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Jornalista italiano despedido depois de colocar questão incómoda sobre Israel

«Repetiu várias vezes que a Rússia deveria pagar pela reconstrução da Ucrânia. Acha que Israel deve pagar a reconstrução de Gaza , uma vez que destruiu quase toda a Faixa de Gaza e as infraestruturas civis?». Foi esta pergunta à  porta-voz da Comissão Europeia que levou ao despedimento de Gabriele Nunziati da Agenzia Nova.

A pergunta foi feita em Bruxelas, dirigida a Paula Pinho, porta-voz da Comissão Europeia, e causou incómodo nos telhados de vidro das instituições europeias. Exercendo os seus direitos, Gabriele Nunziati fez uma mera questão e isso valeu-lhe o trabalho, tendo sido despedido da Agenzia Nova.

Na resposta à pergunta, Paula Pinho caracterizou-a como «muito interessante», declarando, no entanto, que não tinha «qualquer comentário a fazer sobre o assunto». Apesar dessa resposta, quem não achou a interessante foi a publicação italiana que entendeu que a questão foi «absolutamente descabida e errónea por natureza», bem como «tecnicamente errada».

À Euronews, o jornalista disse que «há que perceber o que significa uma pergunta tecnicamente errada» e que a sua pergunta «é uma pergunta e, como tal, deixa espaço para o interlocutor responder e expressar a sua posição». 

«Acredito que se a pergunta fosse tecnicamente errada ou se baseasse em suposições completamente erróneas, a porta-voz Pinho, que tem uma grande experiência, ter-me-ia certamente dito que a pergunta não existe», sublinhou o jornalista.

Ante a represália em forma de censura, o Conselho Nacional da Ordem dos Jornalistas Italianos manifestou o seu choque com o incidente, e apelou à reintegração imediata de Nunziati, relembrando que «o papel de um jornalista, independentemente das protecções contratuais, é fazer perguntas que podem ser incómodas ou indesejáveis».

A Federação Internacional e Europeia de Jornalistas expressou a sua preocupação com o estado da liberdade de imprensa na Itália, considerando que «está a deteriorar-se». Para a estrutura europeia, «criticar um jornalista por fazer perguntas incómodas com base em informações verificadas e comprovadas é profundamente chocante e um desrespeito flagrante pelos princípios fundamentais da liberdade de imprensa». 

«Numa altura em que o jornalismo luta para se manter independente, as redacções devem apoiar os seus jornalistas, e não traí-los por cumprirem o seu dever para com o público», acrescentou a Federação.
 

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