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CTT: todas as rondas vão dar à manifestação nacional em Lisboa

A greve geral, de todos os trabalhadores dos CTT e das restantes empresas do grupo, foi convocada por uma frente de sindicatos do sector para o dia 19 de Novembro, com manifestação marcada para o mesmo dia.

Protestos de hoje foram antecedidos nos últimos meses por dezenas de protestos de utentes por todo o País
CréditosAntónio Cotrim / Lusa

O serviço vai-se degradando: atrasam-se as entregas; o extravio de documentos é uma constante; encerram-se de dezenas de postos dos CTT para alienar património imobiliário...  O resultado de tudo isto foi o afastamento e a desconfiança de dezenas de milhares de pessoas de um serviço que já foi público, fiável e relevante. 

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CTT: a pouca vergonha continua

Os CTT, uma empresa pública rentável para as contas do Estado, foram privatizados em 2013 e 2014 pelo governo do PSD e CDS-PP
CréditosBruno Almeida

Saíram os dados (fornecidos pelos próprios CTT) da avaliação de qualidade de Junho. Se a situação já era desastrosa, neste momento já só pode ser descrita como de qualquer ausência de vergonha, tal a sistemática e crescente violação dos índices de qualidade previstos no contrato de concessão. Os CTT sabem que têm o Governo na mão, e o seu comportamento reflecte isso mesmo.

Este agravamento tem duas causas próximas: o facto de os CTT não terem tomado quaisquer medidas para cobrir a ida para férias de um número significativo de carteiros; e o facto de os CTT estarem a realizar reestruturações ilegais dos giros, para reduzir o número de trabalhadores, reestruturações que assentam em rotações que já não permitem cumprir os prazos contratualizados pois esses giros deixam de ser feitos com a regularidade exigida.

«[O Governo prefere]manter uma oralidade de esquerda (através do ministro Pedro Nuno dos Santos) e uma prática de direita, submissa aos ditames do grande capital (através de outra personagem completamente diferente, o ministro das Infraestruturas e Habitação)»

Continuando a não cumprir sequer um dos critérios de qualidade, o afastamento é tal que ultrapassa qualquer razoabilidade, atingindo em vários indicadores de qualidade os 20, 30 e 40%. E o mais grave nem é a violação sistemática e propositada destes indicadores de qualidade. É o que isso reflecte na vida das pessoas e das empresas. O correio sempre atrasado, as assinaturas de jornais e revistas degradadas pela falta de fiabilidade (perda de correio) e de velocidade (jornais entregues dias depois da data), os cartões multibanco a chegarem na mesma entrega que o pin, acabando com a segurança do uso deste tipo de meio, os anúncios de interrupção de serviço entregues com a factura cujo não pagamento os motivou, aldeias sem correio 15 e mais dias, consultas a que se falta, pensões que não se recebem, etc.

E enquanto a gestão privada coloca a empresa neste descalabro, o governo não só se prepara para a recompensar com umas dezenas de milhões de euros através daqueles Tribunais Arbitrais desenhados para roubar o erário público, como se recusa a concretizar a renacionalização da empresa, preferindo manter uma oralidade de esquerda (através do ministro Pedro Nuno dos Santos) e uma prática de direita, submissa aos ditames do grande capital (através de outra personagem completamente diferente, o ministro das Infraestruturas e Habitação).

O Governo tem andado a empurrar com a barriga (e uns milhões de euros do erário público) o processo de renovação da concessão, agora previsto para depois das autárquicas. É preciso que o Governo encontre a coragem necessária para fazer o que de há muito é evidente dever ser feito: renacionalizar os CTT

Relatório mensalde qualidade dos CTT (Junho 2021)Objec-tivoReali-zado
Demora de encaminhamento no correio normal - Velocidade96,380,8
Demora de encaminhamento no correio normal - Fiabilidade99,794,6
Demora de encaminhamento no correio azul (Continente) - Velocidade94,575,4
Demora de encaminhamento no correio azul (Continente) - Fiabilidade99,995,3
Demora de encaminhamento de jornais e publicações periódicas com periodicidade igual ou inferior à semanal - Velocidade90,060,3
Demora de encaminhamento de jornais e publicações periódicas com periodicidade igual ou inferior à semanal - Fiabilidade99,990,9
Demora de encaminhamento no correio transfronteiriço intracomunitário - Velocidade88,045,5
Demora de encaminhamento no correio transfronteiriço intracomunitário - Fiabilidade97,079,6
Demora de encaminhamento do correio registado - Velocidade90,077,8
Demora de encaminhamento do correio registado - Fiabilidade99,996,3
Tipo de Artigo: 
Opinião
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Estilo de Artigo: 
Normal
Autor de Artigo Livre: 
Manuel Gouveia

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Só nos últimos três anos, o Sindicato Nacional dos Trabalhadores dos Correios e Telecomunicações (SNTCT/CGTP-IN) estima que 950 trabalhadores tenham sido despedidos, um número superior, aliás, àquele que a administração inicialmente previra.

Esta convocatória pretende dinamizar um dia de luta contra a progressiva destruição dos CTT «que está a ser levada a cabo por esta administração», sem outro objectivo que não a «deterioração do serviço postal», extraindo quanto lucro nele ainda houver, esclarece o comunicado destes sindicatos remetido pela Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans/CGTP-IN) ao AbrilAbril.

Os trabalhadores dos CTT de todo o país saem à rua no dia 19 de Novembro, em Lisboa, «pelo aumento dos postos de trabalho, factor fundamental para prestar um serviço de qualidade». Reclamam ainda o aumento dos salários e a manutenção dos direitos.

Para além do SNTCT, a convocatória junta o SITIC, SINQUADROS, SINTTAV e FENTCOP.

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