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Acções «provocadoras» de colonos israelitas continuam

Depois da marcha das bandeiras no domingo, em Jerusalém, as «provocações» dos colonos alastraram a outros pontos dos territórios ocupados, sobretudo nas regiões de Nablus e Hebron.

Colonos israelitas agridem palestinianos da Cidade Velha de Jerusalém, a 29 de Maio de 2022 
Colonos israelitas agridem palestinianos da Cidade Velha de Jerusalém, a 29 de Maio de 2022 Créditos / PressTV

No Sul da Cisjordânia ocupada, centenas de colonos extremistas, fortemente protegidos pelo Exército israelita, partiram ontem do colonato ilegal de Kiryat Arba e dirigiram-se para bairros residenciais palestinianos no centro de al-Khalil (Hebron) e, em seguida, para a mesquita Ibrahimi, agitando bandeiras, provocando os habitantes, atacando as suas lojas e gritando palavras de ordem racistas, refere o portal Palestine Information Centre.

Aref Jaber, que participa em actividades contra os colonatos ilegais, informou que as forças israelitas bloquearam o acesso em redor da mesquita para facilitar a passagem da marcha dos colonos, e que tanto ele como jornalistas presentes no local foram detidos e impedidos de fotografar a entrada dos colonos num local considerado sagrado para os muçulmanos.

No Norte, uma outra marcha, proveniente do colonato ilegal de Itamar e igualmente protegida pelo Exército de ocupação, dirigiu-se para as imediações do posto de controlo de Huwara, a sul de Nablus, cortando o trânsito e provocando a população palestiniana.

Segundo refere a agência WAFA, os colonos atacaram à pedrada uma escola secundária em Urif, perto de Nablus, com elementos do Exército a dispararem latas de gás lacrimogéneo para o estabelecimento de ensino e a fazerem com que muitos estudantes sofressem de asfixia.

Na mesma região, a sul a de Nablus, um grupo de colonos lançou fogo, ontem à noite, a uma parcela de terra pertencente a habitantes da aldeia palestiniana de Burin. Ghassan Daghlas, que acompanha as actividades dos colonatos israelitas no Norte da Cisjordânia, disse à WAFA que se tratava de terra agrícola com oliveiras e que um grande número de árvores tinha ardido.

Marcha de colonos israelitas, escoltados pelo Exército, no centro de al-Khalil (Hebron), a 30 de Maio de 2022 / WAFA 

Marcha de «racismo e ódio» na Cidade Velha de Jerusalém

Estas acções seguem-se à chamada marcha das bandeiras promovida pelos colonos e a extrema-direita israelita no Bairro Muçulmano de Jerusalém Oriental ocupada, este domingo.

Para assinalar a «unificação de Jerusalém» (depois da Guerra dos Seis Dias, em 1967), dezenas de milhares de extremistas participaram na iniciativa, gritando palavras de ordem como «Morte aos Árabes», «Queimem as suas aldeias» ou «A Shireen está morta».

O desfile entrou pela Bab al-Amoud (Porta de Damasco) e seguiu pelo centro de Jerusalém Oriental ocupada, com agressões a dezenas de palestinianos – segundo a Al Jazeera foram pelo menos 81 –, em muitos casos com a Polícia israelita a ver ou a ajudar.

De acordo com a ONG israelita Ir Amim, citada pela PressTV, o desfile está associado a violência contra os palestinianos e a «exibição de incitamento, domínio judeu e racismo».

Por seu lado, o comentador político Nasser al-Hidmi, residente em Jerusalém, referiu-se à «anarquia e provocações dos colonos» este domingo como um «precedente muito perigoso».

«Era óbvio que o governo da ocupação deu rédea solta aos seus colonos para levar a cabo os ataques», disse à Al Jazeera, destacando o «ódio e o racismo» prevalecentes «na sociedade sionista».

«Jerusalém Oriental continuará a ser a capital eterna da Palestina»

O primeiro-ministro da Autoridade Palestiniana, Mohammed Shtayyeh, condenou a marcha e os «ataques a cidadãos palestinianos» em Jerusalém.

Por seu lado, Nabil Abu Rudeineh, porta-voz da Presidência, afirmou que «Jerusalém Oriental continuará a ser a capital eterna da Palestina», respondendo às afirmações do primeiro-ministro israelita, Naftali Bennett, segundo as quais «Jerusalém continuará a ser uma cidade unificada que jamais será dividida».

Criticando o posicionamento de Bennett, Abu Rudeineh disse que «estas declarações israelitas não dão legitimidade à ocupação de Jerusalém» e que «a ocupação acabará», refere a WAFA.

«Não é possível alcançar a segurança e a estabilidade na nossa região enquanto Israel mantiver a sua guerra contra o nosso povo, a sua terra e os seus lugares sagrados, e enquanto agir como um Estado à margem da lei», frisou.

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