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Costa diz que não há condições para Ucrânia aderir já à UE

O realismo contrasta com a propaganda. Na CNN Summit, António Costa disse que «não há condições institucionais nem orçamentais» para a adesão imediata da Ucrânia na UE. Há alternativas mas Zelensky já disse que as recusa. 

A presidente da Comissão Europeia e o primeiro-ministro de Portugal reuniram em Lisboa para definir as prioridades para a presidência portuguesa, a 15 de Janeiro de 2021
CréditosEPA/MIGUEL A. LOPES / LUSA

António Costa nunca disse abertamente que a Ucrânia entraria imediatamente na União Europeia. Acabou sempre por ter um conjunto de declarações vagas como «deve ser acolhida de braços abertos» ou que Portugal estaria «de braços abertos a opção clara que a Ucrânia fez pela Europa», mas complementando sempre com a complexidade e morosidade do processo. Sabendo disso, acabou por propor um estatuto especial de integração no mercado europeu.

Neste sentido, em Maio, numa conferência de imprensa com Costa, Zelensky disse que «a via alternativa acaba por constituir não um compromisso, mas um compromisso com os russos, uma cedência às pressões». O Presidente ucrâniano mostrava-se assim desagradado com qualquer desfecho que não fosse o que queria, vendo necessidade de, com recurso a colagens que têm repercussão na opinião pública, impor a sua vontade.

As declarações de António Costa surgem num contexto particularmente difícil no quadro da União Europeia. A grave crise energética consequente e a espiral inflacionista e a escalada armamentista tem obrigado a própria União Europeia a olhar para dentro de si em busca de soluções que diminuam os impactos da guerra na Ucrânia. Tais intenções têm sido avançadas por Ursula von der Leyen, Olaf Scholz, mas também por Guy Verhofstadt, ex-primeiro-ministro da Bélgica e deputado europeu. 

Na CNN Summit, o Primeiro-Ministro reconheceu que a União Europeia «não tem condições para cumprir as expectativas que agora está a criar» e que ««não há condições institucionais nem orçamentais» para a entrada imediata da Ucrânia na União Europeia. O reconhecimento de tais limitações centra-se também em defender que é preciso reestruturar o modelo de organização dos 27 Estados-membros. Parece que a entrada da Ucrânia é o isco necessário para o aprofundamento do Federalismo e a retirada de soberania dos países. 

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