A Igreja de São Vicente1, antiga ermida do século XV, além de um importante edifício do património da cidade de Évora, assume-se atualmente como um espaço de cultura, mais precisamente como uma sala de exposições temporárias, com uma programação regular. Este espaço cultural apresenta neste momento a exposição de pintura «A Segunda Pele» da artista Balbina Mendes2, até 3 de fevereiro.
Na apresentação desta exposição, a Professora Catarina Miguel, do Laboratório Hércules da UE, afirma que nas «várias linguagens plásticas que encontramos, a dualidade em cada uma das obras apresentadas remete-nos, necessariamente, para a dualidade daquilo que somos e do que aparentamos, transpondo-nos para o papel das «máscaras» que todos colocamos e retiramos, nas diferentes esferas da nossa vida, e impele-nos para uma viagem aos recônditos da nossa existência».
Acrescenta ainda Catarina Miguel que nas obras de Balbina Mendes podemos encontrar poemas de Fernando Pessoa, Saramago e de Sá Carneiro, apresentando esta exposição como «retratos pintados sobre camadas, onde a pincelada de tinta, a marca do pincel e a marca da espátula, evidentes, salientam a marca da inspiração da artista, encaixando-se em pintura sobre serapilheira, tela e acrílico, fazem também parte desta exposição contemporânea e ao mesmo tempo ancestral e mitológica».
A Exposição do Concurso Internacional da XVI Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro pode ser visitada até 28 de janeiro no Museu de Aveiro / Santa Joana3. A edição de 2023 desta bienal apresenta «84 trabalhos selecionados por um júri internacional. No seu conjunto, refletem a diversidade nas abordagens dos artistas ao nível das técnicas, dos materiais, das formas e dos conceitos e, simultaneamente, expressam as diferentes geografias resultando num exercício de experimentação, inovação e criatividade em cerâmica». A Bienal de Cerâmica de Aveiro tem sido afirmado como primeiro evento que recebe o logo da Capital Portuguesa da Cultura 2024.
«Balance in Red», da autoria de Paula Bastiaansen (Países Baixos) é a peça vencedora da Bienal Internacional de Cerâmica Artística de Aveiro 2023, sendo também premiadas as obras «Grow», da autoria de Hidemi Tokutake (Japão) e «Handle with care», da autoria de Ming-Miao Ko (Taiwan) respetivamente com o segundo e terceiro prémio. O júri do concurso internacional avaliou 915 obras submetidas a concurso por 565 artistas de 62 nacionalidades e, além dos premiados, atribuiu ainda Menções Honrosas às obras dos artistas Chisato Yasui (Japão), Jiao Meng (China), Lisa Barbosa (Portugal), María Oriza Pérez (Espanha), Ricus Sebes (Alemanha) e Shao Lei (China).
Desde final de outubro que o programa da Bienal tem apresentado exposições, instalações, conferências, workshops e ateliers, assim como um programa de serviços educativos para as crianças e famílias e visitas guiadas. Das exposições apresentadas destacamos «A poética da erosão. A obra cerâmica de Cecília de Sousa (n.1937)» na Galeria da Antiga Capitania4, destacando a obra desta artista portuguesa como «um dos nomes mais importantes de entre os artistas que se dedicaram à produção cerâmica na segunda metade do século XX.
A sua obra é dotada de uma expressão poética, da linha e da cor, que ganha cada vez maior identidade e se acentua no contraste progressivamente matérico dos seus objetos»; a coletiva «Exposição Artistas Portugueses Aic», onde pode ver obras de Ana+Betânia, Carlos Enxuto, Heitor Figueiredo, João Carqueijeiro, Sofia Beça, Xana Monteiro, Yola Vale na Galeria Morgados da Pedricosa, e por final salientamos também a instalação «Exposição Vessel Light» de Nicola Boccini no edifício ATLAS Aveiro que «pretende lançar uma luz sobre os crimes contra a humanidade que ocorrem no mar, onde muitas pessoas perdem a vida na tentativa de se salvarem. A obra de arte representa um navio de carga, ou navio comercial, transportando “módulos” sem distinção entre mercadorias ou pessoas. Responde com luz e interage com o público, que poderá ouvir as vozes das pessoas envolvidas num resgate. Vítimas e socorristas», segundo as informações que podemos aceder em https://bienalceramicaaveiro.pt/.
