Na passada segunda-feira, dia 13, o preso palestiniano ligou à sua família (depois de as visitas e os telefonemas familiares lhe terem sido negados durante os quase quatro meses de greve de fome) do hospital de Kaplan, para onde havia sido transferido devido à gravidade do seu estado de saúde, informando que tinha chegado a um acordo com os serviços prisionais israelitas, que a sua detenção administrativa não seria renovada e terminaria em 25 de Fevereiro de 2020.
Ahmad Zahran, com 42 anos e residente na localidade de Deir Abu Mashal (perto de Ramallah), encontra-se preso desde Março de 2019 em regime de detenção administrativa, ao abrigo do qual os palestinianos podem ficar presos sem acusação nem julgamento e sem acesso a defesa, e esta foi a segunda greve de fome que realizou neste período.
A anterior durou 39 dias e terminou depois de lhe ser prometida a libertação; no entanto, a promessa não foi cumprida e a sua detenção administrativa foi renovada, informam nos seus portais o Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz no Médio Oriente (MPPM) e a Samidoun (rede de solidariedade com os presos palestinianos).
Solidariedade de outros prisioneiros
A greve de Zahran, que já tinha passado quase 15 anos nas cadeias israelitas, foi acompanhada pela solidariedade de vários camaradas de prisão palestinianos, incluindo uma greve da fome de 16 dias de Jamil Ankoush e outra de cinco dias, fora da prisão, da ex-presa Sumoud Karajeh. Além disso, dezenas de presos da Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) enfrentaram o isolamento e a repressão, em várias prisões, tendo levado a cabo greves da fome rotativas e protestos para exigir a liberdade de Zahran.
Num comunicado, a FPLP explica que o acordo que permitiu o fim da greve da fome surgiu após intensas negociações entre o Shin Bet (polícia de informações israelita) e a direcção do ramo prisional da FPLP. Saudando a vitória alcançada pelo seu dirigente Ahmad Zahran, a FPLP apela ao prosseguimento da luta pelo fim do regime de detenção administrativa e pela libertação dos presos palestinianos.
Zahran é um dos cerca de 460 palestinianos mantidos em regime de detenção administrativa, de um total de cerca de 5000 presos políticos palestinianos nos cárceres de Israel.
Tanto o MPPM como a Samidoun lembram que as ordens de detenção administrativa foram um dos instrumentos introduzidos na Palestina pelas autoridades coloniais britânicas no tempo Mandato, sendo posteriormente adoptadas pelo regime sionista. São emitidas por um comandante militar israelita, sem qualquer intervenção judicial, uma vez que os territórios palestinianos se encontram sujeitos a regime militar desde a sua ocupação, em 1967.
O fim regime de detenção administrativa é uma das grandes reivindicações do movimento dos presos palestinianos, uma vez que os detidos neste regime podem ficar presos até seis meses sem acusação nem julgamento, e as ordens são indefinidamente renováveis.
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