1.º de Maio: jornada de luta por mais salários e trabalho com direitos

A secretária-geral da Central Geral dos Trabalhadores Portugueses-Intersindical (CGTP-IN), no comício que encerrou o desfile promovido por aquela central sindical em Lisboa para assinalar o Dia Mundial do Trabalhador, dirigindo-se aos milhares de manifestantes presentes, exigiu do governo «verdadeiras soluções para os problemas dos trabalhadores» e reafirmou a firme intenção da CGTP-IN em lutar por melhores salários e condições de vida de quem trabalha, por serviços públicos melhores e eficientes, e por uma legislação de trabalho que permita aos trabalhadores defenderem os seus interesses e não faça o frete ao capital – como acontece com a nova legislação aprovada pelo governo PS, com o apoio do PSD, CDS, IL e Chega.

Em declarações prestadas à comunicação social no início da marcha que levou os manifestantes do Martim Moniz à Alameda, Isabel Camarinha já afirmara a necessidade de o Governo perceber que «não pode continuar o caminho do empobrecimento e do subdesenvolvimento» e que não é com «medidazinhas» mas com o «aumento de salários e pensões, com taxação dos lucros, com controlo dos preços», com uma alteração da distribuição da riqueza, que se pode resolver os problemas dos trabalhadores e do País.

Para Isabel Camarinha, os bons indicadores macroeconómicos e laborais que o Governo apresenta não são sentidos pelos trabalhadores e estes precisam de se «organizar, unir e lutar para exigir respostas e solução» para as «condições cada vez mais difíceis» em que vivem.

«Não se pode dizer que a economia está a crescer se os salários não aumentam, se os trabalhadores e reformados estão a empobrecer; os resultados podem ser muito bons, mas não há medidas concretas para resolver os problemas das pessoas», declarou a sindicalista, segundo a agência Lusa.

Aumento imediato de 10% nos salários com mínimo de 100 euros

«O aumento geral e significativo dos salários, de todos os salários, é a questão central deste momento», alertou a secretária-geral da CGTP-IN, no comício que encerrou o desfile. E deixou bem claro: «não há volta a dar, não se pode continuar a adiar e a negar esta reivindicação dos trabalhadores».

«Aumentam as desigualdades e as injustiças» porque «há uns poucos que têm cada vez mais e muitos que ficam com cada vez menos, agravando ainda mais a injusta distribuição da riqueza que nós produzimos e vai para os bolsos do capital». «Não tem de ser assim, não pode ser assim», declarou Isabel Camarinha.

« Se tudo aumenta, aumentam os preços e os lucros, os salários também [...] podem aumentar e têm de aumentar», afirmou a sindicalista, acrescentando que esse aumento permitirá a trabalhadores e pensionistas aceder a «bens e serviços, muitos essenciais», hoje negados, para fixar «os que cá querem trabalhar e viver e são obrigados à emigração», para escoar o produto de tantas empresas «que na sua maioria vendem para o mercado nacional, «para dinamizar o emprego com direitos, para garantir mais receitas fiscais e mais descontos para a segurança social e o envelhecimento com dignidade».

«O salário nacional afasta-se cada vez mais da média salarial da União Europeia, defendemos um aumento imediato de 10%, no mínimo de 100 euros, com efeitos a Janeiro, e aumentos intercalares no imediato para todos os que não tiverem aumento ou caso este tenha ficado aquém das necessidades», disse Isabel Camarinha

Vincando que «um em cada dez portugueses estão em situação de pobreza», a sindicalista disse que «o salário [mínimo] tem mesmo de aumentar» para 850 euros, e deixou argumentos para quem considera que isso não é possível.

«Para quem nos diz que não é possível por isto ou por aquilo, lembramos os efeitos que a recuperação económica, ainda que limitada, e de direitos entre 2015 e 2019, teve, e contrapomos com os anos anteriores do PSD/CDS e troika; a economia aguenta, sim, e até agradece, porque é o poder aquisitivo dos salários e das pensões que desenvolve a economia», disse a líder da CGTP.

A CGTP-IN assinalou com mais de três dezenas de acções, em todo o país, o Dia Internacional do Trabalhador. Concentrações e manifestações, festas populares, exposições provas desportivas e iniciativas para crianças ocorreram em todos os distritos, tanto nas capitais distritais como em outras cidades e vilas, com destaque para as manifestações realizadas em Lisboa, Porto, Coimbra, Évora e Faro.

Com agência LUSA