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EUA vetam resolução que exige cessar-fogo e libertação dos reféns

É a sexta vez que o poder de veto dos EUA é usado para bloquear resoluções do Conselho de Segurança da ONU a apelar a um cessar-fogo em Gaza. Libertação dos reféns é desculpa esfarrapada para continuar o genocídio.

Morgan Ortagus, enviada especial dos Estados Unidos da América para o Médio Oriente, veta resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia cessar-fogo e libertação dos reféns em Gaza. 18 de Setembro de 2025 
Morgan Ortagus, enviada especial dos Estados Unidos da América para o Médio Oriente, veta resolução do Conselho de Segurança da ONU que exigia cessar-fogo e libertação dos reféns em Gaza. 18 de Setembro de 2025 Créditos / TheCradle

A resolução preparada pelos dez membros não-permanentes do Conselho de Segurança da ONU (Argélia, Dinamarca, Grécia, Guiana, Paquistão, Panamá, Coreia do Sul, Serra Leoa, Eslovénia e Somália) contou com a aprovação de 4 dos 5 membros permanentes: China, Rússia, França e Reino Unido. Ainda assim, e sem surpresas, os Estados Unidos da América usaram o seu poder de veto para bloquear a posição dos restantes 14 membros deste órgão. É a sexta vez que os EUA protegem Israel com o seu veto desde o início do massacre em Gaza.

O documento, votado na quinta-feira (18 de Setembro), exigia um «cessar-fogo imediato, incondicional e permanente em Gaza, respeitado por todas as partes», assim como a libertação de todos os reféns. Israel seria igualmente obrigada a levantar todas «as restrições à ajuda humanitária em Gaza» que tem aplicado nos últimos anos.

A ausência de um argumento credível por parte dos Estados Unidos fez-se notar na resposta pré-fabricada da sua representante, Morgan Ortagus (diplomata da missão dos EUA na ONU), que ignorou completamente as reivindicações contidas na resolução e repetiu os mesmos velhos bordões. Segundo os EUA, o documento «não condena o Hamas nem reconhece o direito de Israel a defender-se, legitimando erroneamente as narrativas falsas que beneficiam o Hamas e que, infelizmente, ganharam força neste conselho».

A exigência de libertação dos reféns, como fica demonstrado (se o assassinato de vários destes cidadãos israelitas às mãos do seu próprio exército não era ainda confirmação suficiente), nunca passou de uma desculpa esfarrapada usada na opinião pública para tentar justificar o genocídio.

Danny Danon, embaixador de Israel na ONU, agradeceu publicamente, no final da sessão, a protecção e cobertura dos EUA ao massacre que estão a levar a cabo. O representante israelita explicou aos presentes que o seu país «não precisa de uma justificação» para continuar a assassinar milhares de civis, homens, mulheres e crianças.

Um dos relatores, Amar Bendjama, representante da Argélia, pediu perdão ao povo palestiniano por mais um estrondoso falhanço dos esforços diplomáticos internacionais. Ainda que Israel já tenha assassinado mais de 67 mil pessoas (confirmadas, a ONU estima que o número real já chegue às centenas de milhares), o país continua a ser «imune», não por causa do que está definido no direito internacional mas por um tremendo «preconceito do sistema internacional», dominado pelo conivente mundo ocidental.

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