|Palestina

Facções palestinianas condenam planos de Trump para Gaza

Várias facções palestinianas repudiaram um plano apresentado por Donald Trump para alegadamente acabar com a guerra de agressão a Gaza. Consideram-no enviesado e um «ataque ao projecto nacional».

Duas mulheres palestinianas fogem dos bombardeamentos israelitas na Cidade de Gaza, a 30 de Setembro de 2025 CréditosSaeed Jaras / Anadolu

Em declarações à imprensa, Arkan Badr, membro da Frente Democrática para a Libertação da Palestina (FDLP), denunciou a iniciativa de Washington, afirmando que a representa um «ataque directo à entidade nacional palestiniana».

«A essência do plano é erradicar o povo palestiniano e negar os seus direitos nacionais inalienáveis», declarou Badr, citado pela Prensa Latina.

Neste sentido – refere a fonte –, solicitou uma reunião urgente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), para definir uma estratégia nacional integral e abordar aquilo que classificou como «ameaça existencial».

Também a Frente Popular para a Libertação da Palestina (FPLP) se posicionou contra o plano apresentado pelo presidente dos EUA para a Faixa de Gaza, afirmando que tal proposta «é uma receita para gerir a guerra, não acabar com ela». [Sobre o chamado «plano de paz» de Trump, ver comunicado emitido pelo MPPM.]

Os planos de Trump «minam o princípio  do direito à autodeterminação do nosso povo» e «perpetuam o colonialismo sob novas formas», sublinham os comunistas, acrescentando que a iniciativa pretende «salvar a ocupação», que nos dois últimos anos não conseguiu «atingir os seus objectivos políticos e militares».

A FPLP definiu ainda o plano como «expressão de uma conspiração na qual também participam agentes internacionais e árabes» para derrotar «a resistência do povo palestiniano».

Por seu lado, Mustafa Barghouti, dirigente da Iniciativa Nacional Palestiniana, também criticou o plano de Trump, afirmando que o fim da guerra de agressão contra Gaza não pode ser feito à custa dos seus habitantes.

Os planos de Trump para Gaza estão «cheios de minas terrestres prontas a fazer detonar a situação», afirmou Barghouti, frisando que a iniciativa «ignora os palestinianos e a raiz do conflito: a ocupação israelita e a sua política de apartheid».

Já Khaled Mansour, do Partido do Povo Palestiniano, afirmou que o plano de Trump «não é mais que una nova fórmula para reafirmar a tutela sobre os palestinianos».

Palestinianos sem descanso em Gaza

Outros grupos políticos, personalidades e analistas palestinianos criticaram múltiplos pontos dos planos de Trump para a Faixa de Gaza, que, entre outros aspectos, acusam de ser vago no que respeita à retirada total das tropas ocupantes.

Já o mundo ocidental e os países árabes, no geral, não demoraram muito a declarar apoio à iniciativa do presidente norte-americano – e com alguma comunicação social sob a sua alçada a fazer passar a mensagem de que, se não houver paz e fim do genocídio, isso se ficará a dever à resistência palestiniana.

Enquanto isso, no terreno, Israel carrega no acelerador da ocupação, com novas ordens de evacuação, intensos bombardeamentos em vários pontos do enclave, assédio a infra-estruturas de saúde e a zonas residenciais, forçando o êxodo de milhares de pessoas e provocando mais mortes.

De acordo com as autoridades de saúde, desde o início da guerra genocida de agressão contra a Faixa de Gaza, em Outubro de 2023, pelo menos 66 148 palestinianos foram mortos pelas forças de ocupação e 168 716 ficaram feridos.

Palestinianos libertados no cessar-fogo, novamente presos

Entretanto, esta terça-feira, grupos de defesa dos direitos dos presos informaram que Israel deteve pelo menos 40 palestinianos que tinha libertado ao abrigo dos acordos de cessar-fogo celebrados com a resistência palestiniana em Janeiro deste ano e que Israel violou em 18 de Março.

A Sociedade dos Prisioneiros Palestinianos (SPP), em conjunto com outras organizações, denunciou os raides em grande escala levados a cabo pela ocupação na Margem Ocidental ocupada, visando os palestinianos libertados.

Dos 40 novamente detidos pelas forças israelitas, 16 continuam atrás das grades ao abrigo da chamada «detenção administrativa», que permite ao regime sionista manter na cadeia presos sem julgamento ou acusação, por períodos de seis meses, infinitamente renováveis.

Tópico

Contribui para uma boa ideia

Desde há vários anos, o AbrilAbril assume diariamente o seu compromisso com a verdade, a justiça social, a solidariedade e a paz.

O teu contributo vem reforçar o nosso projecto e consolidar a nossa presença.

Contribui aqui