O encontro, realizado esta segunda-feira por vídeo, foi presidido pelo sultão do Brunei, Haji Hassanal Bolkiah, em representação da ASEAN, e pelo presidente chinês, Xi Jinping. Este último anunciou a «actualização» das relações de diálogo entre a China e o bloco de países do Sudeste da Ásia por via do estabelecimento de uma parceria estratégica integral.
Classificando-a como «um novo marco» na história das relações entre estes países, disse que a iniciativa irá dar «um novo ímpeto à paz, à estabilidade, à prosperidade e ao desenvolvimento na região e no mundo», indica a agência Xinhua.
Ao discursar na cimeira, o chefe de Estado chinês sublinhou o «trajecto extraordinário» que as relações de diálogo entre China e ASEAN fizeram nas últimas três décadas e apontou as quatro grandes «experiências adquiridas» nesse percurso: respeito mútuo, cooperação mutuamente benéfica, ajuda e inclusão.
De acordo com Xi Jinping, ambos os lados acolheram as principais preocupações do outro, abordaram adequadamente as divergências e problemas procurando um terreno comum, assumiram a liderança ao criarem áreas de livre comércio e promoveram a cooperação económica, refere a Xinhua.
«A China foi, é e será sempre um bom vizinho, bom amigo e bom parceiro da ASEAN», disse Xi, que fez questão de destacar a prioridade e o apoio que este bloco merece da parte de Pequim.
Cooperação económica crescente
De acordo com o presidente chinês, os grandes avanços na cooperação bilateral ficam-se a dever à proximidade geográfica e à afinidade cultural e, mais ainda, ao facto de ambas as partes terem abraçado activamente a tendência de desenvolvimento dos tempos e terem feito a escolha histórica certa, informa a CGTN.
Desde que China e ASEAN (integrada por Brunei, Camboja, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Singapura, Tailândia e Vietname) estabeleceram relações de diálogo, em 1991, o volume de negócios entre ambos aumentou 85 vezes.
Em 2020, a China era o principal parceiro comercial da ASEAN há 12 anos consecutivos; nesse ano, pela primeira vez, a ASEAN tornou-se o maior parceiro comercial da China.
Na primeira metade deste ano, o comércio bilateral entre o bloco asiático e a China continuou a expandir-se, registando um aumento de 38,2% por comparação com 2020. O investimento mútuo, em Junho de 2021, superava os 310 mil milhões de dólares.
Defesa da paz e da estabilidade
O presidente chinês apresentou diversas propostas no sentido de que as partes avancem para uma comunidade China-ASEAN, com «um futuro partilhado» e tornando a região e o mundo «mais prósperos».
Defendendo a paz e a estabilidade, e vincando a oposição de Pequim à visão hegemónica do mundo e ao acosso das grandes potências aos países mais pequenos, Xi afirmou que a China apoia os esforços da ASEAN para construir uma zona livre de armas nucleares e que está preparada para assinar o Protocolo do Tratado sobre a Zona Livre de Armas Nucleares no Sudeste Asiático.
Ainda com vista à defesa da paz e da estabilidade regionais, informa a CGTN, o chefe de Estado apelou ao diálogo em vez do confronto, à criação de parcerias e aos esforços concertados para lidar com as potenciais ameaças à paz.
«Os esforços conjuntos são necessários para salvaguardar a estabilidade no Mar do Sul da China e torná-lo um mar de paz, estabilidade, amizade e cooperação», disse.
Enfrentar o impacto da pandemia e intensificar trocas a vários níveis
Xi anunciou ainda que a China irá entregar à ASEAN 1,5 mil milhões de dólares, nos próximos três anos, para ajudar os países-membros a lutar contra a Covid-19 e a fazer frente ao impacto económico da pandemia.
A China, que até Outubro último tinha entregado aos países da ASEAN 300 milhões de doses de vacinas contra a Covid, além de material médico, propôs a criação de um «escudo sanitário» para a região e anunciou que irá doar mais 150 milhões de doses de vacinas e contribuir com cinco milhões de dólares para o fundo de resposta à Covid-19 da ASEAN.
O presidente chinês afirmou que ambas as partes podem intensificar os intercâmbios ao nível das energias limpas. Também defendeu a retoma do fluxo de pessoas, num quadro pós-Covid-19, para promover áreas como a cultura e o turismo, para, dessa forma, aprofundar as trocas interpessoais e o conhecimento dos povos e das civilizações.
Neste contexto, Xi anunciou que o seu país vai avançar na cooperação com a ASEAN ao nível da Educação e do reconhecimento mútuo de diplomas, promovendo um maior intercâmbio de estudantes e lançando o Programa de Melhoria da Ciência, Tecnologia e Inovação China-ASEAN, que irá apoiar 300 jovens cientistas dos países do bloco do Sudeste Asiático.
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