«As eleições não estão perdidas, o sistema bipartidário impôs-nos o seu esquema eleitoral adulterando o TREP [sistema de transmissão de resultados preliminares] e a biometria», denunciou Moncada numa conferência de imprensa na sede da sua organização em Tegucigalpa, capital das Honduras.
«A este esquema devo acrescentar a ingerência imperial estrangeira directa do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que poucas horas antes das eleições anunciou o perdão absoluto ao narcotraficante Juan Orlando Hernández», disse a candidata do Partido Liberdade e Refundação (Libre) em alusão ao perdão concedido ao ex-presidente hondurenho.
«Um capo condenado por eles mesmos como o principal co-conspirador na organização de um cartel criminoso para traficar droga para os Estados Unidos – mais de 400 toneladas de cocaína», sublinhou a candidata ao referir-se a Hernández, do Partido Nacional (PN), de direita.
Neste sentido, considerou uma «coerção» o apoio público declarado pelo presidente dos Estados Unidos ao seu adversário do PN, Nasry Asfura, bem como a ameaça de cortar toda ajuda económica ao país centro-americano caso o eleitorado favorecesse o seu triunfo eleitoral.
«Trump condenou a minha participação [nas eleições], mas manterei as minhas posições e não me rendo, estarei sempre ao lado do povo com os meus valores firmes na defesa da minha pátria livre e dos princípios da não interferência e da soberania popular; a independência e a autodeterminação dos povos», destacou Rixi Moncada, citada pela Prensa Latina.
A candidata progressista, que, de acordo com os resultados preliminares parciais divulgados pela entidade eleitoral, segue em terceiro lugar, reafirmou a sua proposta de democratização económica do país, bem como a defesa do público e do comum.
Na conferência de imprensa, que teve lugar na madrugada desta terça-feira (hora de Portugal continental e Madeira), Moncada destacou a importância da justiça social, da gratuitidade e da universalidade da educação e da saúde, e defendeu o direito à verdade e à transparência.
Em simultâneo, refere a TeleSur, reafirmou a importância do combate à corrupção público-privado e à impunidade dos 25 grupos económicos e das dez famílias que – disse – oprimem o país com os seus monopólios.
«Partido não reconhecerá nenhum candidato da oligarquia»
Moncada denunciou a existência de alegadas irregularidades no processo eleitoral, sobretudo a nível presidencial, pelas quais responsabilizou o «bipartidismo» representado pela direita e pelos liberais.
«De acordo com a análise técnica da nossa equipa, identificámos algumas áreas evidentes da fraude em curso, pelas quais o sistema bipartidário é responsável», acusou.
O partido Libre «não irá reconhecer nenhum dos candidatos da oligarquia, são os dois a mesma coisa», frisou Rixi Moncada, exigindo o respeito escrupuloso pela vontade popular expressa nas urnas.
Por isso, o partido irá reclamar a revisão das actas eleitorais e recorrer a todas as vias legais nos 30 dias estabelecidos por lei antes da declaração oficial dos resultados.
Moncada fez ainda um apelo à mobilização e à resistência pacífica, mas alertando a população para não cair em provocações violentas.
Contribui para uma boa ideia
Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.
O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.
Contribui aqui
