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O Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa tem de pôr fim à precariedade

No abaixo-assinado, que vai ser entregue pelo SEP no dia 11 de Julho, uma centena de enfermeiros da instituição exigem o fim do trabalho precário e da falta de profissionais.

Hospital Júlio de Matos, em Lisboa 
Créditos / trienaldelisboa

«Os enfermeiros lidam com carência estrutural de profissionais na área da saúde mental e psiquiatria desde há vários anos», denuncia o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN). Esta situação tem-se agravado nos últimos meses, «devido à saída de enfermeiros e à sua não substituição, aumentando assim o volume de horas extraordinárias e a acumulação de feriados e folgas de compensação».

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Os enfermeiros estão fartos de paliativos

Cerca de 700 enfermeiros do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central (CHULC) aderiram ao abaixo-assinado que exige a «justa valorização» da sua profissão.

CréditosMário Cruz / Lusa

As reivindicação são muitas, e já não vão para novas: A justa contagem de pontos para efeitos de progressão na carreira para todos os enfermeiros, independentemente do seu vínculo (contrato de trabalho em funções públicas ou contrato individual de trabalho), «nomeadamente a atribuição dos anos anteriores ao ajustamento salarial na primeira posição remuneratória da carreira», aponta o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN).

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Horas extra nos hospitais do Porto equivalem ao trabalho de 274 enfermeiros

O SEP volta a chamar a atenção para a carência estrutural de enfermeiros e dá o exemplo dos hospitais do Porto. São cerca de 500 000 horas efectuadas, o equivalente ao trabalho de 274 enfermeiros.

Créditos / Rádio Campanário

O número de horas do trabalho extraordinário realizado nos hospitais do Porto «reflecte a carência e o esforço a que os enfermeiros têm sido sujeitos», alerta o Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), através de comunicado. Adianta que a situação está «insustentável» e vai agudizar-se, sendo necessárias soluções que corrijam problemas estruturais do Serviço Nacional de Saúde (SNS), de que a falta de pessoal é um dos expoentes máximos. 

O SEP valoriza, mas defende que a contratação de pessoal feita este ano pelo Governo «fica aquém das necessidades». Enquanto isso, o vínculo precário «continua a ser privilegiado em detrimento dos contratos definitivos e permanentes», denuncia.

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São precisos 20 mil enfermeiros no SNS

Enfermeiros em protesto levaram sapatos gastos ao Ministério da Saúde, simbolizando a necessidade de reforçar o número de profissionais para dar melhor resposta no SNS.

CréditosAntónio Cotrim / Lusa

Em declarações aos jornalistas, José Carlos Martins, dirigente do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN) defendeu esta quinta-feira, durante uma concentração em frente ao Ministério da Saúde, a necessidade de reforçar o número de profissionais para dar melhor resposta no Serviço Nacional de Saúde (SNS).

José Carlos Martins considerou que o reforço de enfermeiros que tem havido é insuficiente face ao aumento das necessidades de saúde, independentemente do novo agravar da pandemia de Covid-19. 

«De acordo com os indicadores da própria Ordem dos Enfermeiros seriam necessários cerca de 20 mil enfermeiros, sobretudo para que tenham condições de prestar cuidados em casas das pessoas. Temos cerca de 3,5 milhões de pessoas com mais de 65 anos, cerca de um milhão com mais de 75 anos, em situações de dependência, com doenças crónicas que não se podem deslocar aos serviços de saúde», afirmou à Lusa o dirigente. 

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Vacinação assenta na precariedade dos enfermeiros

Em vez de ser o SNS a dar resposta à vacinação contra a Covid-19, as autarquias e ARS têm recorrido a contratos precários, em alguns casos através de empresas de trabalho temporário.

CréditosPaula Borba / Câmara Municipal de Setúbal

A crescente necessidade de enfermeiros para trabalhar nos vários centros de vacinação distribuídos pelo País levou as câmaras municipais e as administrações regionais de saúde (ARS) a contratarem profissionais de enfermagem através de empresas externas, mas os valores pagos em regime de recibos verdes diferem significativamente consoante o concelho.

