|Índia

Bengala Ocidental: comunistas denunciam «irregularidades eleitorais em larga escala»

Em Bengala Ocidental, a 6.ª fase das eleições gerais da Índia decorreu dia 25, abrangendo 8 dos 42 círculos eleitorais. O Partido Comunista da Índia (Marxista) denuncia a ocorrência de múltiplas ilegalidades.

Murais de apoio ao PCI(M) em Bengala Ocidental Créditos / moneycontrol.com

A sexta fase das eleições para o Lok Sabha (Parlamento nacional da Índia), celebrada este sábado, abrangeu 58 círculos eleitorais do país sul-asiático, oito dos quais em Bengala Ocidental.

Aqui, o Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI(M) denuncia a existência de «irregularidades em grande escala», indica o Newsclick. Situações como intimidação de eleitores, impedimento do exercício do direito de voto, votações falsas ou expulsão de elementos da oposição foram relatadas pelo partido num estado que governou durante décadas.

Em Bankura, Purulia e Jhargram, elementos da Polícia e da guarda do estado foram acusados de estar ao serviço do partido Trinamool Congress (TMC), que governa actualmente em Bengala Ocidental, impedindo os eleitores da Frente de Esquerda de se dirigirem aos locais de voto.

Mohammed Salim, secretário estadual do PCI(M), exigiu a intervenção imediata da Comissão Eleitoral / @CPIM_WESTBENGAL

No círculo de Tamluk, foi relatada uma situação «sem controlo», depois de funcionários do TMC terem expulsado representantes do PCI(M) das mesas de voto. Ali, a candidata comunista Sayan Banerjee disse que teve um dia bastante agitado, andando de um lado para o outro e falando com observadores do processo, de modo a tentar garantir que os membros do PCI(M) podiam participar na jornada eleitoral.

Ainda em Tamluk, registaram-se confrontos entre funcionários do TMC e do partido de Modi (BJP), dos quais resultaram pelo menos três feridos. Um cenário semelhante – mas com consequências mais graves – foi registado em Mahishadal, onde um dirigente do TMC foi atacado e morto à machadada alegadamente por pessoas ligadas ao BJP.

Nos círculos de Ghatal, Bankura e Jhargram, várias estradas foram cortadas, refere a fonte, com o intuito de dificultar a resposta das equipas de observadores e da Comissão Eleitoral nos locais onde foram denunciados problemas.

Comissão Eleitoral tem de actuar já, tendo em conta a «fraude eleitoral generalizada»

O PCI(M) denuncia uma «fraude eleitoral generalizada» em Bengala Ocidental na sexta fase das eleições legislativas. Recorde-se que as eleições para o Parlamento nacional da Índia são realizadas em sete fases, de 26 de Abril a 1 de Junho, com o anúncio dos resultados previsto para 4 do mês que vem.

Mohammed Salim, secretário estadual do PCI(M), afirmou que o «carácter sagrado» do processo eleitoral foi «comprometido». Os apelos que fez à Comissão Eleitoral para que garantisse o exercício do direito ao voto «sem intimidações ou interferências» foram em vão, indica o Newsclick.

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Eleições locais em Bengala Ocidental novamente marcadas por grande violência

Até dia 4, havia registo de 15 mortes em acções de violência ligadas às eleições que se celebram este sábado. Comunistas indianos acusam a Polícia de ajudar o partido liberal-populista no poder.

Activistas do PCI(M) em campanha no estado de Bengala Ocidental, no Nordeste da Índia 
Créditos / Newsclick

Tanto The Hindu como o Newsclick se referem às actuais eleições locais no estado indiano de Bengala Ocidental como das mais violentas de sempre no país subcontinental.

Entre 8 de Junho, quando as autoridades anunciaram que as eleições «panchayat» teriam lugar no próximo sábado, e terça-feira passada, 4 de Julho, pelo menos 15 pessoas perderam a vida em acções de violência – que são habituais no quarto estado mais populoso da Índia quando ocorre este tipo de acto eleitoral.

Por causa disso, em 2018, houve distritos onde o partido no poder (Trinamool Congress; direita liberal e populista) ganhou 93% dos lugares em disputa sem qualquer oposição. Aqueles a que o Newsclick chama hooligans «armados até aos dentes» encarregaram-se de garantir que ninguém se atrevia a candidatar-se ou que desistiam.

