Abu Hawwash pôs ontem fim à greve de fome que iniciara 141 dias antes em protesto contra a sua detenção administrativa – sem acusação, nem julgamento –, na sequência de um acordo alcançado com as autoridades israelitas, ao abrigo do qual será libertado no dia 26 de Fevereiro, revelou esta terça-feira, em comunicado, a Comissão dos Assuntos dos Presos e ex-Presos Palestinianos.
Jawad Boulos, advogado da Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP), também confirmou que se tinha chegado a um acordo e que o recluso palestiniano de 40 anos, da localidade de Dura (Cisjordânia ocupada), tinha posto fim ao jejum.
Em comunicado, a SPP afirmou que a batalha travada por Abu Hawwash trouxe a questão dos presos e, concretamente, a da detenção administrativa para o primeiro plano, apesar de todos os desafios que ele e os outros presos que o precederam na greve de fome enfrentaram, devido às políticas sistemáticas do governo israelita, indica a agência WAFA.
Uma «vitória»
Vários partidos palestinianos celebraram o acordo alcançado e a libertação anunciada de Hawwash como uma «vitória» sobre Israel.
Abdul-Latif Qanu, representante do Hamas, afirmou que o detido desafiou «o rosto do terrorismo e da arrogância da ocupação».
Por seu lado, Osama al-Qawasmi, da Fatah, disse que se trata de «um triunfo de Abu Hawwash e de todo o povo palestiniano».
Já a Frente Democrática para a Libertação da Palestina destacou que Abu Hawwash «venceu a vontade da administração das prisões de Telavive e da tirania dos seus torturadores», apelando ao povo palestiniano para que continue a lutar contra a ocupação israelita na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, refere a Prensa Latina.
Sem acusação nem julgamento
No domingo passado, a SPP anunciou que centenas de presos palestinianos lançaram um boicote aos tribunais israelitas em protesto contra as suas detenções administrativas.
Este regime de detenção, que tem merecido ampla condenação internacional, permite a Israel manter nas suas prisões, sem acusação ou julgamento, presos palestinianos por tempo indefinido, na medida em que o período de detenção, até seis meses, é infinitamente renovável.
Alguns prisioneiros palestinianos passaram mais de uma década nas cadeias israelitas ao abrigo deste regime de detenção, que é considerado ilegal à luz do direito internacional.
Estima-se que, actualmente, mais de 500 presos palestinianos nas cadeias israelitas sejam «detidos administrativos».
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