Monitorizar ilegalmente civis, políticos, jornalistas e membros do judiciário além de produzir dossiers falsos e disseminar desinformação para beneficiar um «núcleo político». Eram estas algumas das tarefas da «Abin Paralela», que desviou recursos em prol dos interesses da família Bolsonaro, de acordo com um inquérito da Polícia Federal, tornado agora público por decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal do Brasil, Alexandre de Moraes.
O inquérito relata que o desvio de recursos humanos, tecnológicos e financeiros aconteceram entre 2018 e 2021 sob a responsabilidade da alta gestão da agência em pelo menos cinco núcleos de comando: do núcleo político com o ex-presidente Jair Bolsonaro e o seu filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, passando pelo núcleo da estrutura e gestão da organização paralela, até o núcleo para a criação de notícias falsas e campanhas de desinformação nas redes sociais.
Foram várias as pessoas alvo de monitorização através do uso ilegal do sistema de geolocalização First Mile, como o próprio ministro Alexandre de Moraes, o presidente do Supremo Tribunal Luís Roberto Barroso e seus familiares, os ex-presidentes da Câmara dos Deputados e os senadores mais proeminentes durante a comissão parlamentar de inquérito que investigou a actuação do Governo Bolsonaro à resposta à covid-19. Órgãos de Estado, como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a Receita Federal e as polícias federal e civil do Rio de Janeiro também foram alvo de espionagem.
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