O Comité de Greve, que reúne diversos sindicatos, associações e organizações, anunciou este domingo a decisão de suspender as negociações, tendo em conta o «incumprimento» do executivo colombiano no que respeita à assinatura do pré-acordo que havia sido alcançado para garantir o direito ao «protesto social» e a desmilitarização de todas as regiões do país.
Em comunicado, o Comité de Greve refere que «afirmou, insistentemente, que o governo não está interessado e adiou, de propósito, a negociação do Caderno Reivindicativo de Emergência».
«Depois de oito dias de intensas negociações e ter alcançado um pré-acordo sobre as garantias mínimas para o protesto social legítimo, o governo disse que o iria submeter à consulta inter-ministerial e regressou à mesa, para reabrir a discussão sobre o documento pré-acordado», explica o Comité, citado pela TeleSur.
No entanto, o governo não só não assinou esse pré-acordo, de 24 de Maio, como mantém vigente o decreto 575 que autoriza a chamada «assistência militar» para lidar com as manifestações, denunciou.
Sublinha ainda que o governo de Iván Duque adia a negociação das reivindicações de emergência porque, se o fizesse, isso implicaria abordar reclamações e obrigações sociais que trariam benefícios a milhões de colombianos, a que as autoridades não querem dar resposta.
«Em vez de agir com diligência para ouvir as reivindicações da juventude, das comunidades, dos camionistas e do Comité, e encontrar soluções, o governo decidiu recorrer à força de forma desproporcionada, com um saldo de 77 homicídios, 1246 feridos, 2808 detidos, 106 mulheres vítimas de violência sexual e dezenas de jovens com lesões oculares», denunciou o Comité.
«Estes números mostram o quadro dantesco do tratamento dado ao protesto social pacífico», frisou.
«Com esta atitude, o governo leva-nos a suspender a negociação e avaliar a continuidade das conversações adiantadas com o executivo. Como parte deste processo, entregaremos à Comissão Interamericana de Direitos Humanos o pré-acordo de 24 de Maio», precisa o Comité, sublinhando a total disposição para o diálogo, bem como a falta de reciprocidade do governo de Duque.
Neste contexto e tendo em conta os «incumprimentos de Duque», a greve geral iniciada a 28 de Abril, inicialmente contra uma reforma tributária promovida pelo governo, cumpre agora 41 dias.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui