Para o Dia Internacional do Trabalhador, a Confederação Intersindical Galega (CIG) agendou 16 manifestações em cidades e vilas do território – a principal das quais terá lugar na Corunha –, sob o lema «Trabalho digno. Pela paz e a soberania dos povos. Contra o imperialismo».
Na apresentação das convocatórias, que decorreu há dias, Paulo Carril disse que neste Primeiro de Maio se denunciará «o belicismo e a apologia da guerra que a UE, em entusiasta obediência aos Estados Unidos (EUA) e às missões da NATO, está a agitar», num mundo que caminha irreversivelmente para a multipolaridade e para «acabar com a globalização neoliberal, com o imperialismo que os EUA querem manter a fogo, sangue e morte».
No Dia da Classe Operária Galega, houve mobilizações em vários pontos do território, contra a precariedade e a pobreza, por trabalho digno e um quadro galego de relações laborais. Na Corunha, Pontevedra, Ourense e Lugo, realizaram-se concentrações, enquanto Vigo e Compostela foram palco de manifestações, tal como Ferrol, onde decorreu o acto central da jornada de luta, com a tradicional colocação de flores junto ao monumento do 10 de Março. Presente em Ferrol, Paulo Carril, secretário-geral da Confederação Intersindical Galega (CIG), sublinhou que neste momento, em que ter um emprego já não garante o rendimento mínimo necessário para viver com dignidade e aceder a direitos básicos, como a alimentação, a energia ou a habitação, é preciso vir para a rua, para acabar com a precariedade e exigir nova legislação que restitua os direitos perdidos. Reafirmou ainda a necessidade de um quadro galego de relações laborais, para se «poder exercer o direito a negociar e decidir na Galiza os nossos acordos colectivos, as nossas condições de trabalho, de forma directa e democrática, com soluções ajustadas à nossa realidade laboral, social, industrial, económica e demográfica». Dois anos depois da aprovação da última reforma laboral, mais do 50% das famílias em situação de pobreza têm emprego e um de cada três trabalhadores tiveram rendimentos inferiores ao salário mínimo espanhol. As mulheres e os jovens, explica a CIG no seu portal, são um particular exemplo desta realidade. «O capital não pára de ganhar mais à custa de possuir um exército maior de mão-de-obra barata, que vive da enorme incerteza do seu futuro, obrigada a uma permanente rotatividade de desemprego-emprego precário-desemprego», alertou. Esta é a realidade que deixam as políticas laborais neoliberais implementadas pelo governo central para satisfazer as exigências da União Europeia (UE) a troco de uns fundos que estão a hipotecar o futuro, que aceleram o aumento das desigualdades e da pobreza na Galiza, com importantes sectores produtivos a agonizar, «e que são o complemento perfeito para favorecer as nefastas políticas que o PP faz na Galiza», disse. Carril lembrou que o governo galego partilha estas políticas «e todas aquelas que reforcem a dependência económica e política da Galiza em relação ao sistema espanhol, negando um desenvolvimento galego próprio para travar o aumento do empobrecimento das classes populares, a privatização dos serviços públicos, o imparável envelhecimento da população, a desertificação social e industrial de muitas comarcas e a contínua emigração por falta de emprego». Neste contexto, destacou a necessidade da mobilização nos locais de trabalho e nas ruas. O secretário-geral da CIG destacou que a melhor homenagem que se pode fazer a Amador Rey e Daniel Niebla – trabalhadores assassinados pela Polícia franquista durante uma manifestação em Ferrol, a 10 de Março de 1972 – é intensificar a luta, para conquistar direitos e conseguir políticas alternativas às do governo e do patronato, e transformar a realidade galega, «no objectivo estratégico que temos da conquista de uma Galiza livre e sem exploração». Na sua intervenção, no final da manifestação de Ferrol, Carril instou os presentes a organizar mais e melhor a classe trabalhadora galega, para confrontar o roubo e o saque que vivem como classe e como povo. Também fez referência à luta do povo palestiniano, tendo afirmado que essa luta está muito presente em quem se identifica com o anti-imperialismo e a solidariedade internacionalista, e condenou «o genocídio que Israel está a executar com a cumplicidade da UE e dos EUA». Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
Trabalhadores contra a precariedade e por um quadro galego de relações laborais
Aumenta a precariedade e a pobreza
10 de Março: data de luta e reafirmação
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Nesse sentido, criticou a aprovação, pelo governo espanhol, do gasto de 1200 milhões de euros em armas, bem como o apoio da Europa a Israel no genocídio que está a cometer na Palestina.
Precarização das condições de trabalho e de vida
Entre outros aspectos, Carril chamou a atenção para os preços elevados do cabaz de compras; a baixa capacidade de poder de compra dos salários e das pensões; o aumento da precariedade e o aumento da população em risco de pobreza e de exclusão social. Por esta situação, responsabilizou a reforma laboral, vigente há dois anos, porque «nem gerou direitos, nem revogou as graves e regressivas reformas laborais de 2012», afirmou.
