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|Imperialismo

Alemanha participa na «guerra por procuração» na Ucrânia, denuncia deputada

Sevim Dağdelen, do Die Linke, não se poupa nas palavras contra «a guerra por procuração que os EUA mantêm contra a Rússia em solo ucraniano», nem contra «os vassalos dóceis» da União Europeia.

Créditos / multipolarista.com

Ao intervir no congresso «Pelo Equilíbrio do Mundo», que decorreu em Havana no final de Janeiro, Sevim Dağdelen, que é porta-voz do grupo parlamentar do Die Linke na Comissão de Assuntos Externos do Bundestag, não hesitou em apresentar-se como política de um país que é parte beligerante no conflito da Ucrânia.

«A Alemanha não só participa na guerra económica sem precedentes do Ocidente contra a Rússia. A Alemanha também participa nesta guerra por procuração, que os Estados Unidos dirigem contra a Rússia em solo ucraniano, através do fornecimento de armas pesadas, do treino de soldados ucranianos e do apoio aos seus serviços secretos», disse.

Para Dağdelen, «a condição necessária ao equilíbrio do mundo, a uma ordem mundial justa, ao desenvolvimento social e ambiental é a ausência de violência militar e económica». Neste sentido, defendeu que «a guerra na Ucrânia representa para a humanidade um retrocesso de anos ou mesmo de décadas».

Ao expor as suas teses, afirmou que «a guerra por procuração na Ucrânia reflecte a tentativa dos Estados Unidos de manter a sua supremacia global sem restrições numa era unipolar que está a chegar ao fim».

«Um elemento fundamental desta estratégia é o esforço dos Estados Unidos, desde o final da Guerra Fria, para impedir uma ordem de segurança comum na Europa que inclua a Rússia», frisou.

Numa Europa incapaz de defender os seus interesses, há uma redistribuição massiva da riqueza de baixo para cima

Em seu entender, «a guerra que surgiu é também o resultado da incapacidade da Europa e da União Europeia de se libertarem da sua relação de dependência com os Estados Unidos – assente por sua vez no domínio político de uma burguesia compradora – e de levarem a cabo uma política soberana, virada para os interesses do seu próprio povo, que tenha por objectivo a paz, a estabilidade e a prosperidade».

«A guerra contra a Rússia, que se trava sobretudo a nível económico, é também um ataque ao cerne da sociedade», alertou, explicando que «esta demencial guerra económica equivale, para a Europa, a uma amputação auto-infligida da própria economia, e promove ainda uma deslocação dos equilíbrios de poder dentro da aliança ocidental para os Estados Unidos».

A deputada alemã chamou a atenção para o facto de «a militarização sem precedentes no decorrer da mobilização contra a Rússia também ser acompanhada por uma redistribuição massiva de riqueza de baixo para cima dentro dos países da NATO».

É que, «enquanto as pessoas de rendimentos baixos não sabem como pagar os custos exorbitantes da energia e dos alimentos, as empresas energéticas obtêm lucros adicionais de milhares de milhões».

Dağdelen, que é membro da Comissão de Defesa, entende que «o Ocidente toma os países do Sul Global como reféns do seu conflito hegemónico com a Rússia e, assim, se isola cada vez mais».

Entre os «graves danos colaterais» a que se referiu estão o aumento dos preços da alimentação e da energia, a disseminação da fome e da pobreza, bem como a inibição do desenvolvimento económico nas regiões mais vulneráveis do mundo.

«Encurralamento» da Rússia na génese de um conflito em que os estados europeus são «vassalos dóceis» dos EUA

Sobre a génese do conflito, não hesitou apontar as violações por parte do Ocidente e o incumprimento das promessas da NATO, no sentido de não alargar os seus limites até à Rússia – um processo de «encurralamento» no qual o Ocidente e os EUA tudo fizeram para degradar a Rússia, que tinha assinalado linhas vermelhas de uma forma inequívoca.

Sobre a forma de agir dos países-membros da União Europeia, disse que foram «pouco menos que vassalos dóceis dos Estados Unidos», e, também por isso, não conseguiram encontrar uma solução diplomática para evitar uma escalada militar.

Condenando as sanções como «um acto de guerra», a deputada referiu-se ao modo como a imprensa no Ocidente «ignora a clara divisão Norte-Sul relativamente à guerra na Ucrânia».

«No Sul Global reina a incompreensão face à afirmação de que o ataque russo à Ucrânia constitui uma mudança de época e uma violação sem precedentes do Direito Internacional», frisou.

«As guerras ilegais e os graves crimes da NATO contra os direitos humanos, os bombardeamentos de infra-estruturas civis, os assassinatos com drones, as execuções extra-judiciais e a utilização selectiva do direito internacional não reforçaram, mas debilitaram a credibilidade do Ocidente e do seu suposto compromisso com uma ordem internacional assente em regras», denunciou.

«Os representantes dos países do Sul Global apontam com razão as muitas outras guerras e conflitos, que recebem muito menos atenção», disse, frisando que, perante a atenção e preocupação significativamente menores pelas crises em curso na Etiópia, Iémen, Afeganistão e Síria, «uns são mais iguais que outros».

No actual contexto, a Europa parece seguir os interesses das empresas norte-americanas e os objectivos da política externa de Washington de destruir definitivamente as relações russo-europeias, alertou, sublinhando a necessidade vital da «emancipação democrática na Europa».

Em seu entender, aos países do Sul, empenhados numa nova ordem multipolar, apresentam-se agora mais oportunidades, integrados no BRICS, na Organização para a Cooperação de Xangai, ou em organizações regionais anti-hegemónicas como a Celac e a União de Estados Africanos.

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