|Imperialismo

Ampla condenação à agressão norte-americana ao Irão

Dos EUA à Índia, passando pela ONU, foram muitas as vozes que se fizeram ouvir contra os bombardeamentos decretados por Trump contra instalações nucleares iranianas, este domingo.

Protesto em Nova Iorque, a 18 de Junho de 2025, contra a guerra contra o Irão Créditos / MEE

Numa declaração emitida ontem, o Ministério dos Negócios Estrangeiros do país visado condenou o bombardeamento do Pentágono às «instalações nucleares pacíficas» de Fordow, Ispaão (Esfahan) e Natanz.

Sublinhando que se trata de uma «violação flagrante» dos princípios da Carta das Nações Unidas e do direito internacional, o texto responsabiliza Washington pelas «consequências extremamente perigosas deste grave crime».

Antes, já o responsável da tutela havia declarado que o país asiático tinha o direito a defender a sua soberania, interesses e povo.

As declarações seguem-se aos ataques lançados pelo Pentágono na madrugada de domingo contra as instalações de Fordow, Ispaão (Esfahan) e Natanz – uma operação que marca a «adesão oficial» dos EUA à agressão lançada por Israel, a 13 de Junho último, contra o país persa.

Answer Coalition: «Não à guerra contra o Irão»

Nos EUA, a Answer Coalition declarou que «o bombardeamento não provocado a instalações nucleares iranianas por Trump é um crime de guerra flagrante».

Para a organização anti-imperialista, a acção «viola a Carta das Nações Unidas, o direito internacional e a Constituição dos EUA», e «ameaça desencadear uma guerra regional ou mesmo mundial» com «consequências catastróficas».

Convocadas pela Answer Coalition em conjunto com outras organizações, foram anunciadas múltiplas mobilizações nos EUA para este domingo – porque, refere o texto, o «povo norte-americano e [os povos] do mundo rejeitam esta nova guerra de agressão» e porque «este é o momento crucial para dizer NÃO a mais uma guerra para "refazer" o Médio Oriente e roubar os vastos recursos naturais da região».

«O povo dos Estados Unidos quer mais financiamento para a saúde, educação e infra-estruturas», sublinha a organização, que exige o «fim imediato dos ataques dos EUA e de Israel ao Irão e à sua soberania».

ONU, governos de Cuba e Venezuela alertam para ameaça à paz

O secretário-geral da ONU, António Guterres, mostrou-se «profundamente alarmado» com a agressão dos EUA ao Irão, sublinhando que «se trata de uma perigosa escalada numa região já à beira do abismo e uma ameaça directa à paz e à segurança internacional».

Citado pela Prensa Latina, Guterres considerou «fundamental evitar uma espiral de caos», afirmando que «a única via possível é a diplomacia» e «a única esperança é a paz».

O governo venezuelano, através de um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros, classificou o bombardeamento decretado por Donald Trump como «uma agressão ilegal, injustificável e extremamente perigosa», que viola a Carta das Nações Unidas e é «uma ameaça directa à paz internacional».

Expressando a sua solidariedade ao povo iraniano, Caracas exigiu o fim imediato das hostilidades na região».

Da parte de Cuba, Bruno Rodríguez, ministro dos Negócios Estrangeiros, classificou a agressão directa dos EUA ao Irão como um acto «criminoso» e «irresponsável», que viola o direito internacional e tem «consequências incalculáveis».

Também na sua conta de Twitter (X), o chefe de Estado, Miguel Díaz-Canel, pronunciou-se no mesmo sentido, tendo-se referido aos bombardeamentos norte-americanos como uma «perigosa escalada do conflito no Médio Oriente».

Ataque para manter hegemonia imperialista e servir interesses do complexo militar

Na Índia, os partidos de esquerda emitiram uma declaração conjunta, este domingo, em solidariedade com o Irão e contra o bombardeamento decretado por Trump a instalações nucleares no seu território, em aliança com Israel.

O comunicado, divulgado no Twitter (X) e subscrito pelo Partido Comunista da Índia (Marxista) e mais quatro partidos, sublinha que o ataque irá «desestabilizar a Ásia ocidental e terá sérias repercussões económicas».

Em seu entender, o eixo EUA-Israel pretende impor a guerra ao Irão e a toda a região do Médio Oriente, e deixa em evidência que «a sua verdadeira intenção é destruir o Irão, estabelecer a hegemonia imperialista no Médio Oriente e controlar o fluxo mundial de recursos».

Também sublinham que o ataque se destina a servir os interesses do complexo militar-industrial, «permitindo ao capital internacional sair da crise prolongada».

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