O secretário-geral da CIG criticou as políticas laborais do executivo espanhol e a concertação social, tendo alertado para a privatização da saúde pública ou alterações à Segurança Social – e não no caminho de reduzir a idade da reforma ou de garantir mais direitos a trabalhadores, reformados e pensionistas.
Criticando as políticas neoliberais do governo espanhol, Carril lembrou que o governo do PP na Galiza concorda com elas e que pretende reforçar «a dependência política e económica da Galiza em relação ao sistema espanhol», o que implica negar um desenvolvimento próprio da Galiza para travar o empobrecimento das camadas populares.
Delegados da CIG entraram, esta quarta-feira, em sucursais bancárias da Galiza para denunciar «o banquete de lucros» à conta da subida das taxas de juro, enquanto a pobreza alastra entre os trabalhadores. A Confederação Intersindical Galega (CIG) levou a cabo a ocupação simbólica de diversas sucursais do Santander, BBVA e Abanca nas cidades da Corunha, Vigo, Pontevedra, Compostela, Ferrol, Lugo e Ourense. Nas acções, que decorreram de forma simultânea, delegados da central sindical de classe apontaram a engorda da banca, nomeadamente, à custa da «injusta subida de diferentes tipos de juros», num contexto em que «os trabalhadores recebem salários de miséria, a pobreza alastra, aumenta o número de pessoas sem casa e de dia para dia mais famílias têm problemas para poder fazer frente ao pagamento da hipoteca e dos preços dos produtos de primeira necessidade». Presente numa das iniciativas, na Corunha, o secretário-geral da CIG, Paulo Carril, explicou que as acções reivindicativas tinham lugar em entidades financeiras «porque os bancos – juntamente com as distribuidoras de alimentação e as empresas energéticas – representam esta festa de lucros do capital». A este propósito, lembrou que, só no primeiro semestre deste ano, a grande banca espanhola aumentou o seu lucro em 20,2%, ganhando mais de 12,3 mil milhões de euros. Na crise financeira de 2008, a dívida pública traduziu-se em cortes sociais, aumento da pobreza e perda de direitos «para resgatar os bancos», que, actualmente, «só se preocupam em aumentar de maneira espectacular os seus lucros; ou seja, engordar mais e mais os dividendos que vão dividir pelos accionistas», denunciou Carril, citado pelo portal da CIG. Alertando, como o fez o Banco de Espanha, para o modo diligente como a banca espanhola passa as subidas decididas pelo Banco Central Europeu (BCE) para as hipotecas ou aos créditos pessoais, Carril notou como a banca não tem a mesma pressa em remunerar os depósitos dos seus clientes. Com as contínuas subidas das taxas de juro, o custo médio de uma hipoteca aumentou mais de 15% em relação a 2021, afirmou Paulo Carril, que chamou a atenção para a situação da Galiza, onde triplicou o número de pessoas sem casa, e se registou a maior subida no não pagamento das hipotecas desde 2014. Para o secretário-geral da CIG, esta situação mostra «como os governos estão a errar nas suas políticas, permitindo que, com a desculpa da inflação, os bancos e a política monetária continuem a marcar a vida real do conjunto do povo e da classe trabalhadora, aumentando a pobreza». Neste sentido, Carril insistiu na reivindicação de políticas de intervenção pública em sectores estratégicos, como o energético ou o financeiro, e a aposta na criação de uma banca pública ao serviço do povo e das necessidades do sector produtivo. Exigiu ainda o congelamento das cláusulas das hipotecas variáveis; o congelamento dos preços das rendas; a proibição de todos os despejos em curso, alargando esta prática a 2024 e 2025. Nesta linha, criticou a Xunta da Galiza por ser «incapaz» de criar habitação social em número suficiente para garantir o acesso a uma habitação digna, enquanto os preços das rendas atingem valores exorbitantes. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Internacional|
CIG denuncia «banquete de lucros» da banca, enquanto a pobreza aumenta
Políticas de intervenção pública nos sectores estratégicos
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Paulo Carril acusou ainda o governo da Xunta de «estar obcecado com a privatização dos serviços públicos» e «entregue às grandes empresas que vêm saquear e explorar de forma colonial os nossos recursos naturais, enquanto avança o envelhecimento da população, a desertificação social e industrial de muitas comarcas e a contínua emigração, por falta de emprego».
Solidariedade de classe e povo nas ruas contra o roubo
Neste contexto, o secretário-geral da CIG vincou a importância de sair para as ruas neste Primeiro de Maio, não permitindo que a desmobilização se imponha «para facilitar o endurecimento das políticas reaccionárias, anti-sociais e anti-galegas que os diferentes governos e a UE pretendem continuar a desenvolver, tal como o fazem há anos», acrescentando que é preciso «fazer frente ao saque e ao roubo que estamos a viver».
Para amanhã, a CIG agendou mobilizações em Ourense, Pontevedra e Vilagarcía, às 11h30; na Corunha, Cee, Compostela, Ribeira, Ferrol, As Pontes, Lugo, Ribadeo, Verín, O Barco de Valdeorras, A Estrada e Vigo, ao meio-dia, e em Cangas, às 18h.
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