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|Festa do Avante!

Sons e Vozes de África contra o racismo sobem a palco

A Festa do Avante! arranca sexta-feira com um concerto que é também uma tomada de posição na luta contra o racismo, onde participarão Maria Alice, Anastácia Carvalho, Costa Neto e Gerson Mata.

Sons e Vozes de África contra o racismo será o concerto de abertura da Festa do Avante!
Sons e Vozes de África contra o racismo será o concerto de abertura da Festa do Avante! Créditos / Festa do Avante!

A propósito do programa, dos desafios e do exemplo que esta edição representa, o AbrilAbril conversou com Madalena Santos, da direcção da Festa do Avante!, que não duvida que este ano, pelas condicionantes que são conhecidas, a realização da Festa do Avante! constitui um «desafio completamente distinto» embora, admita, todas as edições são «particulares e diferentes umas das outras».

Encontrar soluções no contexto da epidemia tornou a discussão e construção da Festa «mais motivadora», mesmo no que diz respeito ao programa. A abertura, que costuma ser dignificada pelo concerto de música clássica, teve que ser repensada de forma criativa. 

«Os nossos espectáculos têm sempre uma consigna, que se relaciona com os ideais pelos quais lutamos enquanto comunistas», explicou a dirigente, «pelo que entendemos que este ano gostaríamos de afirmar a nossa posição sobre a problemática do racismo». 

O concerto Sons e Vozes de África contra o racismo conta com a participação da Maria Alice (Cabo Verde), Anastácia Carvalho (São Tomé), Costa Neto (Moçambique) e Gerson Marta (Angola) e tem a direcção musical de Rolando Semedo.

«O fenómeno do racismo existe por todo o mundo e nós temos que o combater nas suas diversas manifestações», sublinhou Madalena Santos, acrescentando que este «está relacionado com os problemas sociais» que pautam a acção dos comunistas.

Amália, Jazz e Novos Valores

Outro concerto que Madalena Santos fez questão de destacar é o espectáculo de homenagem à Amália Rodrigues, quando se celebram os 100 anos do seu nascimento, com três vozes de três gerações: Cidália Moreira, Ana Sofia Varela e Luís Caiero. Este último, uma jovem esperança do fado, que – dizem os especialistas – terá um «timbre de voz» no masculino muito parecido com o da própria Amália. 

«Foi um espectáculo feito para a Festa como é comum acontecer, ao contrário de outros eventos culturais», lembra a dirigente. «São espectáculos que têm em consideração este público que é muito particular: um público com consciência social e política, diferente da heterogeneidade de outros públicos», afirmou.

Manuel Jorge Veloso será homenageado pela Orquestra de Jazz do Hot Club num concerto dedicado à obra de Charles Mingus, onde mais uma vez «a questão do racismo e luta contra o racismo» estarão patentes. Também teremos oportunidade de ouvir um Ensemble que resolveu ficar com o nome Ensemble Manuel Jorge Veloso «precisamente para ficar expresso que é uma homenagem a um dos grandes mentores da área do Jazz», referiu Madalena Santos.

A dirigente fez ainda uma chamada de atenção «muito especial» para as bandas do concurso do Palco Novos Valores (PNV) que a Juventude Comunista Portuguesa organiza anualmente. «Pelas razões que são conhecidas tivemos que fazer uma reformulação das zonas de espectáculo, mesmo não havendo PNV as bandas que ganharam o concurso não podiam deixar de ter lugar na Festa», observou. Duas actuarão no Palco 25 de Abril, duas no Auditório 1.º de Maio e duas no palco Paz, considerando assim que esta «importante» iniciativa da JCP terá o destaque que merece, por divulgar «a nova música que se vai fazendo» por todo o País.

Música portuguesa e de expressão portuguesa

Com as alterações impostas pela Covid-19, nomeadamente no que toca à redução do cartaz, houve um critério «fundamental»: só há música portuguesa, dos países de expressão portuguesa e de músicos estrangeiros radicados em Portugal.

«No período que estamos a viver, a música foi das primeiras áreas a ser completamente fechada. Claro que houve muitas iniciativas, porque sem música não podemos viver, mas apenas ao nível das redes sociais, os espectáculos ao vivo foram cancelados ou adiados», referiu Madalena Santos, lembrando que «os músicos, técnicos e produtores não podem deixar de fazer o seu trabalho, em função do qual vivem».

Exemplo a seguir até aqui e daqui para a frente 

Questionada sobre o facto de vários promotores de festivais terem afirmado que a realização da Festa do Avante! este ano será um exemplo daqui para a frente, Madalena Santos lembra que «a Festa foi um marco desde o seu início». 

«Há quem diga, com um certo simplismo, que a Festa do Avante! foi o pai de todos os festivais, e de facto foi. Esta é a 44ª edição da Festa do Portugal de Abril que começou a realizar-se em 1976, numa altura em que não existia nada», sublinhou a dirigente, acrescentando que «quando se fizer a história da Festa verificar-se-á que ela foi inovadora em tudo».

A Festa representa um exemplo da «inovação, inteligência, da forma como resolvemos os problemas quando eles se colocam, de não baixar os braços, de continuar a ter coragem e de saber que tudo o que é humano não nos é estranho», afirmou a dirigente. «Tudo o que é humano nós conseguimos pensar, melhorar e solucionar para que possamos continuar a viver colectivamente e sermos um animal social», defendeu.

Segundo a dirigente, o vírus trouxe um outro olhar sobre a forma como nos relacionamos, mas também sobre «as contradições do capitalismo». «Aí está o desemprego a alastrar e o lay-off a ser utilizado de forma ilegal. Estes problemas muito complexos também vão ser discutidos na Festa, daí que ela seja uma iniciativa completamente diferente e distinta de todas as outras porque tem esta componente de racionalização dos problemas dos trabalhadores e de contributo para a sua resolução», referiu.

A confiança dos comunistas e amigos que constroem a Festa não podia ser mais mobilizadora. «Podem ir ao site da Festa verificar quais as medidas de segurança e higiene que estamos a operacionalizar e podem estar completamente serenos e seguros de que a Festa receberá todos os seus visitantes de uma forma muito aprazível, um espaço muito amplo para estarmos todos com distância física e não social», afirmou.

Defendendo que «precisamos de estar uns com os outros, nos vermos e encontrarmos, de fazermos a Festa», a dirigente sublinha que «tudo isso é possível desde que todos nos comprometamos com as medidas de segurança». «Vamos sair daqui mais confiantes, mais seguros, e com a certeza de que em todas as condições é possível realizarmos os nossos sonhos e concretizarmos mais um bocadinho da utopia que perseguimos, que é uma sociedade melhor para todos», disse.

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