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Manifestação nacional da CGTP-IN juntou milhares em Lisboa

«Sem luta não se chega a lado nenhum»

Apesar de virem de vários pontos do País e de diferentes sectores e empresas, dos sectores público e privado, na conversa com alguns manifestantes, que este sábado desceram a Avenida da Liberdade, em Lisboa, percebemos o mesmo denominador: precariedade.

CréditosManuel de Almeida / Agência Lusa

As reivindicações estavam assinaladas em diversos elementos de animação que acompanharam a descida, do Marquês de Pombal até aos Restauradores, de milhares de trabalhadores de todo o País – faixas, cartazes, pancartas, carros de som, megafones e bandeiras serviram de enquadramento às vozes de quem participou na manifestação nacional da CGTP-IN, este sábado.

Zita Costa trabalha no call center da PT no Porto, há 12 anos, mas sempre a saltar entre empresas de prestação de serviços, estando actualmente na Manpower. Na realidade, diz-nos, «são 12 anos, sempre a trabalhar para a PT», sendo para esta empresa que outros, na mesma situação, «fazem serviço permanente». A estratégia é clara, diz: «Alguns trabalhadores chegam a ganhar metade do que aufere um efectivo da PT».  

A trabalhadora, que recebe 575 euros, refere que nunca foi aumentada em 12 anos e que esta é uma das grandes reivindicações dos trabalhadores da Manpower. Sobre a presença na manifestação, e depois de uma greve realizada no passado dia 13, afirma convicta que «sem luta não se chega a lado nenhum». «Desistir nem pensar!», remata.

No desfile, trabalhadoras das grandes superfícies faziam-se ouvir. Soraia Fonseca, trabalhadora do Lidl, no armazém de Linhó (Sintra), é peremptória ao afirmar que os aumentos salariais são uma razão preponderante.

Já Alexandra Gaudêncio, trabalhadora da Auchan em Alverca, explica que, para além de os trabalhadores auferirem valores pouco acima do salário mínimo nacional, ainda se deparam com «discriminação salarial», uma vez que apenas dois escalões foram aumentados nesta empresa.

Soraia Fonseca e Sónia Robalo, que também labora no Lidl, denunciam ainda o problema dos vínculos precários, admitindo que o Lidl «mantém trabalhadores com contratos temporários quando necessita deles permanentemente».

A pressão psicológica foi outro dos problemas apontados, causado também pelos horários desregulados. «Chegamos a ter três horários diferentes na mesma semana», denuncia Alexandra.

Do lado das forças de segurança, Carlos Oliveira, membro da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), esclarece que os trabalhadores exigem do Governo o descongelamento das progressões nos sectores das forças de segurança, que ainda não obtiveram resposta.

No caso da PSP, revela que «talvez seja já 80% do efectivo que não tem promoções», acrescentando que «os profissionais da PSP viram-se ao longo de mais de dez anos a não ter qualquer evolução e para efeitos de reforma já vamos ser prejudicados com isso», verificando-se que «muitos profissionais estão no primeiro escalão da carreira» quando se reformam.

Acrescenta que, «graças às lutas que têm havido» se conseguiram avanços e que «só desta forma podemos alcançar aquilo que é justo».

As condições foram-se agravando

A «cabeça» da manifestação já tinha chegado aos Restauradores ainda António Gamito, enfermeiro aposentado, aguardava na rotunda do Marquês. Questionado sobre os motivos que o levaram ali, explica que é enfermeiro aposentado e que, desde a altura em que se reformou, em 1999, houve uma queda acelerada do poder de compra. 

«Quando me aposentei, tínhamos atingido o pico das nossas conquistas através da luta do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP). De lá para cá, tudo começou a descer e os meus colegas estão hoje muito longe de ter a pensão de reforma que eu tenho», observa. 

No geral, acrescenta, as «condições foram-se agravando, as pensões diminuíram, os salários na Função Pública também diminuiram, através dos congelamentos, e as dificuldades foram-se avolumando a diversos níveis».

Gamito dá o exemplo da reforma «miserável» dos auxiliares de acção médica (assistentes operacionais) devido aos «sucessivos congelamentos que, curiosamente, e é bom lembrar, não começaram só com a troika». 

Cortes colocam em causa a «missão artística»

Um pouco atrás, estava o sindicato CENA-STE. Carlos Pinillos, primeiro bailarino da Companhia Nacional de Bailado (CNB), é delegado sindical na companhia mas esteve na acção em representação dos vários corpos artísticos do OPArt, organismo que gere a CNB e o Teatro Nacional de São Carlos. 

Pinillos foca os cortes de quase 2,4 milhões em estruturas já «debilitadas pela falta de pessoal» e exige o fim da Lei 4/2008, também designada «lei dos intermitentes», que estipula o regime dos contratos de trabalho dos profissionais de espectáculos. Para Pinillos, trata-se de um diploma «inconstitucional», já que permite que trabalhadores sejam contratados como reforços quando se trata de lugares permanentes. 

O bailarino reforça a exigência de 1% para a Cultura, admitindo que o subfinanciamento coloca em causa a própria missão artística e que é «injustificável» o «desleixe sistemático que existe no Orçamento do Estado para este tema».

Esclarece que as temporadas, tanto na CNB como no Teatro Nacional de São Carlos, «são fracas, com produções fracas». No ano passado, acrescenta, «verificámos inclusivamente uma diminuição do número de espectadores e julgamos que este ano se poderá verificar nova redução».

Por outro lado, admite que os projectos artísticos «são pouco ambiciosos e muito focados em nichos, e que não estão voltados para o público em geral».

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