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Reunião entre trabalhadores e CEO da Altice: «uma mão cheia de nada»

O Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações reuniu com a CEO da Altice e ouviu loas aos lucros. Só não ouviu nada referente à necessária valorização do trabalho e dos trabalhadores.

CréditosCarlos M. Almeida / Lusa

Num comunicado emitido que faz o balanço da última reunião com a CEO da Altice, Ana Figueiredo, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN) foi perentório ao afirmar que o resultado foi «uma mão cheia de nada».

Segundo a estrutura afecta à Fectrans, «a CEO começou por fazer o balanço de 2024, da boa performance e que detém 60% do mercado de telecomunicações», que «triplicaram os clientes da MEO Energia», que a empresa «está no top 5 europeu na rede fibra» e «na linha da frente como sempre esteve». 

Entre tanta valorização, para o sindicato, a CEO «esqueceu-se de falar dos trabalhadores que foram os motores da transformação da empresa e que tornaram a Altice líder de mercado em todos os segmentos de negócio». 

A estrutura representativa dos trabalhadores diz que as receitas de 2,029 mil milhões de euros, mais 4,6% em igual período de 2003,  revela «a solidez da performance» e que só no terceiro trimestre do ano, as receitas foram de 704 milhões de euros, mais 1,7%, beneficiando dos aumentos de 5,9% no segmento consumo e de 5,8% no segmento de serviços empresariais.

É neste contexto, que a Altice prepara uma onda de despedimentos e rescisões por acordo mútuo, algo difícil de compreender. A CEO disse ainda que um futuro processo negocial só terá lugar em Janeiro e que este ano não ia apresentar prémios ou bónus, à semelhança do ano anterior porque o contexto não permite essa atribuição.

«O SNTCT espera que a empresa vá ao encontro dos trabalhadores na sua valorização e dos salários considerando que os resultados são bastante positivos. O aumento geral e significativo de todos os salários é uma reivindicação estruturante, que em conjunto com as restantes matérias, responde aos problemas dos Trabalhadores e contribui para impulsionar o desenvolvimento da empresa dando continuidade à liderança em todos os segmentos de mercado», pode ler-se no comunicado, no que diz respeito à postura de salvaguarda dos interesses das camadas laboriosas da empresa. 

Um outro aspectos que a CEO colocou em cima da mesa foi o modelo de avaliação, mas faltando à verdade. O sindicato afirma que «a empresa começou por dizer que tinha existido consenso no modelo apresentado, o que foi desmentido pelos sindicatos, afirmando que houve conversas sobre a matéria apresentada».

Conforme se pode ler, «a CEO afirmou ainda que estamos a aprimorar o modelo e que são soberanos em alterá-lo», algo que demonstra prepotência no que diz respeito a uma postura pré-negocial. 

A empresa disse ainda que foi criada uma carreira técnica mas ainda estavam a recolher dados para a construção da mesma. Para o SNTCT, as mudanças de categoria profissional realizadas no passado para outras com nomes mais pomposos foram um logro, pois, além de em muitos casos ter criado divisões e mau estar em equipas de trabalho, não se traduziu em qualquer benefício pecuniário para os trabalhadores abrangidos, nem em definição de funções concretas, pelo contrário.

«Na Altice é cada vez maior a desvalorização das profissões e carreiras, cujas diferenças na experiência, competências e responsabilidades não têm correspondência no salário. É fundamental o envolvimento e mobilização dos trabalhadores em torno da defesa da contratação colectiva, da efectivação e aplicação dos direitos nela contidos, da manutenção e melhoria dos direitos que consagra, da valorização das carreiras, profissões e tabelas salariais», concluiu o sindicato. 

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