O caderno reivindicativo é extenso, mas nem por isso perde a sua premência. Os trabalhadores da Aptiv em Braga estão em luta por um aumento salarial mínimo de 100 euros para todos, sem discriminação; o acrescento de uma quinta diuturnidade e a sua a aplicação a todos os trabalhadores, algo que a administração da empresa roubou em 2013; assim como a redução em 30 minutos dos horários de trabalho e o fim dos turnos ao Sábado à noite.
Outra das exigências nesta unidade fabril é a passagem «a efectivo de todos os trabalhadores que ocupem postos de trabalho permanentes há mais de seis meses», uma questão da mais elementar justiça, considera o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Norte (SITE Norte/CGTP-IN).
A acção de luta realizada no dia 16 de Fevereiro, com uma adesão de 85%, foi o terceiro dia de greve na empresa neste mês, decididas pelos trabalhadores em plenário após a empresa se recusar a negociar com os seus funcionários. O sindicato lamenta que, face ao conflito existente, a administração «opte por pressionar e coagir trabalhadores em vez de responder aos seus problemas».
É inaceitável, considera o SITE Norte, «a chantagem exercida sobre os trabalhadores precários que, ainda que percebendo a fragilidade da sua condição, têm aderido ao seu direito constitucional de fazer greve». «As práticas coercivas demonstradas pela Active, não são recentes e provam que mais do que procurar soluções para os problemas sentidos, a empresa opta por inflamar ainda mais o conflito social».
O SITE Norte «mantém aberta» a porta à negociação, mas deixa o aviso: os trabalhadores mantém a mesma «disponibilidade de continuar a sua luta».
Em Portugal, a multinacional emprega cerca de 1 600 pessoas nas suas fábricas em Braga e em Castelo Branco, assim como num centro de manufactura em Lisboa. A empresa presta serviço a marcas como a Audi, Porsche, BMW, Ferrari, Volkswagen, Fiat e a Volvo.
Ao Jornal de Negócios, em 2018, a empresa destacou o seu crescimento «assinalável»: «só nos últimos dois anos a Aptiv duplicou as vendas, tendo como objectivo atingir os mil milhões de euros até 2023».