|concentração

Trabalhadores do Lisboa Marriott Hotel em concentração contra má-fé patronal

O hotel recusa-se a apresentar propostas por ter sido vítima de uma «facada nas costas». A alegada «traição» deve-se ao simples facto de os trabalhadores não estarem mudos e calados, exigindo os seus direitos.

Lisboa Marriott Hotel 
Créditos / Lisbon Shopping

«Desde Dezembro de 2022, a direcção do Lisboa Marriott Hotel tem protelado e recusado dar respostas às matérias apresentadas pelos trabalhadores», constantes no Caderno Reivindicativo para 2023, explica, em comunicado enviado ao AbrilAbril, o Sindicato de Hotelaria do Sul (SHS/CGTP-IN).

|

Hotel Marriott complacente com precariedade e chantagem

A limpeza do hotel de quatro estrelas é assegurada por dezenas de trabalhadoras subcontratadas à Talenter, apesar de ocuparem necessidades permanentes, que são alvo de irregulariedades e assédio.

CréditosJosé Carlos Cortizo Pérez / CC BY 2.0

A situação das trabalhadoras do Hotel Marriott, que em Fevereiro também foi notícia, é denunciada pela deputada do PCP, Rita Rato, numa pergunta dirigida ao Ministério do Trabalho, Solidariedade, Segurança Social.

No documento, a que o AbrilAbril teve acesso, a deputada comunista descreve que a limpeza do unidade hoteleira é assegurada por cerca de 30 empregadas, subcontratadas a empresas de trabalho temporário, e apenas outras sete estão nos quadros. Uma situação que «traduz bem a visão distorcida» que a empresa tem daquilo que «seriam as necessidades pontuais provocadas pela sazonalidade», afirma Rita Rato.

Segundo a deputada, a situação destas trabalhadoras, algumas com «mais de dez anos de serviço nesta unidade hoteleira», resulta, para a empresa, em diferenças salariais que chegam quase aos 400 euros – uma trabalhadora subcontratada recebe aproximadamente 623 euros –, além de desencadear a perda de diversos direitos e abusos, por parte da Talenter, a empresa de trabalho temporário que está há dois anos com o serviço.

Além disso, a pergunta descreve «situações de contratos ao mês, à semana e ao dia, e até trabalhadoras sem contrato». Perante a exigência da Autoridade para as Condições de Trabalho para regularizar a situação, «eis que a Talenter chamou as trabalhadoras a assinar um novo contrato com um salário base de 580 euros, sob ameaça de que quem não aceitasse "podia arrumar o cacifo e ir embora”», acusa Rita Rato.

É afirmado ainda que a Talenter «tem tido um tratamento deplorável para com estas trabalhadoras, explorando ao máximo a condição de imigrantes (...). Aliás, estas descobriram da pior forma que a empresa não estava a fazer os descontos para a Segurança Social, quando tentavam regularizar a sua situação ou dos seus filhos no Serviços de Estrangeiros e Fronteiras».

Tipo de Artigo: 
Notícia
Imagem Principal: 
Mostrar / Esconder Lead: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Imagem: 
Mostrar
Mostrar / Esconder Vídeo: 
Esconder
Mostrar / Esconder Estado do Artigo: 
Mostrar
Mostrar/ Esconder Autor: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Publicação: 
Esconder
Mostrar / Esconder Data de Actualização: 
Esconder
Estilo de Artigo: 
Normal

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui

Não podendo continuar a empurrar a situação com a barriga, passados tantos meses, os responsáveis patronais vêm agora inventar uma «traição» protagonizada pelos seus próprios trabalhadores: «uma facada nas costas». Ao invés de ficarem mudos e calados e aturarem os desmandos patronais, os trabalhadores tiveram o desplante de exigir o cumprimento dos seus direitos.

Vendo bem as coisas (com olhos de ver), constata-se que, na verdade, foi a direcção que não agiu com «boa-fé negocial ao longo de todo o processo do Caderno Reivindicativo de 2023». A direcção decidiu «unilateralmente e por acto de gestão, impor um aumento de 48 euros mensais e, simultaneamente, retirou o valor de 35 euros do cartão de aniversário».

«A direcção do Lisboa Marriott Hotel está cristalizada numa posição de confronto, tendo a última reunião realizada no passado dia 9 de Março, um exemplo de tal postura arrogante, prepotente e unilateral».

Face à postura irredutível do hotel, os trabalhadores do Lisboa Marriott Hotel decidiram em plenário, com o SHS e os seus representantes sindicais, realizar uma concentração à porta da unidade hoteleira, na Av. dos Combatentes, no dia 14 de Março, a partir das 14h30h, «para denunciar a situação».

Os trabalhadores já reformularam a sua proposta inicial, propondo agora um aumento salarial de 80 euros, já apresentado em Janeiro de 2023. Este valor está fundamentado na actual situação, em que os trabalhadores estão sujeitos a um aumento brutal do custo de vida, com um aumento superior a 20% nos produtos alimentares, a energia a ultrapassar os 27%, para além das prestações bancárias e rendas de casa. Tudo isto contrasta com os bons resultados alcançados ao longo do ano de 2022, em «cujas receitas do Marriott foram superiores aos anos de pré-pandemia».

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui