Os sindicatos que constituem a Comissão Negociadora Sindical (CNS) enviaram, no passado dia 20 de Agosto, um pedido de agendamento de reunião, dando conta da abertura para ajustamento de posições, a que a Super Bock «não deu, até hoje, resposta», lê-se num comunicado enviado ao AbrilAbril.
Como tal, refere a nota, a empresa «não pode agora [...] acusar os sindicatos de inviabilizar o acordo quando deram, precisamente, o último passo no sentido positivo». Por outro lado, realça que «não faz qualquer sentido afirmar que a empresa teve uma "evolução muito concreta e significativa das suas posições negociais" quando uma das suas propostas foi "zero"».
A ausência de acordo para aumento salarial na Super Bock levou ao agendamento de uma greve com paragens parciais em todos os turnos entre 5 e 10 de Agosto, revelou o Sintab. «Os trabalhadores protestam assim contra o desrespeito da empresa pela lógica negocial e a não observância de paralelismo com a distribuição de lucros pelos accionistas», revela em nota o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN). O pré-aviso de greve abrange a prestação de trabalho nos dias 5, 6, 7, 8, 9 e 10 de Agosto de todos os trabalhadores de todos os estabelecimentos da empresa Super Bock Bebidas, sediada em Leça do Balio (Matosinhos). No documento, a organização sindical apresenta como justificação a luta por aumentos salariais, para todos os trabalhadores, a partir de Janeiro de 2021, como «valorização do trabalho» e «projecção da riqueza criada». Declara ainda que a greve é «contra a posição irredutível da administração da Super Bock em não evoluir a sua proposta no sentido de a aproximar à dos trabalhadores, respeitando a lógica negocial que se exige, e os sindicatos empregaram». Os trabalhadores da fábrica da Super Bock em Matosinhos vão fazer greve contra a política de aumento salarial zero da mesma administração que distribuiu 40 milhões de euros aos accionistas. Os trabalhadores da Super Bock Bebidas estarão em greve nos próximos dias 8 e 9 de Junho, face à indisponibilidade da empresa para negociar aumentos salariais ou quaisquer outras alterações que melhorem os rendimentos dos trabalhadores, anuncia o Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN). A irredutibilidade da administração é tanto mais chocante quanto, segundo o Sintab, distribuiu mais de 40 milhões de euros em dividendos pelos seus dois accionistas, no presente ano. A acção de luta foi decidida em plenário realizado no passado dia 28 de Maio, «dando tempo suficiente à empresa para a evitar, o que até hoje não aconteceu», faz notar o Sintab. O início da greve, informa o sindicato, será marcado por uma acção de denúncia e protesto em frente à fábrica e sede da Super Bock Bebidas, em Leça do Balio, Matosinhos, que se iniciará às 8h e se prolongará por toda a manhã. Os trabalhadores organizarão um mega piquete de greve seguido de uma conferência de imprensa dada pelos sindicatos e pela Comissão de Trabalhadores. Entretanto, também a greve às horas suplementares nos fins-de-semana e feriados prossegue no próximo dia 10 de Junho. Em Junho de 2020, a pretexto da pandemia, a Super Bock propôs o fim do acordo de laboração contínua na área fabril, causando «uma perda substancial de rendimentos» aos trabalhadores, como na altura foi denunciado (ver caixa). Os trabalhadores da fábrica da Super Bock, em Leça do Balio, decidiram fazer greve aos fins-de-semana, feriados e horas extra para contestar a imposição da adaptabilidade e banco de horas. «O plenário de trabalhadores tomou esta decisão porque estes não aceitam o recurso ilegal à adaptabilidade de horário pela empresa, que está a aplicar escalas que não estão reguladas, tentando manter a laboração contínua de uma forma mais barata», disse à agência Lusa José Eduardo Andrade, dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos de Portugal (Sintab/CGTP-IN). Segundo o sindicalista, em Junho de 2020, a pretexto da pandemia, a Super Bock propôs a antecipação do fim do acordo de laboração contínua na área fabril, o que representou «uma perda substancial de rendimentos aos trabalhadores». Com o fim do acordo, que só deveria terminar em Abril de 2021, apenas metade dos trabalhadores estão obrigados à laboração contínua; os restantes, embora trabalhem por turnos, não são obrigados a fazer fins-de-semana e feriados. Por isso, optaram por marcar greve para esses períodos, para ficarem devidamente salvaguardados e poderem recusar-se a trabalhar nesses dias ou a fazerem horas extraordinárias. «É que a empresa está também a tentar impor 42 horas de trabalho semanal quando é preciso, sendo o horário de 39 horas, criando um banco de horas ilegal, e dispensando os trabalhadores quando não são tão necessários, dado que a produção tem o seu pico no Verão», disse José Andrade. A Super Bock decidiu implementar unilateralmente, a partir do dia 1 de Abril, horários e escalas que vão penalizar os funcionários, referiu ainda o dirigente sindical. Nesse sentido, os primeiros efeitos da greve deverão sentir-se no fim-de-semana da Páscoa. