Ontem à noite, realizaram-se concentrações em diversas cidades, com velas para evocar os «assassinados em território nacional» durante as jornadas de protesto, que inicialmente visavam a Lei de Solidariedade Sustentável (reforma tributária) proposta pelo governo de Iván Duque, mas depois alastraram para outras reivindicações.
Na sua conta de Twitter, o movimento Congreso de los Pueblos, deu conta do ajuntamento na capital, Bogotá, para denunciar a brutalidade policial no país, que, segundo dados divulgados por diversos organismos, ultrapassa os 1443 casos de violência ao longo da greve geral.
A plataforma Grita revelou que, entre as 6h (hora local) de 28 de Abril e as 8h de 4 de Maio, há registo de 216 vítimas de física por parte da Polícia. A mesma fonte indicou que 31 pessoas foram assassinadas, 21 sofreram agressões nos olhos e dez foram vítimas de violência sexual, igualmente por parte da Polícia. No mesmo período, foram registados 814 casos de detenções arbitrárias e 77 de disparos com armas de fogo.
Para além disto, a Provedoria de Justiça emitiu um comunicado em que dá conta de 87 pessoas desaparecidas até ao momento.
«Estamos a fazer as coisas bem»
O general colombiano Eduardo Enrique Zapateiro instou um grupo de polícias a prosseguir a sua acção na cidade de Cáli, tendo-lhes dito que «estamos a fazer as coisas bem» e que estão a «salvar a democracia que alguns querem destruir», refere a TeleSur.
Estas declarações de Zapateiro foram proferidas depois de, na noite de segunda-feira, membros do Exército e do Esquadrão Móvel Antidistúrbios (Esmad) terem esntrado no Bairro de Siloé, em Cáli, onde atacaram à bala grupos de jovens que participavam na greve geral.
O Exército assumiu o controlo da cidade, no departamento de Valle del Cauca, e foi decretado o recolher obrigatório.
Concentrações esta terça-feira
Em Chinácota (departamento de Norte de Santander), foi convocada para ontem um protesto com velas «contra a brutalidade policial que matou tantos jovens nestes últimos dias», informa a TeleSur.
Por seu lado, o Colombia Informa revelou que o Esmad interveio de forma violenta em Bucaramanga (Santander), havendo a registar pelo menos dois feridos.
Em Cúcuta, a greve prossegue, tendo os manifestantes realizado um minuto de silêncio pelas pessoas assassinadas pela Polícia nos protestos destes últimos dias na Colômbia.
O porta-voz nacional do Congreso de los Pueblos, Jimmy Moreno, disse, em alusão ao povo colombiano, que «a dignidade se expressa nas ruas e estradas contra este governo criminoso e corrupto de Iván Duque», cuja renúncia imediata exigiu.
De acordo com o movimento, «a greve geral pretende superar a crise sanitária, educativa, de habitação, emprego, alimentação, transporte, feminicídios» na Colômbia e rejeita «as práticas sociais genocidas contra o movimento social: assassinato, judicialização, ameaça e perseguição por parte do Estado colombiano há décadas».
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