Entre os signatários do apelo encontram-se responsáveis da Oxfam, Save the Children, Islamic Relief, Médicos sem Fronteiras ou Conselho Norueguês para os Refugiados, que solicitam a intervenção dos governos «para impedir a destruição da vida na Faixa de Gaza».
O documento, emitido esta quarta-feira, segue-se à conclusão, por parte de uma comissão independente das Nações Unidas, de que Israel está a cometer genocídio no território devastado.
Com cerca de 65 mil palestinianos mortos pelas forças de ocupação no enclave – incluindo mais de 20 mil crianças – e muitos outros milhares desaparecidos sob os escombros, as organizações alertam para situação na Cidade de Gaza, depois da ordem de evacuação em massa lançada por Israel.
Ali, quase um milhão de pessoas estão agora «à beira de um período ainda mais mortífero na história de Gaza, se não forem tomadas medidas», afirmam os grupos de ajuda na declaração conjunta, avisando que o território palestiniano foi tornado «deliberadamente inabitável».
Alertas foram ignorados
«Enquanto líderes humanitários, testemunhámos directamente as mortes horrendas e o sofrimento do povo de Gaza. Os nossos alertas foram ignorados e milhares de vidas ainda estão em risco», afirmam.
«Mais de meio milhão de pessoas estão a morrer à fome», que foi oficialmente declarada e se está a espalhar. «O impacto cumulativo da fome e da privação física significa que as pessoas estão a morrer todos os dias», denunciam.
«Se os factos e os números não bastarem, temos histórias angustiantes uma atrás da outra», declaram os responsáveis das organizações, que destacam os efeitos do cerco israelita prolongado, «bloqueando o acesso a alimentos, combustível e medicamentos», e impondo a fome à população.
Apesar de todas as evidências e horrores bem documentados, «os líderes mundiais não agem. Os factos são ignorados. Os testemunhos são descartados. E mais pessoas são mortas como consequência directa», acusam os signatários.
«Os estados devem utilizar todas as ferramentas políticas, económicas e jurídicas disponíveis para intervir. A retórica e as meias medidas não chegam. Este momento exige uma acção decisiva», declaram as organizações humanitárias.
«A história julgará, sem dúvida, este momento como um teste de humanidade. E estamos a falhar», frisa o documento.
Autoridades de saúde confirmam mais mortes
O Ministério da Saúde em Gaza revelou esta quinta-feira que desde o início da agressão israelita, em Outubro de 2023, pelo menos 65 062 palestinianos foram mortos e 165 925 ficaram feridos.
O Ministério, citado pela Wafa, também registou, ao início da tarde de ontem, quatro mortes «devido à fome e à má-nutrição» nas 24 horas anteriores, incluindo a de uma criança.
Em comunicado, a tutela indica que o número de mortes nestas circunstâncias subiu para 435 – 147 das quais referentes a crianças.
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