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Na altura, os trabalhadores abrangidos por esse acordo (cerca de metade dos trabalhadores da empresa) optaram por marcar greve para os fins-de-semana e feriados, a fim de ficarem devidamente salvaguardados e não serem obrigados a trabalhar sem receber. A denúncia do acordo de laboração contínua não eliminou a necessidade deste recurso para a empresa, que impôs a sua retoma por menos salário, tal como os trabalhadores previam. Estes não aceitam a situação e estão a praticar as 39 horas semanais estipuladas na contratação colectiva. Deste então, assinala o Sintab, a administração tem levado a cabo «inúmeras tentativas de divisão» entre trabalhadores, «com propostas pontuais e em determinados sectores». Não o tendo conseguido, passou a desferir «ataques à Comissão de Trabalhadores, na tentativa de a descredibilizar», sem o conseguir, como se pode ver pelo prosseguimento da luta. O Sintab acusa a administração da Super Bock Bebidas de «inúmeras violações à lei da greve», detectadas pelos piquetes de greve às horas suplementares, que o sindicato se propõe denunciar às autoridades competentes. Refere a substituição de trabalhadores em greve por outros com contrato de trabalho temporário, completamente fora do âmbito do motivo justificativo desses contratos, a transferência pontual de posto de trabalho dos trabalhadores escalados para o fim-de-semana, e o envio semanal de dezenas de cisternas de cerveja para enchimento na concorrência. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença. Na nota hoje divulgada, o Sintab lembra que os sindicatos reivindicaram, em Novembro último, aumentos salariais de 90 euros e diversas melhorias nas cláusulas do acordo colectivo de trabalho, em que se destacam o direito a 25 dias úteis de férias e a 35 horas de trabalho semanal. «Numa primeira fase, a empresa escusou-se na desculpa da pandemia para nem sequer se reunir com os sindicatos», algo que só veio a acontecer em Fevereiro deste ano, quando «apresentou uma proposta de aumento zero para 2021». «Essa postura da empresa levou já a que os trabalhadores tenham estado em greve, durante o mês de Junho, e deliberado, em plenário, a necessidade de a empresa apresentar propostas de aumento salarial condizentes com a distribuição de lucros aos accionistas, que, em anos de pandemia, atingiram os valores mais altos de sempre», afirma o sindicato. Em Julho – lê-se na nota –, a empresa apresentou uma proposta de aumento salarial ligeiramente acima da inicial, mas que o Sintab considera não ter respeitado «a lógica negocial», pelo facto de a administração «congelar a sua posição em valores que sabia estarem aquém dos mínimos aceitáveis pelos trabalhadores». «A administração da Super Bock distribuiu, em 2020, o valor recorde de 55 milhões de euros em dividendos, pelos seus dois accionistas (Violas e Carlsberg) e 44 milhões de euros já em 2021», denuncia a estrutura sindical, lembrando que a empresa do sector das bebidas detém marcas como a Super Bock, Pedras e Somersby. Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz. O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.Trabalho|
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A CNS denuncia o que apelida de «estratégia de culpabilização dos sindicatos» e contesta a «atribuição arbitrária» de um aumento salarial de 1,5%, apesar de a empresa, «de forma ardilosa e enganadora, o identificar como equivalente à sua última proposta», a qual, não obstante ter sido rejeitada pelos trabalhadores, avançava com um valor de 25 euros de aumento e 25 dias de férias.
«Se a Super Bock está assim tão preocupada com os seus trabalhadores, deve promover a valorização salarial condizente com os resultados que, vaidosamente, publicita de forma externa e que lhe tem valido distinções no meio financeiro e comercial», lê-se no comunicado.
A estrutura afirma ainda que, para que os seus trabalhadores a identifiquem como «séria», a empresa «deve responder à proposta de reunião que a CNS lhe endereçou há duas semanas, valorizando a mensagem positiva que esta continha».
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