Em declarações ao AbrilAbril, Rui Marroni do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN) afirmou que esta situação vem demonstrar a justeza da reivindicação pela contratação de mais profissionais de saúde.

Depois de muitos meses sem respostas da parte do Governo, foi divulgado a 12 de Maio um despacho que prevê a contratação de 630 enfermeiros para os cuidados de saúde primários. Dos 4200 contratos previstos para 2021, metade seriam efectivados no primeiro semestre, mas ainda não houve contratações porque a regulamentação não está distribuída.

«Ainda vai demorar até que este processo se concretize, e até lá faltam enfermeiros e os contratados no âmbito da pandemia estão a ser despedidos», afirmou o dirigente, acrescentando que mesmo o número anunciado é insuficiente para as várias exigências que estão colocadas ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).

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Sindicato denuncia despedimentos de enfermeiros no Algarve

Em plena pandemia e estando em curso um processo de vacinação massiva, a ARS do Algarve justifica os despedimentos afirmando que a razão que levou à contratação por termo incerto deixou de existir.

É assumido pelo ministro da saúde que vão ser admitidos mais enfermeiros
CréditosInácio Rosa / Agência LUSA

A denúncia é feita pelo Sindicato dos Enfermeiros Portugueses (SEP/CGTP-IN), que alerta para as consequências imediatas. Para manter serviços a funcionar, nomeadamente as consultas domiciliárias, há enfermeiros a trabalhar 12 horas seguidas.

«A Administração Regional de Saúde do Algarve prefere despedir a "agarrar" a oportunidade de, pela primeira vez, ter os centros de saúde mais bem dotados e com maior capacidade de resposta integrada», afirma o sindicato em comunicado.

A organização sindical lembra que «está em curso a vacinação e que a mesma tem determinado a sobrecarga de trabalho de todos os profissionais». Para além disso, o SEP sublinha que o Orçamento do Estado obriga ao aumento do horário de trabalho dos centros de saúde (diariamente e ao fim-de-semana) e aumentou os contextos de resposta em cuidados de enfermagem, nomeadamente nos equipamentos residenciais para idosos.

Por outro lado, o Governo determinou a existência de incentivos para a recuperação de listas de espera de consultas e de cirurgias, o que implica necessariamente um maior número de profissionais.

Na próxima segunda-feira, 10 de Maio, o sindicato irá reunir-se com os enfermeiros em Portimão e, às 16h, estará com o deputado do PCP João Dias, num encontro solicitado pelo seu grupo parlamentar.

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No que toca à vacinação, a necessidade de profissionais «vai manter-se» porque «a pandemia não vai desaparecer», referiu Rui Marroni. Se, por um lado, o SNS devia ter ter «o número de enfermeiros suficientes» para responder às necessidades, por outro, as autarquias «estão a tentar resolver os problemas» mas recorrendo à contratação com vínculos precários e baixos salários.

«São salários miseráveis que não deviam ser sequer praticados», defendeu o dirigente, concluindo que a contratação nestes moldes não só não resolve o problema, como está a beneficiar as empresas intermediárias, que lucram com a urgência da situação que vivemos à custa da exploração e precarização destes profissionais.

«Não pode ser o poder local o responsável por isto. E aqui entramos na discussão da municipalização, que cria desigualdades no SNS, entre regiões com mais ou menos meios», alertou o sindicalista, acrescentando que a privatização destes serviços é uma ameaça real.

Contratados a vulso e pagos à hora

Ao contrário da remuneração de um enfermeiro com contrato, que está tabelada pela carreira especial de enfermagem, os profissionais contratados a recibos verdes pelas câmaras e ARS não têm uma tabela que regule o valor mínimo e máximo por hora de trabalho, o que gera grandes discrepâncias.

Segundo noticia o JN, um enfermeiro ao serviço do Município de Oeiras ou de Cascais ganha o dobro daqueles que estão ao serviço da Câmara de Vila Nova de Gaia, e o triplo do que aufere um contratado por uma empresa de trabalho temporário. Os 20 enfermeiros contratados pela Câmara de Cascais à empresa Blue Ocean Medical recebem 20 euros por hora a recibos verdes, o que dá 15 euros líquidos. É também este o valor pago aos 29 enfermeiros que o Município de Oeiras contratou através da mesma empresa. Contudo, os 52 contratados directamente por Gaia recebem metade disso.

Há quem recorra a empresas de trabalho temporário, como é o caso de Lisboa, que rubricou dois contratos com a Randstad, num total de 1,7 milhões de euros, para «aquisição de serviços de recrutamento de pessoal de enfermagem para a implementação do plano de vacinação». Ao JN, nem a Câmara de Lisboa nem a Randstad dizem quanto pagam aos enfermeiros.

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O sindicalista considerou ainda «intolerável» o quadro de medidas tomadas pelo Governo, sendo por isso necessária a saída dos enfermeiros à rua para «reafirmar a necessidade urgente» de agendar uma reunião, já solicitada pelo SEP, com a tutela.

«O aumento do número de doentes internados, a aceleração do processo de vacinação e o plano de recuperação suspenso, exaltam a necessidade de mais enfermeiros. É neste quadro que a partir de hoje o Governo impede as administrações de contratar novos enfermeiros, reduz em 50% o valor do trabalho extraordinário, não resolve nenhum dos problemas anteriores e continua a não decidir atribuir a menção de relevante [na avaliação de desempenho], o que nos leva hoje a entregar um abaixo-assinado com dez mil assinaturas», acrescentou. 

A concentração organizada pelo SEP reuniu cerca de uma centena de enfermeiros que foram dar os seus testemunhos pessoais, com os sapatos do serviço na mão a simbolizar o desgaste da profissão e apelar para a contratação única, progressão na carreira e valorização da profissão.


Com agência Lusa

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Para colmatar as necessidades, as instituições «vêem-se na contingência de recorrer ao trabalho extraordinário programado», com os horários dos enfermeiros a excederem «em muito» os prazos legais, levando ao limite a sua capacidade de resiliência.

O sindicato defende por isso que, a par do reforço na contratação de enfermeiros com vínculo, a profissão seja valorizada e haja contagem dos pontos para efeitos de progressão, bem como uma compensação do risco e penosidade.

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De igual foma, os enfermeiros do CHULC querem ver corrigidas as «injustiças decorrentes da carreira de enfermagem imposta pelo Ministério da Saúde em 2019, como a inversão da tabela remuneratória de inúmeros enfermeiros especialistas ou a descategorização dos enfermeiros supervisores»

«Numa altura em que os enfermeiros são reconhecidamente fundamentais para o país é incompreensível que continuem a ser injustiçados e desvalorizados». Está nas mãos do Governo, do CHULC e dos Concelhos de Administração Hospitalar de todo o país, «reconhecer o esforço e a dedicação destes profissionais».

As 700 assinaturas serão entregues por uma delegação da direcção regional de Lisboa do SEP, directamente ao Conselho de Administração do CHULC.

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O Centro Hospitalar Psiquiátrico de Lisboa (CHPL) resulta da fusão, em 2007, do Hospital Júlio de Matos e do Hospital Miguel Bombarda, garantindo à população adulta desta região o acesso a cuidados de saúde na área da psiquiatria e da saúde mental.

No abaixo-assinado, dinamizado pelo SEP, uma centena de enfermeiros da instituição reafirma a necessidade de «valorizar os cuidados de saúde mental e psiquiatria, valorizar o Serviço Nacional de Saúde e o CHPL em particular».

Os enfermeiros têm duas reivindicações: «A contratação de mais enfermeiros, de forma a preencher o mapa de pessoal, e a vinculação efectiva de todos os detentores de contratos com vínculo precário».

No dia 11 de Julho, uma delegação da direcção regional de Lisboa do SEP vai entregar ao Conselho de Administração do CHPL o abaixo-assinado, com mais de 100 assinaturas.

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