|Base das Lajes

«Vergonhosa inacção» do Governo português com os trabalhadores da Base das Lajes

Paralisação orçamental de 43 dias da administração norte-americana impediu os trabalhadores portugueses de receberem os seus salários até serem pagos pelo Governo Regional dos Açores, em vez do Governo Central.

O Sindicato dos Trabalhadores de Indústrias Transformadoras, Alimentação, Bebidas e Similares, Comércio, Escritórios e Serviços, Hotelaria e Turismo dos Açores (SITACEHTT/Açores) acusa o Governo português de ter abandonado os trabalhadores da Base das Lajes, nos Açores, num momento em que viviam uma crise salarial vivida nas últimas semanas.

Para o sindicato, o Governo português devia ter abandonado a sua posição de «submissão» aquando do shutdown e assegurado o pagamento dos salários em atraso. Numa nota enviada ao AbrilAbril, o SITACEHTT  aponta que na mesma situação, países como a Alemanha e a Espanha garantiram os rendimentos dos seus cidadãos em bases americanas.

«Foi o Governo Regional dos Açores que, perante a gravidade da situação e a demora na ação da República, avançou com a autorização de um adiantamento dos salários», afirma o sindicato. Para situações futuras, a organização exige que a República Portuguesa garanta «dignidade e respeito», para «que os trabalhadores não voltem a ficar sem o seu salário» e que «o próprio país não lhes vire as costas».

«É fundamental que o Governo da República abandone a posição de submissão e assuma uma postura de exigência e firmeza junto das autoridades americanas», exigem os trabalhadores.

O que disse o Governo Central

No passado dia 16 de Outubro, após a denúncia do mesmo sindicato à comunicação social, o PCP questionou o Governo de Luís Montenegro sobre como iria garantir os vencimentos destes trabalhadores. No mesmo documento, a força política também inquiriu a administração sobre a precariedade laboral vivida no arquipélago.

No entanto, sem aparente urgência, a resposta oficial do Governo chegou quase um mês depois, a 14 de Novembro, dois dias após o fim do shutdown. Nesta resposta, o ministério dos Negócios Estrangeiros reservou-se apenas atribuição da responsabilidade dos pagamentos à administração dos EUA e espera que, com o recém decretado fim da crise, os pagamentos sejam normalizados e pagos em retroactivo. «Ainda que esta situação tenha sido alheia, o Governo (...) envidou esforços diplomáticos (...) com vista à sua resolução», destaca o ministério no documento, sem nunca se comprometer com o pagamento dos vencimentos.

Para o SITACEHTT/Açores, é tempo do Governo «abandonar posição de submissão e assumir uma postura de exigência e firmeza junto das autoridades americanas». A sua «inação e falta de resposta concreta permitiu que a situação se arrastasse por longas semanas», atitude classificada como «vergonhosa» pelo sindicato.

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