No Centro de Artes de Caldas da Rainha - Museu Leopoldo de Almeida e Espaço Concas5 decorre a exposição «Matéria Cíclica» de Ivo Andrade, que está patente até 30 de janeiro de 2024. Esta exposição, cujo projeto é coordenado por José Antunes, apresenta nos seus trabalhos uma seleção de materiais, como estrume das ovelhas e cinza de zonas que sofreram grandes incêndios.
Segundo o texto de José Roseira, na exposição «Matéria Cíclica» podemos identificar alguns materiais que «são o produto de um labor aturado e persistente de recolha e transformação de objetos e elementos que o artista tem feito ao longo de anos, nas serras da sua infância», referindo ainda que o artista Ivo Andrade «acelera o labor do tempo para trazer até nós a imagem de uma ideia altaneira de abrigo, ritual e rotina, mas também a semelhança do inquietante e a estranheza familiar de um mundo do qual nos reconhecemos mas que, por algum motivo, rejeitamos na nossa coletividade, perseverando nesse limite enquanto recolhe paciente o registo e a memória de práticas e rituais ancestrais, ritos e protocolos que até há pouco ligavam o humano a estas paisagens e hoje só podemos reconstruir através das mastigações de um arquivo excrementício».
Utilizando técnicas artísticas como a fotografia, desenho, a pintura e instalação e através do olfato, a audição e o tato, o artista confronta os espectadores com alguns elementos que se aproximam de tradições e modos de vida do pastoreio e das serras, despertando os sentidos e ao mesmo tempo abrindo caminho para uma reflexão acerca da «perda do equilíbrio com a natureza e os seus ciclos a que assistimos no presente».
O Centro Cultural da Levada6, em Tomar recebe a exposição Bright as Silver, White as Snow II, integrada no projeto «Sítios do Barro III», que ficará patente ao público até 4 de fevereiro de 2024. Este evento é dedicado à cerâmica de autor, na linha do que tem vindo a ser promovido em Tomar pelo grupo de artistas «Convergências».
Esta exposição de peças de cerâmica das artistas, Beatriz Horta Correia, Graça Pereira Coutinho e Susana Piteira, com os trabalhos que trouxeram no regresso da sua residência artística como como bolseiras da Fundação Oriente em 2019 em Jingdezhen, no centro milenar dos segredos da cerâmica, na China. Jingdezhen, na China, uma cidade com cerca de um milhão e meio de habitantes e atualmente é uma plataforma internacional para grandes projetos artísticos e de design em cerâmica.
- 1. Igreja de São Vicente - Alcárcova de Baixo 59, - Largo de São Vicente 7000-656 Évora. Horário: segunda a sexta: 10h-13h e 14h-18h.
- 2. Balbina Mendes nasceu em 1955, em Malhadas, Miranda do Douro. Vive e trabalha em Vila Nova de Gaia. Mestrado em Pintura pela Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto (FBAUP). Realizou e participou em dezenas de exposições individuais e coletivas em Portugal, Espanha, EUA, Bélgica, Áustria, Austrália e Índia.
- 3. Museu de Aveiro / Santa Joana - Av. Santa Joana s/n 3810-164 Aveiro. Horário: terça a domingo: 10h-12h30 e 13h30-18h.
- 4. Galeria da Antiga Capitania - Rua de Viana do Castelo Aveiro 3800-275. Horário: terça a domingo: 10h-12h30 e 13h30-18h.
- 5. Museu Leopoldo de Almeida e Espaço das Concas - Rua Dr. Ilídio Amado, 2500-217 Caldas da Rainha. Horário: segunda a sexta: 9h-12h30 e 14h-17h30. Sábado e domingo: 9h-13h e 15h-18h.
- 6. Complexo Cultural da Levada de Tomar - Rua João Carlos Everard, 2300-552 Tomar. Horário: terça a domingo, 10h-13h e 14h-18h.
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