas, apoiadas e financiadas por Washington e que, em coordenação com a Casa Branca, mantêm o controlo sobre 90% dos campos petrolíferos do país árabe, no Norte e no Nordeste.

No texto, o governo sírio pede ainda à chamada comunidade internacional que «condene estas acções imprudentes do executivo francês», ao qual exige «respeito pela legitimidade e as leis internacionais».

Em simultâneo, aconselha o governo de França «a prestar atenção aos seus problemas internos, que estiveram nas bocas do mundo recentemente, sobretudo pelos comportamentos racistas enraizados nas suas forças».

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