Num estudo publicado esta semana, a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO, na sigla inglesa) destaca que a guerra continua a ser a principal causa da fome numa região onde 52 milhões de pessoas sofrem de subnutrição crónica.
O problema tem piorado «com o aumento e o agravamento dos conflitos», e das crises que se prolongam desde 2011 nalguns países árabes. «Entre 2015 e 2017, mais de dois terços das pessoas que passavam fome na região (34 milhões) viviam em países atingidos pela violência», afirma a FAO.
Iraque, Líbia, Síria, Sudão e Iémen são os países a que a agência das Nações Unidas se refere, sublinhando que a situação «põe em causa os esforços» para erradicar a má-nutrição nesta região do mundo, de acordo com os objectivos da Agenda 2030 do Desenvolvimento Sustentável.
Aumento a partir de 2011
O fenómeno diminuiu de forma gradual na região entre 2004 e 2010, passando a crescer a partir de 2011, na sequência da chamada «Primavera Árabe», até atingir 11% da população, uma percentagem que sobe para 26% nos países atingidos pela guerra.
«Os conflitos provocaram alterações na produção alimentar e de gado nalguns países, o que afectou a disponibilidade de alimentos em toda a região», disse o representante da FAO no Médio Oriente, Abdessalam Ould Ahmed.
Além da guerra, o aumento da fome está também relacionado, segundo a FAO, com o rápido crescimento demográfico, a escassez de recursos naturais, as alterações climáticas e o desemprego crescente na região.
Melhorar a segurança alimentar
Em média, 21% dos menores de cinco anos têm atrasos de crescimento e 8,7% pesam menos do que deviam para a sua altura, dois indicadores de desnutrição crónica infantil que são piores nos países em guerra.
Para alterar este cenário e melhorar a segurança alimentar, Ould Ahmed defendeu uma produção agrícola e de gado que exija menos recursos de terras de cultivo e de água.
O documento da FAO destaca ainda a necessidade de promover o emprego rural, estimulando o crescimento nessas zonas. Outras recomendações são a redução das diferenças entre áreas urbanas e rurais, a melhoria da produtividade agrícola, das infra-estruturas e dos serviços rurais.
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