Amina, «uma cidade imaginária num território concreto, a Margem Sul do Tejo», é o título da segunda (e mais recente) criação de Cláudia Dias, respeitando uma série de cinco criações que a artista está a desenvolver a partir da colecção de livros do seu pai, Anselmo Dias.
Se, na sua primeira criação, a coreógrafa, performer e professora «desenvolveu os conceitos de emigração, exploração, trabalho escravo e colonialismo, procurando a desconstrução desta forma de pensar e de estar (que ainda encontra expressão nos tempos modernos); nesta segunda criação – o segundo capítulo do ciclo A Colecção do Meu Pai –, Cláudia Dias procura olhar as desigualdades no presente e pensar a opressão do sistema capitalista enquanto denominador comum a um conjunto de pessoas cada vez mais diversas», lê-se na apresentação enviada à imprensa pela Câmara do Seixal.
O espectáculo, com uma coreografia que «enfrenta a cidade real com uma outra cidade possível», é uma homenagem da artista à obra literária do movimento neo-realista português, Cerromaior, e sobe ao palco do Auditório Municipal do Fórum Cultural do Seixal, amanhã, às 21h30. No primeiro e único romance de Manuel da Fonseca, «a acção passa-se na vila alentejana que dá nome ao livro, também esta imaginária, cortando com os cânones da narrativa tradicional através de uma escrita límpida, ao mesmo tempo que denuncia, de forma literária, as questões da desigualdade e da opressão».
Enquanto na obra literária, que foi alvo de censura prévia, a vila de Cerromaior evoca Santiago do Cacém, terra natal do autor, Cláudia Dias identifica a Margem Sul do Tejo como sendo a localização da vila Amina, «onde tudo nos é próximo e familiar e nos permite sonhar com outra cidade possível».
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