|Orçamento de Estado

PS: da «abstenção violenta» à «abstenção exigente»

O PS, em 2011, viabilizou o OE de Passos Coelho com a chamada «abstenção violenta». Agora, vai viabilizar o OE com uma «abstenção exigente». Duas faces da mesma moeda: cumplicidade com a direita.

O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, aplaude os seus apoiantes na noite eleitoral após as eleições autárquicas de 12 de Outubro. Lisboa, 13 de Outubro de 2025
Estabilidade satisfaz José Luís Carneiro: o PS não fará depender o seu voto de o Governo PSD/CDS «aceitar ou não» as suas propostas CréditosTiago Petinga / EPA

Em 2011, o PS de António José Seguro viabilizou o Orçamento de Estado (OE) do governo de Passos Coelho, abstendo-se na votação. À época, a abstenção foi pomposamente anunciada como uma «abstenção violenta».

Agora, em 2025, José Luís Carneiro anuncia a viabilização do OE do Governo de Luís Montenegro através da abstenção, mas não é uma abstenção qualquer, trata-se de uma «abstenção exigente».

A adjectivação é diferente, mas o objectivo é o mesmo: mascarar a abstenção, viabilizar a política da direita e procurar enganar o «pagode».

Em 2011, o PS permitiu ao governo PSD/CDS, de Passos Coelho e Portas, concretizar as suas políticas de fragilização da actividade produtiva, de ataque às funções sociais do Estado, de destruição e privatização de empresas estratégicas e de favorecimento da especulação financeira, entre outras malfeitorias.

«A tentativa dos socialistas de apresentar a proposta de OE para 2026 como se de um documento técnico se tratasse, não passa de uma encenação para garantir a sua aprovação, facilitando a vida ao CH que, apesar de concordar com o OE, vai deixar o ónus da sua aprovação para o PS»

Em 2925, com a sua abstenção, o PS prepara-se para viabilizar um OE de baixos salários e pensões, de contenção do investimento, de injustiça fiscal, de ataque aos serviços públicos e de financiamento dos lucros do grande capital, que será contemplado com 1800 milhões de benefícios fiscais. Aliás, o ex-ministro das Finanças do PS, Fernando Medina, explicou detalhadamente no canal NOW a proposta de OE deste Governo, chamando a atenção, entre outros aspectos, para o aumento de impostos das famílias, através da actualização dos escalões de IRS, e para o aumento do ISP e, consequentemente, o aumento do preço dos combustíveis, para além do regresso à política do chamado «corte das gorduras do Estado», de má memória.

Na noite das eleições e nos dias seguintes, a propósito do resultado eleitoral do PS, por comparação com o desastre das legislativas, o secretário-geral e outros dirigentes socialistas afirmaram que o PS «está de volta». Não, o PS não está de volta, pelo contrário, está onde tem estado, na viabilização das políticas de exploração, de injustiças e de retrocesso social.

A tentativa dos socialistas de apresentar a proposta de OE para 2026 como se de um documento técnico se tratasse, não passa de uma encenação para garantir a sua aprovação, facilitando a vida ao CH que, apesar de concordar com o OE, vai deixar o ónus da sua aprovação para o PS.

Seja «violenta» ou «exigente», o que importa é que se trata, nos dois casos, de uma abstenção que viabiliza as políticas do PSD/CDS. Isto é, como diz o povo, mudam-se as moscas, mas a...

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