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Continuam os protestos no Equador contra as políticas neoliberais

Os protestos no país andino mantêm-se há nove dias, no âmbito da paralisação nacional convocada pela Conaie, que apresentou um caderno reivindicativo a Noboa e denuncia a repressão por parte do seu executivo.

Créditos / Conaie

Entre as reivindicações apresentadas pela Confederação das Nacionalidades Indígenas do Equador (Conaie) ao governo de Daniel Noboa, destaca-se a exigência de revogação do decreto executivo 126, que eliminou o subsídio ao gasóleo, provocando o aumento do custo de vida.

Além disso, o movimento indígena reclama a descida do IVA de 15% para 12%; o fim das concessões de exploração mineira, cuja expansão ameaça os territórios comunitários; a proibição do alargamento da exploração petrolífera na Amazónia; a libertação de 12 pessoas detidas em Otavalo, província de Imbabura, e o respeito pelo direito ao protesto.

O presidente da Conaie, Marlon Vargas, disse que a paralisação nacional vai prosseguir também para reivindicar soluções para a crise na saúde e na educação pública, e pela segurança para todos os equatorianos.

Explicando que os protestos rejeitam a consulta popular e a proposta de uma Assembleia Constituinte apresentadas pelo governo neoliberal – por não resolverem os problemas do país –, Vargas exigiu também ao executivo equatoriano o fim imediato da repressão e da violência contra os povos indígenas e os cidadãos em geral, referindo que a paralisação nacional não procura a confrontação, mas respostas concretas a exigências históricas, indica a TeleSur.

Em conferência de imprensa, esta segunda-feira, o dirigente da Conaie solicitou uma investigação internacional ao assassinato de Efraín Fueres, indígena morto pelas forças de segurança em Cotacachi (província de Imbabura), no decorrer dos protestos.

O assassinato do líder kichwa evidencia a violência exercida pelas forças destacadas pelo governo de Noboa contra as mobilizações populares, denunciou Vargas.

Os dirigentes de comunidades indígenas responsabilizaram directamente o governo e o Estado equatorianos pelas violações dos direitos humanos ocorridas ao longo das jornadas de protesto, repudiaram as políticas de Daniel Noboa e rejeitaram as tentativas de criminalizar o movimento indígena.

«Não somos terroristas, somos povos originários»

No âmbito das manifestações, que começaram no passado dia 22 de Setembro, tinham sido registados até ontem um morto, 48 feridos e mais de cem detidos, com a Conaie a declarar que não retrocede até que seja revogado o aumento do gasóleo (de 1,80 para 2,80 dólares por galão) e o governo a descartar qualquer tipo de negociação.

O movimento indígena também rejeita as acusações do governo de que os sesu membros «são terroristas ou são financiados pelas máfias do narcotráfico».

«Não somos terroristas, somos povos originários», afirmou Alberto Ainaguano, presidente da Confederação de Povos da Nacionalidade Kichwa (Ecuarunari), frisando que as «decisões de luta» são construídas colectivamente.

«Na estrutura do movimento indígena jamais decidem duas, três, quatro pessoas. Para tomar cada decisão ouvem-se os povos, as organizações, as nacionalidades», disse, citado pela TeleSur.

Por seu lado, a vice-presidente da Conaie, Ercilia Castañeda, instou o presidente Noboa a abandonar o seu «posicionamento de guerra» e a prestar atenção às reivindicações sociais, ao mesmo tempo que denunciou a «ditadura» que se vive no país sul-americano.

Esta terça-feira, representantes da Conaie compareceram na Assembleia Nacional do Equador para expor à Comissão de Garantias Constitucionais e Direitos Humanos as razões do protesto e denunciar a violência da resposta governamental.

Nesse sentido, solicitaram que fosse aberto um processo contra os ministros do Interior e da Defesa, por alegada responsabilidade na repressão das forças militares e policiais.  

Também em Quito, capital do país, organizações estudantis e sindicatos se mobilizaram contra o aumento do preço do gasóleo, bem como para denunciar a falta de medicamentos, o desemprego, a insegurança.

Entretanto, o governo diz que há militares sequestrados em comunidades indígenas, e exige a sua libertação, mas o presidente da Conaie respondeu que «isso é apenas uma invenção para entrar no território, assassinar e fuzilar».

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