No âmbito das mobilizações que as áreas da ciência e do Ensino Superior estão a realizar, no país austral, contra as políticas levadas a cabo pelo actual governo na matéria, esta quarta-feira, cientistas, bolseiros, membros da comunidade académica e trabalhadores administrativos entregaram ao Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet) mais de mil cartas de investigadores estrangeiros em apoio à ciência argentina.
Com a iniciativa, realizada em Buenos Aires sob o lema «Abraço mundial à ciência argentina» e dinamizada pela Rede de Autoridades de Institutos de Ciência e Tecnologia, pretendeu-se dar visibilidade a uma situação de «asfixia orçamental» sem precedentes no sector.
Com o «alerta internacional», refere o Página 12, os trabalhadores das áreas da ciência e das universidades esperam que o executivo de Milei convoque uma mesa de negociação.
Quatro meses depois da tomada de posse do governo «libertário», a situação no sector é «insustentável», afirmam. Sobre a iniciativa de ontem, Valeria Levi, vice-decana da Faculdade de Ciências Exactas e Naturais da Universidade de Buenos Aires (UBA), explicou que foram entregues mais de mil cartas de investigadores e associações científicas internacionais nas quais se solicita a diversas autoridades do país que «não continuem este caminho de destruição da ciência argentina».
Denúncia de despedimentos e alerta para a situação nos institutos
A mobilização de ontem, igualmente convocada pela Associação de Trabalhadores do Estado (ATE), serviu também para condenar o despedimento de 140 trabalhadores do Conicet ou a redução das bolsas de doutoramento atribuídas.
Alertou-se ainda para a grave situação que vários institutos e centros de investigação enfrentam, ao não terem meios para efectuar pagamentos, bem como para o risco de uma nova fuga de cérebros e a paralisação de projectos estratégicos a nível nacional.
Sobre as cartas que chegaram de mais de 50 países, Jorge Geffner, imunólogo do Conicet e um dos convocantes da mobilização, disse que «se trata de apoios internacionais de especialistas que simpatizam com as nossas reivindicações».
«Tem a ver com dizer "Não aos despedimentos", com a recuperação dos salários, a execução do orçamento da ciência e técnica. Em suma, solidariedade contra o estrangulamento do sector», acrescentou.
Entretanto, as universidades argentinas, coordenadas pela Frente Sindical Universitária e o Conselho Inter-universitário Nacional (CIN), agendaram para o próximo dia 23 uma manifestação em defesa do ensino público e de uma actualização orçamental que lhes permita existir.
Afirmam que, no caso de não se verificar essa actualização, poderiam ter de fechar portas em Maio, sublinhando que o governo manteve para 2024 o mesmo orçamento de 2023, num contexto de inflação inter-anual superior a 270%.
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