Num comunicado emitido esta quarta-feira, Russell afirma que crianças que haviam sido feridas e resistiram estão a ser feridas outra vez, num contexto em que o pessoal da saúde, sem recursos, se debate com dificuldades extremas para salvar vidas.
«Milhares de rapazes e raparigas doentes, famintos, feridos ou separados das suas famílias. A violência e a privação estão a deixar cicatrizes permanentes nos seus corpos e mentes vulneráveis», sublinhou a funcionária das Nações Unidas.
Destacou, além disso, o facto de o vírus da poliomielite se juntar à lista de ameaças, sobretudo para milhares de crianças não vacinadas.
«Com as famílias a serem repetidamente forçadas a mudar-se para escapar à violência imediata, a situação humanitária é para lá de catastrófica», disse.
«Pelo menos 278 trabalhadores humanitários na Faixa de Gaza já foram mortos – um número recorde –, enquanto outros são colocados em perigo ou impedidos de realizar o seu trabalho», disse ainda Russell, que apelou a um cessar-fogo imediato e a maior segurança para os trabalhadores que tentam entregar ajuda humanitária a quem dela necessita.
Entretanto, prossegue a ofensiva israelita generalizada contra o enclave costeiro palestiniano, com ataques de artilharia e bombardeamentos em vários pontos do território.
Continuam os ataques israelitas
Em Khan Younis, onde a ofensiva israelita mais recente entrou no quarto dia, milhares de pessoas continuam a fugir e «sentir-se encurraladas», refere a Al Jazeera. De acordo com a Protecção Civil no território, a ofensiva israelita iniciada na segunda-feira contra a segunda maior cidade na Faixa de Gaza provocou pelo menos 129 mortos.
Desde 7 de Outubro até ontem, revelou a Wafa, a agressão israelita contra a Faixa de Gaza provocou 39 145 mortos, na sua maioria mulheres e crianças, e 90 257 feridos.
Milhares de vítimas continuam desaparecidas sob os escombros, sem que as equipas de resgate as consigam alcançar, devido aos ataques constantes das forças israelitas e à enorme quantidade de detritos acumulados.
Intensificam-se os ataques à Margem Ocidental ocupada
Esta quarta-feira, o Ministério palestiniano da Saúde informou que 589 palestinianos foram mortos na Cisjordânia ocupada desde 7 de Outubro de 2023, incluindo 142 crianças.
Os raides e os ataques em grande escala contra várias cidades – como Tulkarem, Jenin, Nablus – ocorrem a um ritmo diário, perpetrados por forças e colonos israelitas.
De 7 de Outubro até segunda-feira, o Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Unocha, na sigla em inglês) registou 1143 ataques de colonos israelitas na Margem Ocidental.
No mesmo período, foram ali detidos por Israel 9750 palestinianos, segundo revelaram organizações de defesa dos presos, como a Sociedade dos Presos Palestinianos (SPP).
Esta madrugada e manhã, foram presos mais 11, incluindo um jornalista, em raides realizados em vários pontos do território.
A Wafa precisou que quatro pessoas foram detidas em Abwein, a norte de Ramallah, e uma quinta em Silwad, também nas imediações da mesma cidade.
As forças israelitas prenderam outros cinco palestinianos em Beit Ummar (perto de al-Khalil/Hebron), bem como o jornalista Hazem Nasser em Iktaba, nos subúrbios de Tulkarem.
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