Este ano, refere a fonte, a onda de violência associada às eleições locais nas zonas rurais de Bengala Ocidental atingiu níveis sem precedentes, tendo como principais alvos os candidatos da Frente de Esquerda, em que se insere o Partido Comunista da Índia (Marxista) – PCI(M).

As mulheres, os membros de minorias e pessoas com menos rendimentos são particularmente visados pelos «vândalos» que o PCI(M) acusa de estarem ligados ao eixo TMC-BJP.

Elementos do PCI(M) em campanha, na antevéspera das eleições locais em Bengala Ocidental / @cpimspeak

O objectivo é obrigá-los a desistir pela força, sobretudo depois de, numas eleições em que há 78 799 locais de voto, a aliança de esquerda ter apresentado mais de 70 mil candidaturas, para evitar que os partidos de direita e, em particular, o TMC (que domina a política no estado) obtenham os lugares sem luta.

Nas últimas eleições locais, isso ocorreu em 34% dos casos – o que levou o PCI(M) a classificar o acto eleitoral como uma «farsa». Nestas, refere The Hindu, estimativas preliminares apontam que o TMC já obteve 12% dos lugares em disputa por falta de oposição.

PCI(M) acusa a Polícia de ajudar o partido no poder

Segundo refere o Newsclick, a dois dias das eleições, pelo menos 60 activistas do PCI(M) foram colocados em prisão preventiva nas regiões de Jalangi e Domkol (distrito de Murshidabad), onde existe uma forte presença da esquerda.

Os comunistas indianos denunciam que se trata de pessoas sem quaisquer antecedentes criminais e violência, e que foram alvo da acção policial por se destacarem enquanto dirigentes na oposição que o partido lidera no actual processo eleitoral.

A Polícia terá ainda ajudado vândalos ligados ao TMC a espancar um candidato comunista em Hingalgung, no distrito North 24 Parganas, refere o Newsclick, que dá conta de «excessos» das forças policiais contra elementos de esquerda em vários outros locais do estado, denunciados por Saiyaad Hossain, secretário local do PCI(M).

Elementos do PCI(M) em campanha, na antevéspera das eleições locais em Bengala Ocidental, um estado da Índia com 88 750 km2 e mais de 91 milhões de habitantes / @cpimspeak

Outra situação denunciada ocorreu em vários locais do distrito de Birbhum, onde a população contou ao periódico como vândalos se apoderaram dos certificados das candidaturas de esquerda e os rasgaram, com a Polícia a assistir impávida.

«O modus operandi da Polícia de Bengala Ocidental parece claro e simples. Onde quer que os hooligans do TMC estejam a operar, a Polícia actua como uma base de apoio aos quadros do TMC», disse Debasish Barman, um dirigente do PCI(M) no estado.

«Quando os hooligans do TMC enfrentam obstruções, a Polícia vem em seu socorro e prende em massa os grupos que resistem», denunciou.

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Numa conferência de imprensa que deu em Calcutá, Salim disse que «o voto pertence ao povo, não ao governo. A Comissão Eleitoral deve tomar medidas para garantir que as pessoas possam votar livremente».

Salim denunciou a infiltração de elementos criminosos em determinadas zonas eleitorais, nas quais as «tentativas de fraude foram evidentes desde o início». Disse ainda que foram apresentadas reclamações «cabine a cabine» e destacou o mau funcionamento das máquinas de voto electrónicas e tentativas de manipular o processo eleitoral em vários locais.

O dirigente comunista referiu-se igualmente a situações como assassinatos e corrupção, num contexto de «fraude eleitoral generalizada», e disse não saber se elas estão a ser investigadas, quer pelas forças de segurança a nível central, quer pela polícia estadual.

Outras situações que apontou foram a ocorrência de grandes ajuntamentos nas imediações dos locais de voto, contrários aos procedimentos de segurança nestas circunstâncias, e distúrbios em vários pontos do estado.

Para evitar que este cenário se repita e que a última fase das eleições, dia 1 de Junho, decorre de forma «justa e pacífica», Mohammed Salim exigiu à Comissão Eleitoral que tome medidas de imediato e que responda às muitas queixas interpostas pelo PCI(M) relativas ao acto eleitoral no passado dia 25.

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